Ibovespa perde força após protesto em Brasília, mas fecha em alta
Na véspera, o governo conseguiu impor um dia de votações no Congresso Nacional de forma a passar um ar de normalidade
Reuters
Publicado em 24 de maio de 2017 às 18h36.
Última atualização em 24 de maio de 2017 às 18h39.
São Paulo - O principal índice da Bovespa fechou em alta nesta quarta-feira, guiado pela tentativa do governo de dar continuidade à agenda de reformas, mas perdeu força durante os ajustes diante dos confrontos violentos que levaram o presidente Michel Temer a autorizar o uso de Forças Armadas em Brasília.
O Ibovespa fechou em alta de 0,95 por cento, a 63.257 pontos. Antes do ajuste, os dados indicavam fechamento em alta de 1,26 por cento.
O volume financeiro do pregão foi de 9,55 bilhões de reais, acima da média diária para o ano até a véspera, de 8,41 bilhões de reais, mas inferior à média diária em maio até o dia anterior, de 10,16 bilhões de reais, número inflado desde a mais recente crise política.
Na véspera, o governo conseguiu, apesar de protestos da oposição, impor um dia de votações no Congresso Nacional de forma a passar um ar de normalidade no Legislativo, com o Senado aprovando três medidas provisórias no início da noite. Na Câmara, foi aprovado o texto-base da MP que autoriza o saque de contas inativas do FGTS e eleva a remuneração das contas do fundo.
"O mercado está olhando muito para o Congresso e está enxergando uma possibilidade das reformas avançarem e isso está fazendo esse movimento de correção", disse o gestor de recursos da Mapfre Investimentos Thiago Souza.
No entanto, o tom de cautela ainda permanece em meio às turbulências que afetaram o centro do Planalto após a divulgação de gravação entre um dos sócios do JBS e Temer.
"O que vai fazer o mercado se mover para novo patamar, seja de alta ou de baixa, vai ser o desenrolar dessa crise política", acrescentou Souza.
Destaques
- JBS ON subiu 2,29 por cento, em uma sessão volátil e novamente marcada por alguns leilões para o papel ao longo do pregão. A ação foi de queda de 4,21 por cento na mínima do dia a alta de 3,31 por cento no melhor momento. Investidores seguem preocupados com a governança da empresa em meio a delações de executivos em processos sobre corrupção e lavagem de dinheiro. Entre as notícias mais recentes, fontes disseram à Reuters que a JBS e a família controladora da empresa conversaram com o Bradesco BBI para trabalhar em um plano para a venda de ativos.
- RUMO ON avançou 7,26 por cento, em sessão de queda nas taxas de juros futuros e com retomada nas apostas de cortes maiores da taxa básica de juros.
- ELETROBRAS PNB subiu 7,83 por cento e ELETROBRAS ON ganhou 6,66 por cento, ainda repercutindo o plano de aposentadoria voluntária para funcionários da holding e suas subsidiárias. Além disso, segundo operadores, a perspectiva de manutenção dos postos centrais do governo, apesar da crise no Planalto, também ajudou os papéis da empresa na sessão.
- QUALICORP ON avançou 1,98 por cento, após o Bradesco BBI elevar a recomendação para os papéis da empresa administradora de planos de saúde para "outperform" e elevar o preço-alvo para 33 reais.
- PETROBRAS PN subiu 3,34 por cento e PETROBRAS ON avançou 2,7 por cento, tendo os planos de financiamento da empresa no radar. Na véspera, a petrolífera informou o resgate antecipado de títulos com vencimento previsto para 2018, no valor somado de cerca de 1,8 bilhão de dólares, que será pago com recursos captados pela empresa em recente emissão de títulos.
- VALE PNA caiu 2,07 por cento e VALE ON teve baixa de 2,62 por cento, em sessão de perdas para os futuros do minério de ferro na China, que tiveram o maior tombo diário em mais de duas semanas após a Moody's rebaixar a nota de crédito da China e em meio a preocupações com os estoques no nível mais alto em pelo menos 13 anos.
- ALPARGATAS PN, que não faz parte do Ibovespa, avançou 5,16 por cento. A empresa informou na véspera a renúncia de seu chairman, Vincent Trius, e de Joesley Batista como membros do conselho de administração e a desistência de assembleia sobre migração para o Novo Mercado.