Ibovespa fecha primeiro pregão de 2021 em queda e perde os 119 mil pontos
Preocupações sobre novas medidas para conter segunda onda de coronavírus impõem cautela no mercado; dólar encerra em alta de 1,53%
Guilherme Guilherme
Publicado em 4 de janeiro de 2021 às 10h34.
Última atualização em 4 de janeiro de 2021 às 18h17.
Depois de bater nova máxima histórica intradiária e superar os 120.000 pontos logo nos primeiros minutos de negociação desta segunda-feira, 4, o Ibovespa entrou no terreno negativo durante a tarde e encerrou o dia abaixo da marca dos 119.000 pontos. Movimento semelhante ocorreu também no mercado americano, onde os principais índices renovaram máximas intradia no início da sessão, mas desabaram com o aumento das preocupações quanto à segunda onda da pandemia.O Ibovespa encerrou o primeiro pregão do ano em queda de 0,14%, aos 118.854 pontos.
"O otimismo acabou sendo apagado devido ao receio de que restrições mais severas prejudiquem a retomada econômica esperada, com efeitos já no curto prazo", afirma Stefany Oliveira, analista da Toro Investimentos. No Brasil, as principais ações prejudicadas foram algumas das mais afetadas pelo fechamento das economias, como empresas aéreas e shopping centers. Confira os principais destaques de açõesaqui.
A analista ressalta ainda o alto número de hospitalizações nos Estados Unidos. Segundo o Wall Street Journal, foram registradas 125.544 hospitalizações no domingo, enquanto os novos casos superaram os 210.000.O mercado também aguarda com preocupação as eleições no estado da Geórgia que podem dar o controle do Senado aos democratas.
Diante das incertezas, os três principais índices americanos desabaram mais de 1%. O Dow Jones recuou 1,25%, o S&P500 fechou em queda de 1,48% e o Nasdaq caiu 1,47%.
Embora algumas das principais bolsas da Ásia tenham renovado o recorde nesta segunda-feira, como a da China e da Coreia do Sul, os temores sobre a segunda onda de coronavírus já haviam atingido o mercado japonês, que fechou em queda,tendo no radar a possibilidade de o governo local decretar estado de emergência para conter a segunda onda de coronavírus.
O mau humor também chegou ao mercado de câmbio, com o dólar se valorizar frente a moedas emergentes. Contra o real, a divisa americana chegou a cair mais de 1% no início do dia, mas terminou a segunda-feira avançando 1,53%, negociada a 5,268 reais. A valorização percentual foi a maior desde 14 de dezembro passado, quando o dólar saltou 1,57%.
Gustavo Bertotti, economista da Messem, destaca que as preocupações sobre uma segunda onda de coronavírus no Brasil são ainda mais graves considerando as dúvidas sobre a condução que o governo faz da crise. "Nossoplano de vacinação está atrasado em relação aos de outros países. O mercado espera que o PIB cresça 3,4% neste ano, mas isso depende da retomada econômica do primeiro trimestre -- e a vacinação é extremamente importante para que o Brasil chegue lá", afirma.
Embora o avanço da covid-19 siga como um ponto de cautela no mercado, as esperanças de que a vacina termine com a maior pandemia em um século aumentam conforme novos planos de vacinação são iniciados, ao menos na Europa. Nesta segunda-feira, o Reino Unido, que já havia dado início às vacinações com a vacina da Pfizer, se tornou o primeiro país a utilizar a vacina da AstraZeneca/Oxford. Com a maior alta entre as bolsas europeias, o índice londrino FTSE 100 fechou em alta de 1,72%. Já o índice pan-europeu Stoxx 600 subiu 0,72%.
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Parte do movimento se deu também em função dos índices de gerente de compras (PMIs, na sigla em inglês). Isso porque os resultados vieram majoritariamente acima da linha dos 50 pontos, que divide o campo da expansão do da contração da atividade econômica.Na Zona do Euro, o PMI industrial de dezembro ficou em 55,2 pontos, enquanto no Reino Unido e na Alemanha, o mesmo indicador ficou em 57,5 pontos e 58,3 pontos.