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Ibovespa fecha em queda com inflação no radar; Vale puxa perdas

Bolsas internacionais dão continuidade ao movimento negativo antes da divulgação do IPCA e do CPI

Painel de cotações na B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)
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Guilherme Guilherme

Publicado em 10 de janeiro de 2022 às 10h32.

Última atualização em 10 de janeiro de 2022 às 18h27.

O Ibovespa fechou esta segunda-feira, 10, em queda, acompanhando as perdas registradas em bolsas internacionais à medida que investidores aguardam dados de inflação e novas altas nos juros – dentro e fora do Brasil. Já o dólar se valorizou frente às principais moedas emergentes e desenvolvidas, levando a uma nova apreciação da divisa no País.

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No Brasil, as estimativas de juros mais altos se mostraram presentes no boletim Focus do Banco Central, divulgado nesta manhã. O consenso entre economistas para a Selic de 2022 passou de 11,50% para 11,75%, com o PIB esperado passando de 0,36% para 0,28%, de acordo com o relatório. O IPCA esperado para 2021 saiu de 10,1% para 9,99%, enquanto o esperado para 2022 se manteve inalterado em 5,03%.

"É claro que é uma queda pequena, mas o fato de o IPCA do ano passado não fechar em dois dígitos pode trazer a perspectiva que as coisas estão melhorando na margem", afirma em nota André Perfeito, economista-chefe da Necton. O IPCA oficial de 2022 sai nesta terça, com a divulgação dos números de dezembro.

Para o IPCA de 2023, a projeção do Focus saiu de 3,41% para 3,36%. A redução, segundo Perfeito, "sugere que a elevação dos juros no curto prazo tem sido suficiente para a ancoragem das expectativas de mais longo prazo".

No exterior, o tom negativo que se arrasta desde a última semana, foi motivado por preocupações sobre os próximos passos do Federal Reserve (Fed) . Na ata da reunião de dezembro, divulgada na semana passada, o banco central americano sinalizou que a taxa de juro poderá subir antes do inicialmente previsto.

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Os temores sobre a política monetária foram amplificados após grandes bancos como Goldman Sachs e JP Morgan estimarem quatro elevações na taxa de juro ainda neste ano. A perspectiva foi reforçada pela taxa de desemprego dos Estados Unidos, que caiu abaixo das projeções de mercado, na sexta-feira, 7, dando sinal verde para o início do ciclo de alta de juros. O índice de preço ao consumidor americano (CPI, na sigla em inglês), que será divulgado nesta quarta-feira, pode ser um novo reforço a esta visão.

“Esse pode ser um divisor para novas previsões sobre a atuação de bancos centrais no que tange a retirada de estímulos e o comportamento dos juros futuros e mercados acionários”, afirmou, em nota, o economista-chefe do Modalmais, Alvaro Bandeira.

O movimento se refletiu nas bolsas de valores mostrando, a princípio, maior pressão sobre ações de crescimento, como são, tipicamente, as do setor de tecnologia. O índice Nasdaq, com maior concentração de papéis de tecnologia, voltou a ter o pior desempenho do mercado americano, mas se recuperou ao longo do dia e foi o único entre os três principais a fechar no azul.

Destaques de ações

No Brasil, as principais quedas ficam com as ações de e-commerce e tecnologia, que podem ser algumas das mais prejudicadas pela alta de juros. O Inter (BIDI11) liderou as perdas, caindo quase 9%.

Entre as ações com maior peso no índice, os papéis da Vale (VALE3) foram o principal destaque negativo. As ações reagem à notícia de que as chuvas intensas em Minas Gerais paralisaram parcialmente a produção dos Sistemas Sudeste e Sul da mineradora.

Segundo os analistas do Itaú BBA, a produção de minério de ferro da Vale poderá ficar mais perto do limite inferior da meta anunciada para 2022, de 320-335 milhões de toneladas, devido aos impactos causados pelas chuvas.

Por outro lado, as siderúrgicas Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3), que também tiveram suas operações afetadas, ficaram entre as maiores altas do dia. Para Felipe Vella, analista técnico da Ativa Investimentos, uma correção de preços é o motivo que leva à queda da Vale enquanto outros papéis associados ao minério de ferro sobem.

“As ações da Vale já estão bastante esticadas – chegaram a subir mais de 35% desde as mínimas. Uma companhia com esse peso no Ibovespa precisava passar por uma correção”, afirma o analista.

 

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