Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 10 de novembro de 2021 às 18h18.
Última atualização em 10 de novembro de 2021 às 18h27.
O Ibovespa fechou em alta de 0,41%, a 105.968 pontos, nesta quarta-feira, 10, refletindo a aprovação da PEC dos Precatórios pela Câmara dos Deputados. O movimento foi na contramão das bolsas de Nova York, que caíram, após dados de inflação terem saído acima das expectativas no Estados Unidos, alimentando as apostas de altas de juros em 2022. Por aqui, o Índice de Preço ao Consumidor Amplo, o IPCA, também se mostrou mais forte que o esperado, chegando a pressionar a curva de juros curta, mas com efeito limitado no mercado de ações.
“A PEC diminui o espaço para maiores gastos públicos tanto nesse ano quanto no ano que vem. Isso ajuda o mercado interno, trazendo uma continuação da correção do Ibovespa observada ontem, ignorando as quedas no exterior”, afirma Matheus Jaconeli, economista da Nova Futura Investimentos.
A princípio, bastante criticada por driblar o teto de gastos, a proposta agora é vista pelo mercado como a ‘menos prejudicial’ para as contas públicas entre as opções apresentadas pelo governo. A PEC ainda deve passar pelo Senado, mas investidores já estão otimistas com o andamento de outras pautas econômicas que podem ser destravadas após a aprovação total da proposta.
Apesar do fechamento positivo, o pregão iniciou entre altas e baixas do Ibovespa, com investidores repercutindo o recém-divulgado IPCA de outubro. No mês, o principal indicador de inflação do país registrou alta de 1,25%, atingindo 10,67% no acumulado de 12 meses. A variação foi a a maior para um mês de outubro desde 2012.
O resultado aumenta a pressão para que o Banco Central implemente altas mais fortes na taxa básica de juros, a Selic, que atualmente está em 7,75% ao ano. A perspectiva impulsiona as ações dos grandes bancos, que foram o principal suporte para a alta do Ibovespa nesta quarta.
Nos Estados Unidos, o Índice de Preço ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,9% no mês passado, sob expectativa de alta mensal de 0,6%, com a inflação acumulada de 12 meses passando de 5,4% para 6,2% -- o maior avanço anual desde novembro de 1990. Em Wall Street, os índices S&P 500 e Dow Jones registraram respectivas quedas de 0,81% e 0,66%. O Nasdaq, índice de tecnologia que costuma ser mais afetado pelas perspectivas de contração monetária, teve sua maior queda em um mês, recuando 1,66%. No Brasil, o dólar acompanhou o tom negativo do mercado internacional e fechou em alta de 0,21%, a 5,5024 reais.
A perspectiva de juros mais altos, com os dados de inflação saindo mais fortes, ajudou as ações dos grandes bancos, que foram o principal suporte para o Ibovespa. Entre eles, o Bradesco (BDDC4) teve o melhor desempenho da sessão, subindo 5,65% e encerrando na liderança do Ibovespa. Itaú (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (SANB11) avançaram 2,53%, 4,59% e 3,97%, respectivamente.
Na vice-liderança ficaram as ações da Petz (PETZ3), que subiram 5,09%, após a empresa anunciar uma nova oferta de ações (follow-on) de 41 milhões de ações, que pode movimentar mais de 800 milhões de reais. A empresa também esteve entre as maiores altas da sessão anterior, refletindo o resultado do terceiro trimestre e o anúncio de que a companhia abrirá 50 novas lojas no ano que vem.
Nesta quarta, foi a vez dos papéis da MRV (MRVE3) refletirem o desempenho operacional da empresa, que divulgou resultado na última noite. No terceiro trimestre, a MRV teve lucro de 165 milhões de reais, 17,5% acima do registrado no mesmo período do ano passado.
Na ponta oposta, as ações da Braskem (BRKM5) fecharam em queda de 11,88% mesmo após reverter prejuízo em seu resultado do terceiro trimestre. A petroquímica teve lucro líquido de 3,537 bilhões de reais no terceiro trimestre, ante prejuízo de 1,41 bilhão em igual etapa de 2020. A Via (VIIA3), que divulga resultado nesta noite, caiu 6,5%, corrigindo os ganhos da sessão anterior, quando esteve entre as maiores altas.