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Governo busca evitar que Lava Jato afete sistema financeiro

Joaquim Levy mandou mapear os volumes de papéis negociados pelas empresas envolvidas no escândalo no mercado e seus prazos de vencimento

Obras: nesta semana houve uma cadeia de rebaixamentos da nota de crédito das construtoras pelas agências internacionais de classificação de risco (Paulo Fridman/Bloomberg)
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Da Redação

Publicado em 16 de janeiro de 2015 às 13h36.

Brasília - Preocupado com a situação financeira das empreiteiras investigadas na operação Lava Jato , da Polícia Federal, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy , mandou mapear os volumes de papéis negociados pelas empresas no mercado e seus prazos de vencimento.

A luz vermelha se acendeu no início deste mês, quando a construtora OAS deixou de honrar parcelas de dívidas no exterior e no País. No jargão econômico, isso é chamado de default.

O movimento piorou nesta semana com a cadeia de rebaixamentos da nota de crédito das construtoras pelas agências internacionais de classificação de risco.

Na avaliação do governo, o risco dessa crise no crédito precisa ser barrado com urgência, já que poderá afetar financiamentos para empresas que nada têm a ver com a corrupção na Petrobrás, alvo principal das investigações da PF.

O assunto está sendo tratado em sigilo pelo Ministério da Fazenda por causa do impacto que pode trazer ao "Plano Levy", a estratégia desenhada pelo ministro para recuperar a confiança na economia, atrair investimentos e retomar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

O governo quer atuar preventivamente para evitar o que ocorreu na crise financeira de 2008, quando as operações com derivativos cambiais, apelidados de tóxicos, contaminaram até mesmo companhias que não estavam diretamente envolvidas nas operações.

O Banco Central também está monitorando os desdobramentos da Lava Jato sobre o mercado financeiro. Em documento elaborado para a Advocacia-Geral da União (AGU), o BC alertou que as dificuldades momentâneas de liquidez das empresas podem afetar os bancos provedores de crédito.

O que, no limite, pode ser um problema para o sistema financeiro como um todo. Para o BC, isso justificaria a repactuação das dívidas dessas empresas, observadas as devidas precauções de gerenciamento de risco. As construtoras têm dívidas próximas de R$ 130 bilhões na praça.

Seca

Segundo fontes do mercado, a oferta de linhas de crédito para essas empresas começa a secar. O mercado está fazendo o seu próprio mapeamento da exposição das empresas aos negócios com a Petrobrás.

Também no governo há quem reconheça que a Petrobrás e, por consequência, suas fornecedoras enfrentarão um período difícil por uma razão que vai além da Lava Jato: a queda do preço do petróleo, que reduz as receitas do setor. "Vai misturar tudo", admitiu um funcionário graduado do governo.

Esse é o foco de preocupação mais imediato, mas há outros problemas no radar. O primeiro é o risco de interrupção das obras em andamento, o que dificultaria a principal aposta para a retomada do crescimento econômico. Outro é o temor de desemprego no setor, num ano de economia ainda frágil.

Acordos

Tanto na questão do crédito quanto no tema investimento, a linha básica de defesa do governo e das empresas envolvidas é delimitar bem a diferença entre as pessoas que cometeram os ilícitos e a atividade empresarial.

"É momento de fortalecer a governança e prender quem tem de ser punido, separar o criminal e o empresarial, as empresas e os controladores", disse a fonte.

Para isso, a principal aposta de solução está nos acordos de leniência que as empresas envolvidas podem fechar com a Controladoria-Geral da União (CGU). Mas as instituições financeiras querem mais segurança para fazer essas operações.

Elas têm pressionado o governo, segundo fontes, por uma regulamentação mais forte contra casos de corrupção. A dúvida é se haverá tempo para isso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

São Paulo - Nove empreiteiras foram alvo da Polícia Federal nesta sexta-feira. A sétima fase da Operação Lava Jato , que investigadesvio de 10 bilhões de reais da Petrobras , fez busca e apreensão nas empresas. Alguns executivos foram presos, para prestar depoimento sobre possível ligação com o esquema de corrupção . Veja nas fotos quais empresas estão sendo investigadas e o que dizem sobre a operação.
  • 2. Odebrecht

    2 /10(Paulo Fridman/Bloomberg)

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    A empresa divulgou nota em que afirma que a Polícia Federal esteve em seu escritório no Rio de Janeiro nesta sexta-feira, para cumprir mandado de busca e apreensão de documentos, expedido no âmbito das investigações sobre supostos crimes cometidos por ex-diretor da Petrobras.“A equipe foi recebida na empresa e obteve todo o auxílio para acessar qualquer documento ou informação buscada”, diz a nota da empresa.A Odebrecht afirma ainda que “está inteiramente à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos sempre que necessário”.
  • 3. UTC Engenharia

    3 /10(Divulgação)

  • A empresa afirmou que “colabora desde o início das investigações e continuará à disposição das autoridades para prestar as informações necessárias”.
  • 4. OAS

    4 /10(Divulgação/PAC)

    A OAS afirmou que “foram prestados todos os esclarecimentos solicitados e dado acesso às informações e documentos requeridos pela Polícia Federal, em visita à sua sede em São Paulo”. A empresa diz ainda que “está à inteira disposição das autoridades e vai continuar colaborando no que for necessário para as investigações”.
  • 5. Engevix

    5 /10(Divulgação/ Engevix)

    Contatada por EXAME.com, a empresa afirmou apenas que “por meio dos seus advogados e executivos, prestará todos os esclarecimentos que forem solicitados”.
  • 6. Galvão Engenharia

    6 /10(Divulgação/ Galvão Engenharia)

    Em nota, a Galvão Engenharia afirmou que "tem colaborado com todas as investigações referentes à Operação Lava Jato e está permanentemente à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos necessários".
  • 7. Queiroz Galvão

    7 /10(Divulgação)

    A empresa se manifestou através de nota:"A Queiroz Galvão reitera que todas as suas atividades e contratos seguem rigorosamente a legislação em vigor e está à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos necessários."
  • 8. Camargo Corrêa

    8 /10(Divulgação)

    Em nota, a Camargo Corrêa disse que sempre esteve à disposição das autoridades. Veja a nota:“A Construtora Camargo Corrêa repudia as ações coercitivas, pois a empresa e seus executivos desde o início se colocaram à disposição das autoridades e vêm colaborando com os esclarecimentos dos fatos.”
  • 9. Mendes Junior

    9 /10(Divulgação)

    "O vice-presidente da Mendes Júnior, Sérgio Cunha Mendes, estava em viagem com a família na manhã desta sexta-feira (14/11). Assim que soube do mandado de prisão, tomou providências para se apresentar ainda hoje à Polícia Federal em Curitiba (PR). A Mendes Júnior está colaborando com as investigações, contribuindo para o acesso às informações solicitadas."
  • 10. Iesa

    10 /10(Divulgação IESA)

    EXAME.com não conseguiu contato com nenhum porta-voz da empresa até a publicação da reportagem.
  • Acompanhe tudo sobre:ConstrutorasJoaquim LevyOperação Lava Jato

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