Bolsa: Ibovespa avança com cenário internacional positivo (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 8 de maio de 2020 às 17h23.
Última atualização em 8 de maio de 2020 às 18h54.
O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, subiu 2,75%, nesta sexta-feira, 8, e encerrou em 80.263,35 pontos. A alta foi impulsionada pelo cenário externo positivo, com os investidores repercutindo a melhora da relação entre a China e os Estados Unidos e os dados americanos de mercado de trabalho.
Divulgado nesta manhã, o payroll de abril, embora tenha sido um dos piores da história, saiu melhor do que as projeções de mercado, que previam um cenário ainda mais catastrófico. No mês, foram fechados 20,5 milhões de postos de trabalho, fazendo a taxa de desemprego saltar de 4,4% para 14,7%. Ainda assim, o número ficou abaixo da taxa de 16% esperada pelos economistas.
"O dado foi ruim, mas o mercado é baseado em expectativa. E a expectativa era de um corte [de empregos] ainda maior”, afirmou Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos.
Segundo Marcel Zambello, analista da Necton Investimentos, entre os investidores há a sensação de que o pior da crise do coronavírus já tenha passado. “Nos Estados Unidos, o desemprego aumentou muito mais rápido, mas também volta de forma muito mais acelerada”, afirmou.
Embora o payroll tenha dado mais um impulso às bolsas globais, o clima nos mercados já era positivo, com o maior otimismo sobre a relação entre a China e os Estados Unidos. Em telefonema nesta madrugada, representantes dos dois países reafirmaram o compromisso de manter a primeira fase do acordo comercial.
A tensão entre a China e os Estados Unidos vinha crescendo desde o fim da semana passada, quando o governo americano voltou a reforçar sua teoria de que o coronavírus (covid-19) teria sido originado em um laboratório de Wuhan. "A preocupação era até onde essa desavença poderia chegar", disse Esteter.
Em uma de suas acusações, na quinta-feira passada, o presidente Donald Trump chegou a ameaçar retaliar a China com tarifas. "Para o investidor que acompanha a economia, isso foi uma ameaça de que ele iria rasgar o acordo de janeiro e que começaria uma nova guerra comercial" disse Rafael Panonko, analista da Toro Investimentos.
Na bolsa, os papéis da Via Varejo despencaram 9,14%, após a empresa confirmar a notícia de que pretende fazer um follow-on de 5 bilhões de reais, publicada pelo Valor.
“Geralmente quando uma empresa faz um follow-on o preço da oferta é abaixo do de mercado. A Via Varejo ainda não anunciou o preço, mas, pelo tamanho da oferta, acredito que vai ter de dar desconto em relação ao preço de mercado para atrair mais investidores”, disse Gabriel Ribeiro, analista da Necton Investimentos.
Panonko também explica que o movimento tem relação com a realização de lucros de curto prazo, tendo em vista que ação subiu mais de 70% em abril. "Ultimamente, o mercado está mais imediatista diante das incertezas."
Por outro lado, as gigantes Vale e Petrobras, que representam cerca de 20% do Ibovespa, tiveram forte alta e contribuíram para o tom positivo. A mineradora subiu 6,08%, enquanto os papéis ordinários e preferenciais da estatal avançaram 6,83% e 5,96%, respectivamente.