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Ibovespa descola de NY e perde os 120 mil pontos em dia de decisão do Copom

Bolsas americanas tem dia de alta recorde com otimismo por novos estímulos no governo Biden, empossado hoje como presidente dos Estados Unidos; real fecha em alta

Painel da B3:  (Germano Lüders/Exame)

Painel da B3: (Germano Lüders/Exame)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 20 de janeiro de 2021 às 09h51.

Última atualização em 20 de janeiro de 2021 às 19h07.

O Ibovespa recuou nesta quarta-feira, 20, apesar da expectativa por estímulos por parte do governo Joe Biden motivar novas altas no mercado internacional. No Brasil, prevalece o clima de cautela com o atraso na vacinação contra a Covid-19 e com os investidores aguardando a primeira decisão do ano sobre a taxa de juros Selic que manteve a taxa Selic em 2% ao ano e foi divulgada após o fechamento do mercado. O principal índice da bolsa brasileira recuou 0,82%, e fechou o pregão aos 119.646 pontos.

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Os mercados americanas, por outro lado, subiram pelo segundo dia seguido nesta quarta-feira, dia da posse do presidente Joe Biden. Na última semana, o democrata revelou seu plano de 1,9 trilhão de dólares para a retomada da maior economia do mundo. Em sabatina realizada ontem no Senado americano, Janet Yellen (indicada para o cargo de secretária do Tesouro) defendeu o pacote fiscal e afirmou que o cenário de juro baixo é o melhor para a recuperação econômica.

Os principais índices de Wall Street reagiram com forte otimismo e fecharam em máximas recordes. O Dow Jones subiu 0,83% enquanto o S&P 500 avançou 1,39%. Já o índice de tecnologia Nasdaq saltou 1,97% em meio a uma forte alta nas ações da Netflix. A empresa de streaming registrou ganhos de 16,81% depois que informou um forte crescimento de assinantes e disse estar considerando recomprar ações.

No Brasil, porém, o movimento seguiu contrário ao das bolsas internacionais enquanto investidores aguardavam a primeira decisão do ano sobre a Selic. Seguindo a ampla expectativa do mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) mantenha a taxa básica de juros da economia em 2% ao ano.

O forward guidance, ou orientação futura, que praticamente deu a garantia de que os juros permaneceriam baixos nos últimos meses, foi retirado do comunicado após a decisão. Com o forward guidance, adotado em agosto, o Copom se comprometeu a não elevar os juros até que as expectativas e projeções de inflação se aproximassem das metas e contanto que o governo mantivesse seu regime fiscal. Desde então, a inflação ganhou força no país: o IPCA acabou fechando 2020 em 4,52%, acima da meta central do governo, de 4%.

"[Com a decisão] a expectativa é de que os juros subam antes de setembro, o que pressiona a bolsa para baixo e faz o dólar cair", diz Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset

O dólar encerrou esta terça-feira negociado a 5,311 reais, em desvalorização de 0,632% -- tanto pela expectativa de estímulos nos EUA quanto pela previsão de alta na Selic. Para Spyer, o movimento se justifica porque parte do mercado vem se antecipando à retirada forward guidance, desmontando posições compradas em dólar. Isso porque uma possível alta da Selic aumentaria os rendimentos dos títulos públicos, tornando-os mais atrativos aos investidores estrangeiros.

"Se os juros subirem, aumenta o fluxo estrangeiro para o mercado nacional, então a tendência altista do dólar começa a arrefecer no país. E, ao mesmo tempo, o mercado realiza um pouco [os lucros da bolsa], com a expectativa de que a Selic irá subir, por isso a bolsa cai”, conclui.

A piora no desempenho do mercado brasileiro ocorre desde o pregão de terça-feira. Incertezas sobre a distribuição da vacina elevaram a percepção de risco fiscal no mercado local, com o avanço da doença aumentando as pressões sobre a renovação do auxílio emergencial e extensão do estado de calamidade.

"Quanto mais se atrasa a imunização das pessoas, mais pode a recuperação econômica do Brasil pode demorar. Com as atividades econômicas fechadas e a continuidade de auxílios, a preocupação fiscal aumenta", avalia Stefany Oliveira, analista da Toro Investimentos.

Entre as maiores quedas da sessão em pontos estiveram as ações dos setores bancário e de commodities, que foram as mais beneficadas com a recuperação econômica. "No caso dos bancos, o mercado mostrou preocupação porque a procura por crédito no Brasil caiu 1% em 2020. Isso impactou o desempenho desses papéis", completa Oliveira.

Devido ao seu alto peso no índice, a Vale (VALE3) puxou as quedas e encerrou o dia negociada em desvalorização de mais de 1%. O setor aéreo também derrapou, com Embraer (EMBR3) registrando perdas de mais de 3%. Na ponta oposta, o varejo online liderou as altas, com B2W (BTOW3) subindo 8,53%, seguida de Magazine Luiza (MGLU3), Lojas Americanas (LAME4) e Via Varejo (VVAR3).

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