Invest

Ibovespa é derrubado pela inflação e fecha semana em queda de 2,6%

Especialistas do mercado classificam IPCA de março como "assustadora" e "preocupante"; ações de consumo desabam 7%

Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3  (Germano Lüders/Exame)

Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3 (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 8 de abril de 2022 às 17h20.

Ibovespa hoje: a bolsa brasileira fechou esta sexta-feira, 8, em queda de 0,45%, aos 118.322 pontos, com investidores repercutindo os dados do IPCA divulgados nesta manhã. 

O principal indicador da inflação brasileira voltou a superar as estimativas, acelerando em março de 1,01% para 1,62% – bem acima do consenso de economistas, que esperava alta de 1,28%. O IPCA acumulado de 12 meses saltou de 10,54% para 11,30%, o maior patamar desde 2003.

A disparada dos preços aumenta a pressão para novas altas de juros no Brasil, o que aumenta os rendimentos da renda fixa e prejudica a atratividade e o desempenho das ações. Com a baixa de hoje, o Ibovespa acumulou perdas de 2,67% na semana.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, classificou o IPCA de março como "preocupante". Segundo ele, é possível que os juros não só subam além de 12,75%, como foi sinalizado pelo Banco Central, mas também permaneçam em patamar elevado por mais tempo. "A inflação foi constantemente alta durante todo o ano passado e parece que vai ser assim de novo."

Tenha acesso agora a todos materiais gratuitos da EXAME para investimentos, educação e desenvolvimento pessoal.

Luca Mercadante, economista da gestora Rio Bravo, disse que os números do IPCA reforçaram a expectativa da gestora de o Banco Central ter que subir a Selic para 13,25%. "A alta de preços permanece disseminada na economia, com um índice de difusão de 76,3%."

Os juros futuros negociados na B3 já precificam altas de juros para além dos 12,75%. Os juros futuros com vencimento em 2023 chegaram a saltar 1,65%, a 12,960%.

Além das preocupações internas, o tom negativo ainda foi amplificado pelo mercado internacional. Nos Estados Unidos, investidores voltaram a reverberar as últimas indicações de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) irá endurecer sua política monetária para também tentar conter a inflação. As bolsas de Wall Street fecharam em mistas.

  • Dow Jones (EUA): + 0,40%
  • S&P 500 (EUA): - 0,26%
  • Nasdaq (EUA): - 1,34%

A dinâmica fortaleceu o dólar mundo afora. Na sua máxima, o índice DXY, que mede a variação do dólar contra as principais divisas do mundo, subiu mais de 0,4%, superando a barreira dos 100 pontos pela primeira vez desde maio de 2020. No Brasil, no entanto, a expectativa de Selic mais alta impediu o movimento de alta. 

A moeda americana caiu 0,66% e encerrou a sessão cotada a R$ 4,709. Na semana, no entanto, a divisa acumulou alta de 0,91%.

Destaques de ações

As empresas de consumo, mais afetadas pelas taxas de juros e inflação elevadas, lideraram as quedas desta sessão. Via, Magazine Luiza e Americanas desabaram mais de 6%.

  • Via (VIIA3): - 7,93%
  • Americanas (AMER3): - 7,72%
  • Magazine Luiza (MGLU3): - 6,56%

Ações de crescimento e de setores intimamente ligados ao ciclo da economia local também estiveram entre as maiores baixas.

  • CVC (CVCB3): - 5,00%
  • Méliuz (CASH3): - 4,66%
  • Petz (PETZ3): - 3,62%

O destaque positivo ficou com as ações da Eletrobras (ELET3/ELET6), que subiram pelo terceiro dia consecutivo, refletindo um maior otimismo do mercado sobre o processo de privatização da estatal. Na última segunda-feira, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou o reajuste do preço mínimo que o governo pretende pedir por ação na venda da empresa. 

  • Eletrobras (ELET3): + 5,30%
  • Eletrobras (ELET6): + 4,00%
Acompanhe tudo sobre:AçõesDólarEletrobrasIbovespaVarejo

Mais de Invest

Hapvida (HAPV3) vai investir até R$ 600 milhões em novos hospitais em SP e RJ

Ministério da Justiça realiza leilão de 54 quilos de ouro; veja como participar

5 frases que todo investidor precisa saber

"O mundo está passando por um processo grande de transformação", diz André Leite, CIO da TAG

Mais na Exame