Ibovespa fecha perto da estabilidade com reforma e variante Delta no radar
Investidores seguem digerindo segunda parte da reforma tributária, que prevê tributação sobre dividendos
Beatriz Quesada
Publicado em 28 de junho de 2021 às 17h26.
Última atualização em 28 de junho de 2021 às 18h24.
O Ibovespa fechou o pregão próximo à estabilidade com investidores ainda digerindo a segunda fase da reforma tributária e atentos às novas restrições na Europa para conter a variante Delta da covid-19. Por lá, o índice pan-europeu STOXX 600 caiu 0,59% nesta segunda-feira, 28. No Brasil, o principal índice da B3 operou a maior parte do dia em queda, mas virou para alta no final do pregão e subiu 0,14%, para 127.429 pontos.
As ações de grandes bancos foram as que exerceram maior pressão negativa sobre o Ibovespa, uma vez que representam quase 15% do índice. A ação com maior peso do setor é a do Itaú (ITUB4), que caiu 1,14%. Bradesco (BBDC3/BBDC4) registrou quedas de 0,76% e 0,49%, enquanto Santander (SANB11) e Banco do Brasil (BBAS3) recuaram 1,12% e 0,76%, respectivamente.
O movimento ocorreu após a proposta de taxação de dividendos, incluída na segunda parte da reforma tributária, apresentada na sexta-feira, 25. Isso porque o setor tem tradição de pagamento de juros sobre capital próprio, e a proposta de reforma prevê o fim do benefício fiscal gerado por esse pagamento.
Outra proposta da reforma que vinha impactando negativamente a bolsa era a possível criação de um imposto de 20% sobre dividendos. Quanto a isso, o presidente da Câmara, Arthur Lira, disse ao Valor que o projeto de lei da reforma tributária é apenas o "ponto de partida" das discussões e que o Congresso não tem intenção de aprovar nada que signifique aumento da carga tributária.
Em variação, os maiores destaques negativos ficaram com os papéis do setor de shoppings, com Iguatemi (IGTA3) e JHSF (JHSF3) caindo 2,62% e 2,11%, respectivamente. Já a BrMalls (BRML3) registrou queda de 1,98%. O setor reagiu aos temores de uma onda de contaminação no mundo causada pela variante Delta, que pode levar a novas restrições de circulação.
No campo positivo, os papéis da Ambipar (AMBP3) dispararam 8,63%, após a empresa ter anunciado a compra da Disal Ambiental Holding, que atua no tratamento e coleta de sólidos e líquidos perigosos há 40 anos no Chile, Peru e Paraguai.
Ações de tecnologia figuraram entre as maiores altas, com Locaweb (LWSA3) avançando 2,93%, enquanto a Totvs (TOTS3) subiu 2,04%. O movimento ocorreu em linha com o observado nos Estados Unidos, onde o índice de tecnologia Nasdaq subiu 0,98% na contramão da queda de 0,44% do Dow Jones .
O maior destaque positivo do pregão, no entanto, foram os papéis da CVC (CVCB3), que subiram 3,62%, após recomendação de compra por parte do Bank of America. Analistas do banco veem potencial de alta de 17% em relação ao preço do último fechamento.
Já as ações do BTG Pactual ( BPAC11, do mesmo grupo controlador da EXAME) avançaram 3,12%, após a definição da data para desdobramento das units. Os papéis do banco, a propósito, têm o preço mais alto entre os componentes do índice, sendo negociados por cerca de 120 reais cada.
Maiores altas | Maiores quedas | |||||
CVC | CVCB3 | 3,62% | Iguatemi | IGTA3 | -2,62% | |
Qualicorp | QUAL3 | 3,34% | JHSF | JHSF3 | -2,11% | |
BTG Pactual | BPAC11 | 4,48% | BrMalls | BRML3 | -1,98% |