Ibovespa tem queda puxada por bancos e após teste de Bolsonaro
Principal índice da bolsa já era negociado no vermelho, mas ampliou a queda com a notícia de que o presidente testou positivo para o novo coronavírus
Guilherme Guilherme
Publicado em 7 de julho de 2020 às 17h00.
Última atualização em 7 de julho de 2020 às 18h03.
O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, fechou em queda, nesta terça-feira, 7. O movimento é puxado pelas ações do grandes bancos, que registram fortes perdas, após o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, defender o fim dos juros do cartão de crédito e do cheque especial. O Ibovespa recuou 1,19% e encerrou em 97.761,04 pontos. Com o segundo maior peso no índice, os papéis preferenciais do Itaú caíram 4,9%, enquanto os do Santander, Bradesco e Banco do Brasil desvalorizaram cerca de 4%.
O tom negativo na bolsa brasileira iniciou logo na abertura, com o cenário externo negativo pressionando as negociações. O movimento, porém, se intensificou depois que o presidente Jair Bolsonaro divulgou que testou positivo para o novo coronavírus.
A preocupação não é apenas com o bem-estar de Bolsonaro, mas com o potencial contágio de ministros e parlamentares do primeiro escalão que recentemente se encontraram com o presidente. "Além disso, o discurso do presidente de não fazer autoisolamento perde força nesse momento, o que pode facilitar o fechamento dos comércios nos estados", afirma Bruno Lima, analista de renda variável da EXAME Research.
Para Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus, o resultado do teste desagradou o mercado. "Isso prejudica a imagem dele, porque era algo que ele poderia ter evitado andando de máscara. Ele abusou em alguns momentos. Foi irresponsabilidade", disse.
O Ibovespa já vinha no vermelho, devolvendo em parte a valorização do pregão anterior quando encerrou em alta de 2,24%, após o governo chinês afirmar no China Securities Journal, veículo oficial do país, que a recuperação econômica passa por um mercado acionário mais forte. Nesta terça, o mesmo jornal adotou um tom mais ponderado. Dúvidas sobre a recuperação da economia global também pressionaram negativamente os mercados internacionais.
Na União Europeia, a projeção de crescimento do PIB foi revisada de contração de 7,5% para queda de 8,3% neste ano. O bloco também reduziu a expectativa de expansão econômica referente ao ano que vem de 6% para 5,8%. "O impacto econômico do lockdown é mais severo do que o esperado inicialmente. Nós continuamos navegando em águas tempestuosas e enfrentando vários riscos", disse Valdis Dombrovskis, vice-presidente da Comissão Europeia. Com o maior pessimismo sobre a economia europeia, o índice pan-europeu Stoxx 600 recuou 0,57%.
“A notícia da União Europeia está refletindo em preço piores para os mercados europeus”, disse Lima. Como pano de fundo para a revisão das projeções europeias, segundo ele, está a produção industrial da Alemanha, principal país, em termos econômicos, do bloco.
Também contribuiu para o movimento de queda o aumento do número de casos de coronavírus nos Estados Unidos, que já ultrapassa 2,9 milhões, segundo dados da Universidade Johns Hopkins. De acordo com a CNN americana, a taxa de infecção continua aumentando em 32 dos 50 estados americanos. Por lá, o índice S&P 500 caiu 1,08%.
“Isso causa uma apreensão em relação à velocidade da recuperação econômica, já que é possível a volta de bloqueios em alguns estados americanos”, afirmou Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos.