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Ibovespa hoje: inflação nos EUA e queda da Vale (VALE3) levam índice à mínima desde 2020

Índice de Preço ao Produtor dos EUA supera o esperado e alimenta aposta de aperto mais duro do Fed

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 14 de julho de 2022 às 10h33.

Última atualização em 14 de julho de 2022 às 18h25.

O Ibovespa caiu para o menor patamar desde novembro de 2020 nesta quinta-feira, 14, seguindo as perdas do mercado internacional em meio à preocupação cada vez maior sobre o nível da inflação americana – que está no maior patamar em 40 anos. 

  • Ibovespa: - 1,80%, 96.120 pontos

Na mínima, o índice chegou a recuar para a marca dos 95 mil pontos. 

O impulso negativo veio do exterior. Nesta quinta, um dos indicadores de inflação do país, o Índice de Preço ao Produtor americano (PPI, na sigla em inglês), caiu acima do esperado. 

O índice superou as estimativas do mercado, ficando em 1,1% para o mês de junho, ante consenso de alta de 0,8%. Já o PPI de 12 meses voltou a acelerar, de 10,9% (revisado de 10,7%) em maio, para 11,3% de junho.

O dado foi divulgado na sequência de outra surpresa negativa. O Índice de Preço ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, divulgado na véspera, saiu em 9,1% no acumulado de 12 meses, superando as estimativas já elevadas do mercado.

Os resultados alimentam as apostas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) terá que subir o juro americano em 1 ponto percentual na reunião do fim deste mês.

A alta de 1 p.p., ainda mais forte do que a anterior, de 0,75 p.p., levaria a taxa básica de juros americana para o intervalo de 2,5% e 2,75%. A probabilidade de que a dose de 1 p.p. seja necessária saltou na véspera para acima de 80%, segundo o monitor do CME Group, tornando este o novo consenso do mercado. 

As bolsas americanas reagem negativamente à possibilidade de aperto no ciclo monetário. Além de tirar a atratividade da renda variável, as altas aumentam a possibilidade de recessão na economia do país.

Os índices, no entanto, reduziram as perdas após declarações do membro do conselho do Fed, Christopher Waller, indicando que uma alta de 0,75 p.p. dos juros na próxima reunião segue sendo o cenário base.

  • Dow Jones (Nova York): - 0,46%
  • S&P 500 (Nova York): - 0,30%
  • Nasdaq (Nova York): + 0,03%

No câmbio, inflação e juros mais altos nos Estados Unidos têm se traduzido em uma corrida em direção ao dólar.

A moeda americana se valorizou novamente frente ao real, com o dólar sendo negociado no maior patamar desde janeiro. Na máxima, o dólar chegou a operar acima de R$ 5,47.

  • Dólar: + 0,51% R$ 5,433

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Ações em destaque da bolsa

A maior pressão negativa do Ibovespa veio das ações da Vale (VALE3), que desabaram mais de 6%, sentindo o peso da desvalorização do minério de ferro. Além das preocupações sobre a desaceleração global, o metal também vem sofrendo com a volta de restrições para conter o coronavírus na China, seu maior consumidor.

Os papéis da mineradora – que, sozinhos, representam 15% da carteira teórica do índice – hoje ficaram com o pior resultado do Ibovespa. A Bradespar (BRAP4), holding do que tem grande participação na Vale, acompanhou as perdas, assim como as siderúrgicas.

Entre as maiores quedas ainda estiveram os papéis da incorporadora Cyrela (CYRE3), que divulgou prévia operacional do segundo trimestre na última noite. A companhia lançou 13 projetos no segundo trimestre, com valor geral de vendas de R$ 2,33 bilhões, alta de 23% frente à mesma janela do ano anterior. O resultado foi bem recebido por analistas, que reiteraram a recomendação de compra. No mercado, no entanto, as ações caíram quase 6%.

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