Ibovespa sobe com expectativa para safra de balanços e desfecho de eleição
Índice foi impulsionado pelo forte avanço da mineradora Vale, com agentes financeiros atentos ao começo da temporada de resultados nesta semana
Reuters
Publicado em 22 de outubro de 2018 às 17h35.
Última atualização em 22 de outubro de 2018 às 17h41.
São Paulo - O Ibovespa fechou em alta nesta segunda-feira, 22, puxado pelo forte avanço dos papéis da mineradora Vale , com agentes financeiros atentos ao começo da temporada de resultados nesta semana e na expectativa do desfecho do segundo turno da disputa presidencial no domingo.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa avançou 1,63 por cento, a 85.596,69 pontos. O volume financeiro somou 11,7 bilhões de reais.
A safra de balanços das companhias listadas no Ibovespa começa na quarta-feira, com Fibria, Localiza , Vale, Via Varejo e WEG . A expectativa no mercado é de números sólidos, em particular de empresas de commodities.
A equipe do BTG Pactual afirmou em nota a clientes ter uma visão positiva para o período, principalmente ante o segundo trimestre, que foi marcado por eventos atípicos. Mas disse não ver grandes oportunidades de negócios em papéis de grande liquidez, pois o mercado já precificou uma boa recuperação.
Na cena política, o mercado já tem como praticamente certa a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno da eleição presidencial contra Fernando Haddad (PT), voltando o foco para notícias sobre o viés do novo governo, bem como potenciais escolhas para compor a equipe.
"O Ibovespa voltou a fechar acima de 85 mil pontos com ações refletindo cenário com Jair Bolsonaro vitorioso nas eleições e atenção nas primeiras sinalizações sobre o novo governo com instruções mais liberais", disse o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos.
Em relatório semanal sobre a alocação de ativos, a gestora de recursos Icatu Vanguarda destacou que, embora existam algumas dicotomias e ainda seja necessário mais visibilidade, a sinalização da equipe econômica de Bolsonaro continua no sentido de uma "agenda positiva".
"Acreditamos que existe realmente uma disposição de implementar uma agenda econômica que agrade ao mercado e, dada a configuração atual do Congresso, existe uma possibilidade real e concreta dessa agenda ser aprovada. Assim, o viés no que tange a esse aspecto é positivo no curto-prazo", afirmou.
Da agenda de pesquisas, sondagens BTG Pactual/FSB e CNT/MDA conhecidas nesta sessão endossaram as apostas no mercado sobre uma vitória de Bolsonaro.
Chinchila também chamou a atenção para o desempenho positivo das bolsas chinesas, após o presidente Xi Jinping prometer apoio a empresas não estatais, enquanto o governo anunciou plano para aliviar carga tributária.
Em Wall Street, a segunda-feira começou com ganhos, mas o fôlego arrefeceu e os pregões fecharam sem uma tendência única.
DESTAQUES
- VALE fechou em alta de 3,25 por cento, em sessão de alta dos futuros do minério de ferro na China e tendo no radar que o fundo de pensão Previ, um dos maiores acionistas da mineradora, não pretende vender suas ações da Vale antes do fim do ano. Analistas também estão na expectativa do balanço da empresa após produção recorde no terceiro trimestre.
- USIMINAS PNA saltou 7,73 por cento, liderando os ganhos do setor siderúrgico no Ibovespa, dado o seu beta (medida de risco) mais elevado em meio ao noticiário favorável ao aço - alta de preços e redução de capacidade na China. GERDAU PN, que teve recomendação de compra reforçada pelo BTG Pactual, subiu 4,5 por cento. CSN avançou 2,04 por cento.
- PETROBRAS PN subiu 2,35 por cento, apesar da falta de tendência nos preços do petróleo, conforme o papel segue suscetível às apostas sobre o cenário eleitoral. A petrolífera de controle estatal também informou que a holandesa SBM Offshore restituiu 549 milhões de reais à Petrobras como parte de acordo de leniência.
- ITAÚ UNIBANCO PN avançou 1,46 por cento, com o setor também sensível à cena eleitoral. BRADESCO PN subiu 1,22 por cento, SANTANDER BRASIL UNIT valorizou-se 2,75 por cento e BANCO DO BRASIL terminou em alta de 0,68 por cento.
- VIA VAREJO UNIT fechou em alta de 7,32 por cento, assim como a rival B2W, que subiu 4,58 por cento, em sessão sem viés único para o setor, com MAGAZINE LUIZA caindo 1,12 por cento.
- CYRELA encerrou com elevação de 4,61 por cento, após três quedas seguidas, apesar da prévia operacional do terceiro trimestre na semana passada, considerada forte por analistas.
- ELETROBRAS ON e ELETROBRAS PNB subiram 4,36 e 2,18 por cento, respectivamente. Além do efeito do cenário eleitoral, a elétrica de controle estatal também disse na sexta-feira que o BNDES manteve para o dia 25 de outubro o leilão da distribuidora de energia do Amazonas, mas o horário foi alterado das 10h para às 15h.
- EMBRAER caiu 0,91 por cento, diante da fraqueza do dólar ante o real, que afetava outras ações de exportadoras, como BRASKEM, que cedeu 1,75 por cento.
- TIM recuou 1,07 por cento, também na ponta negativa. O Itaú BBA excluiu os papéis de sua lista de compras de Brasil, entre outros ajustes.