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Ibovespa tem leve alta com exterior, mas risco fiscal segue no radar

Auxílio Brasil fora do teto de gastos continua a preocupar mercado; dólar recua com ambiente positivo no exterior

Painel de cotações na B3 (Germano Lüders/Exame)
BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 20 de outubro de 2021 às 09h07.

Última atualização em 20 de outubro de 2021 às 16h28.

Em dia de volatilidade na bolsa brasileira, o Ibovespa registra leve alta de 0,43% às 16h26 desta quarta-feira, 20, chegando aos 111.153 pontos após o forte tombo de 3,3% da véspera. Pela manhã, o principal índice da B3 oscilou entre altas e baixas em meio à percepção de piora dos riscos ficais do país, mas se firma no campo positivo, com ajuda do mercado internacional . Nos Estados Unidos, o Dow Jones e S&P 500  operam em alta, refletindo resultados corporativos melhores do que os esperados. Já o dólarsegue o movimento de alívio no exterior e cai 0,91%, a 5,543 reais.

Ontem, o dólar disparou ao maior nível desde abril após a notícia de que parte do Auxílio Brasil, novo programa social do governo, seria pago fora do teto de gastos. Se fosse aprovado desta forma, o valor ‘extrateto’ ficaria em torno de 30 bilhões de reais.

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Após a repercussão negativa, o Ministério da Cidadania cancelou o evento de lançamento do Auxílio Brasil, sem especificar uma nova data para anunciar o programa.

No fim da manhã desta quarta, o dólar ampliou a baixa após Jair Bolsonaro afirmar que o novo Auxílio Brasil de 400 vai respeitar o teto e que o governo não vai fazer loucuras com o orçamento. Ainda assim, o presidente não detalhou como o programa será custeado.

Por hora os ativos se recuperam, mas as preocupações continuam no radar, principalmente na curva de juros. Os juros futuros, que dispararam mais de 50 pontos-base na véspera, se estabilizam depois de subir mais 10 pontos-base na manhã desta quarta.

A curva de juros, a propósito, já começa a precificar uma alta de 1,25 ponto percentual da taxa básica de juros da economia, a Selic, para responder a um cenário com maior risco.

Reforçando os temores, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, admitiu na tarde de ontem que o BC pode adotar uma política monetária mais contracionista (com juros mais altos) caso a questão fiscal piore no Brasil. A próxima reunião do Copom será na próxima semana, com a decisão de juros sendo divulgada na quarta-feira.

Investidores também ficam de olho no relatório final da CPI da Covid, que será apresentado hoje. O documento deve pedir o indiciamento de pessoas supostamente envolvidas em crimes na gestão da pandemia de covid-19, inclusive do presidente Jair Bolsonaro. A votação está prevista para a próxima terça-feira, 26.

No exterior, as bolsas internacionais operam em alta, com os bons resultados da temporada de balanços nos Estados Unidos amenizando os temores de estagflação -- movimento que combina inflação alta com crescimento estagnado.

Destaques de ações

Entre as ações com maior peso do índice, os bancos se destacam nas altas com a perspectiva de uma alta mais forte dos juros. Bradesco (BBDC4) sobe 2,77%,enquanto Banco do Brasil (BBAS3) avança 1,86%, Itaú (ITUB4),2,18% e . Santander (SANB11), 2,46%. Entre os bancos digitais, o Inter (BIDI11 ) avança 5,29%, liderando as altas do Ibovespa. .

Ações que foram penalizadas no último pregão também se recuperam. B3 (B3SA3) e Cielo (CIEL3) figuram entre as maiores altas, subindo 4,55% e 2,53%, respectivamente, após registrarem respectivas quedas de 3,1% e 9,89% na véspera.

Na ponta negativa do índice estão papéis relacionados ao consumo, que sofrem com juros mais altos. Méliuz (CASH3) cai 3,61%, enquanto Magazine Luiza (MGLU3) e Grupo Soma (SOMA3) têm baixas de 2,62% e 2,33%.

Dia de queda também para as ações ligadas ao minério de ferro, que apresentou uma alta mais fraca nesta quarta-feira, de 0,02%. Usiminas (USIM5) cai 3,85%, enquanto a Vale (VALE3), ação com maior participação no Ibovespa, recua 3%.

No caso da Vale, as ações recuam após a companhia divulgar seu relatório de produção do terceiro trimestre. A produção de minério de ferro atingiu 89,4 milhões de toneladas no período, alta anual de 0,8%, acima da estimativa do consenso de 87,3 milhões de toneladas.

Apesar do número positivo, o preço do minério vem caindo com a queda da demanda chinesa, o que pode impactar os resultados da Vale no 4º trimestre. “O relatório aponta a expectativa de números de produção e vendas mais contidos para 2022, conferindo um viés baixista aos nossos números, que serão alvos de revisão após os resultados do 3T21”, afirma Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.

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