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Ibovespa fecha em queda e tem pior semana desde 2008

Revisão do PIB brasileiro para zero e novas restrições para combater avanço do coronavírus nos Estados Unidos estressam investidores

Ibovespa: índice fechou em queda de 1,85%, em 67.069,36 pontos; perda semanal foi de 18,88% (NurPhoto/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 20 de março de 2020 às 10h23.

Última atualização em 20 de março de 2020 às 18h29.

São Paulo - O Ibovespa reverteu os ganhos do início do dia e fechou o pregão desta sexta-feira (20) em queda de 1,85%, em 67.069,36 pontos. Em mais uma sessão volátil, o índice abriu em alta e chegou a subir 5,7%, com os investidores se mostrando otimistas com a possibilidade de tratamentos mais eficazes contra o coronavírus covid-2019. Mas, o cenário mudou após o Ministério da Economia revisar a projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro para zero e os índices de ações americanos ampliarem queda, com novas restrições para combater o avanço da doença impostas nos Estados Unidos. Na semana, o Ibovespa caiu18,88% - a maior desvalorização semanal desde outubro de 2008.

“As medidas para conter o vírus arrebentam a economia”, comentou Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset. Segundo ele, projeções de recessão divulgadas por grandes bancos internacionais também endossam o pessimismo no mercado. Recentemente, o Goldman Sachs revisou a perspectiva de crescimento do PIB americano de 1,2% para 0,4% em 2020, enquanto o JPMorgan previu uma recessão de 1,5%.

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Os investidores também estiveram atentos aos desdobramentos do conflito comercial entre Arábia Saudita e Rússia entorno do preço do barril de petróleo, que voltava a se desvalorizar nesta sexta. Nesta fim de tarde, o petróleo WTI caía 9,88% e era negociado por 23,36 dólares, enquanto o brent recuava 4,8%, a 27,10 dólares. "O petróleo abaixo de 30 reais é um problema porque excede o custo de extração de vários países", disse Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

Pela manhã, tanto o petróleo quanto as bolsas americanas operavam no terreno positivo. Mas, analistas ainda se mostram céticos com relação à eficácia dos novos tratamentos. "Rumores em diferentes países de que alguns remédios teriam efeito contra o covid-19 ainda animam, mas não chegariam a tempo de evitar o pico da doença no mundo e isto pode ser fator de estresse no futuro", comentou Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, em relatório a clientes.

"Ainda não há nenhuma comprovação científica de que esses remédios funcionam contra o covid-2019. É um pouco de boato isso", comentou Jeffeson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus. Ele também cita que as incertezas do fim de semana deixaram os investidores mais cautelosos nesta sessão. "Alguns não gostam de dormir posicionado em ativos de risco na sexta-feira."

Após atravessar a pior semana da bolsa de valores desde 2008, o mercado espera que a volatilidade se mantenha elevada por algum tempo devido ao avanço do coronavírus no Brasil, que já ultrapassa 900 infectados. "Já fizeram estudos mostrando que o pico de casos de coronavírus no Brasil deve chegar entre os dias 6 e 20 de abril, então aquela sensação de que as coisas podem piorar de fato é verídica" escreveu em nota Thiago Salomão, analista da Rico Investimentos.

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