Ibovespa fecha abaixo dos 100 mil pontos e atinge a mínima desde 2020
Petrobras puxa queda com pressão para renúncia "imediata" de CEO e ajuste às perdas registradas por ADRs na véspera
Guilherme Guilherme
Publicado em 17 de junho de 2022 às 10h33.
Última atualização em 17 de junho de 2022 às 17h51.
Ibovespa hoje: O principal índice da B3 fechou em queda de 2,90% aos 99.824 pontos nesta sexta-feira, 17 de junho. Esta é a primeira vez que o índice operou abaixo da marca desde novembro de 2020. A região dos 100.000 pontos é considerada um importante suporte por analistas técnicos, que se perdido, poderia levar o índice a patamares ainda mais baixos.
O índice foi pressionado pelos papéis da Petrobras (PETR4) que fecharam em queda de 6,88%. Durante o pregão, as ações chegaram a mais de 9%. No radar dos investidores também estão pressões para que o atual presidente da companhiaJosé Mauro Coelho deixe a companhia. Segundo o blog de Andréia Sadi, no G1, o presidente da Câmara, Arthur Lira exigiu que Mauro Coelho renunciasse ao cargo "imediatamente". O pedido teria o aval do presidente Jair Bolsonaro, de acordo com o blog.
- Ibovespa: - 2,90%, 99.824pontos
Como pano de fundo da maior pressão sobre José Mauro Coelho está o reajuste de preço dos combustíveis anunciado nesta manhã pela companhia. A Petrobras aumentou preço do litro de gasolina de R$ 3,86 para R$ 4,06 para distribuidoras e do do diesel de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro. A queda do preço do petróleo em 4% pelo aumento dos juros americano joga ainda mais pressão sobre as ações da empresa e de outras petrolíferas da bolsa.
Petrobras (PETR4): - 6,09%
As perdas da Petrobras ainda mais força após Arthur Lira falar publicamente sobre o assunto pela manhã. Pelo Twitter, o presidente da Câmara disse Mauro Coelho deixará um " legado de destruição para a empresa, para o país e para o povo ".
A afirmação é contestada pelos agentes do mercado, principalmente no que diz à contribuição da Mauro Coelho à empresa e aos acionistas.
"Entendemos que o reajuste diminui a defasagem frente aos preços internacionais, o que é positivo para as finanças da companhia. Mas entendemos que a medida foi desenvolvida por lideranças que estão de saída da companhia, o que impede a dissolução das assimetrias referentes ao tema para os próximos meses", afirmaram analistas da Ativa em nota.
Efeito Petrobras no mercado
Os ruídos envolvendo a principal estatal do país tendem a aumentar a percepção de risco de investidores globais sobre o mercado brasileiro, disse André Perfeito, economista-chefe da Necton. "Se o Brasil não fosse exportador de commodities e juros, muito valiosos para o investidor estrangeiro, o dólar estaria subindo muito mais hoje", afirmou.
Perfeito ainda disse os recentes movimentos do governo se mostram "erráticos" em relação à política de preços da Petrobras. "Essa alta do combustível já era esperada e ainda assim o aumento saiu abaixo da paridade internacional."
A reação negativa também se reflete no mercado de câmbio, que assim como a bolsa, esteve fechada na quinta. O dólar, que havia caído mais de 2% na quarta-feira, 15, abriu em forte alta, chegando a ser negociado a R$ 5,15 na máxima desta manhã.
- Dólar: + 2,35%, R$ 5,144
O tom ligeiramente positivo das bolsas estrangeiras aliviam as quedas desta manhã. Índices americanos sobem nesta sextacom investidores em busca de por barganhas,após o S&P 500 e o Nasdaq teremrespectivas quedas de 4,08% e 3,25%. Preocupações sobre recessão por juros mais altos, que motivaram as quedas da véspera, seguem presentes no mercado global, apesar da aparente melhora desta sexta,
Altas de juros para conter a inflação já se tornou um fenômeno global. Após o Brasil e os Estados Unidos elevarem suas taxas na quarta, na quinta, foi a vez do Reino Unido subir juros pela quinta vez consecutiva e a Suíça promover sua primeira alta em quinze anos, contrariando o consenso do mercado de manutenção do patamar anterior de - 0,75%.
"A queda generalizada dá o tom do que foi o mercado ontem, com saída de capital para ativos de menor risco. Hoje também há vencimento de opções, o que gera volatilidade maior, com players defendendo preços de exercício", disse o analista Rafael Panonko.
Dólar
O dólar fechou em alta de mais de 2% frente ao real. Trata-se da terceira valorização semanal consecutiva com impulso da recente decisão do Federal Reserve – Fed (Banco Central norte americano) de subir os juros dos Estados Unidos em um ritmo mais intenso desde 1994.
A moeda norte-americana subiu 2,35%, a R$ 5,1460 , máxima para encerramento desde 9 de maio (R$ 5,1554 ), o que configurou seu oitavo ganho diário em nove pregões. Na semana, o dólar avançou 3,14%.