Goldman Sachs é acusado novamente de vender produtos ruins
Executivo pediu demissão em carta publicada no NYT e fez uma série de acusações sobre o trabalho do banco
Da Redação
Publicado em 14 de março de 2012 às 12h11.
São Paulo – Perder um executivo pode ser um problema para muitas empresas. Pois o Goldman Sachs terá muitas preocupações além das convencionais com a saída de Greg Smith, um dos diretores da empresa que trabalhava no banco há 12 anos.
Smith pediu demissão do cargo que exercia em Londres e enviou um artigo muito franco ao The New York Times sobre sua saída, no qual expõe uma série de acusações contra o banco que fragilizam o sistema financeiro.
O executivo disse que o ambiente do banco é “tóxico” e que o Goldman continuava deixando o interesse dos clientes do mercado financeiro para segundo plano, pensando apenas nos ganhos. “Posso afirmar honestamente que o ambiente aqui é tóxico e destrutivo como eu nunca vi igual”, afirmou Smith logo no primeiro parágrafo da coluna escrita durante seu último dia de trabalho no banco.
Ao longo do texto escrito pelo executivo, fica claro que sua saída acontece por não concordar com a maneira como o Goldman Sachs conduz seus negócios junto ao mercado financeiro. “A cultura corporativa era o ingrediente secreto que fazia desse um ótimo lugar e nos permitiu ganhar a confiança dos clientes por 143 anos”, afirmou. “Não era só pelo dinheiro. Tinha a ver com orgulho e confiança na instituição”, disse. Segundo Smith, essa cultura sumiu. “Não tenho mais orgulho ou confiança”.
Smith entrou na empresa por meio de um estágio de férias e atualmente ocupava a direção da unidade americana de derivativos para a Europa, Oriente Médio e África. Com a mudança na cultura corporativa, afirma Smith, o cliente é que acabava sendo prejudicado. “Nos últimos 12 meses, vi diferentes diretores chamarem seus clientes de “marionetes”, às vezes até por meio de e-mails internos”, diz.
Para subir na carreira dentro da empresa, diz Smith, o que contava era produzir lucros para o banco. E isso significava, em alguns casos, oferecer produtos sem liquidez e convencer os clientes a investirem em ações ou produtos que o banco queria mesmo era se livrar por acreditar que não tinham mais potencial. “Me chame de antiquado, mas eu não gosto de vender para meus clientes produtos que são errados para eles”, afirmou em seu artigo.
No final de seu texto, Smith diz esperar que a carta sirva de alerta para a diretoria do banco e que o Goldman volte a tratar o cliente como o foco principal. “Sem clientes, não se faz dinheiro. Na verdade, você simplesmente não existe”, alerta.
As denúncias do executivo se sobressaíram ao pedido de demissão em si. As acusações estão repercutindo e sendo destacadas em veículos do mundo todo. Por meio de um porta-voz, o banco afirmou que discorda da visão expressa por Smith, que não reflete a maneira com que o Goldman conduz seus negócios. “Em nossa visão, só seremos bem sucedidos se nosso cliente também for”, disse o banco.
A má fama do Goldman
Não é a primeira vez que o banco é acusado publicamente de indicar produtos ruins e errados para seus clientes. O Goldman já foi alvo inclusive da SEC (Securities and Exchange Commission, a CVM americana). A autarquia multou o banco em pouco mais de 500 milhões de dólares por vender um produto que empacotava títulos podres hipotecários. No caso conhecido como “Abacus”, o banco foi acusado de não explicitar exatamente quais eram aqueles ativos e quais riscos traziam.
Meses depois, foi a vez da revista Rolling Stone derrubar as ações do Goldman. Matt Taibi, editor do veículo, publicou um artigo de seis páginas com detalhes sórdidos da estratégia do banco de vender ativos podres para os clientes, ao mesmo tempo em que apostava na queda dos papéis.
Em setembro, o operador independente Alessio Rastani decidiu soltar o verbo em uma entrevista concedida à rede de televisão britânica BBC. Em pouco mais de três minutos de conversa, ele disse que sonhava com uma nova recessão e liberou a declaração bombástica: “Esse não é o momento para achar que os governos vão resolver tudo. Os governos não mandam no mundo, o Goldman Sachs manda no mundo. E o Goldman Sachs não se importa com esse plano de resgate [da Grécia] e nem os grandes fundos”, disse.
São Paulo – Perder um executivo pode ser um problema para muitas empresas. Pois o Goldman Sachs terá muitas preocupações além das convencionais com a saída de Greg Smith, um dos diretores da empresa que trabalhava no banco há 12 anos.
Smith pediu demissão do cargo que exercia em Londres e enviou um artigo muito franco ao The New York Times sobre sua saída, no qual expõe uma série de acusações contra o banco que fragilizam o sistema financeiro.
O executivo disse que o ambiente do banco é “tóxico” e que o Goldman continuava deixando o interesse dos clientes do mercado financeiro para segundo plano, pensando apenas nos ganhos. “Posso afirmar honestamente que o ambiente aqui é tóxico e destrutivo como eu nunca vi igual”, afirmou Smith logo no primeiro parágrafo da coluna escrita durante seu último dia de trabalho no banco.
Ao longo do texto escrito pelo executivo, fica claro que sua saída acontece por não concordar com a maneira como o Goldman Sachs conduz seus negócios junto ao mercado financeiro. “A cultura corporativa era o ingrediente secreto que fazia desse um ótimo lugar e nos permitiu ganhar a confiança dos clientes por 143 anos”, afirmou. “Não era só pelo dinheiro. Tinha a ver com orgulho e confiança na instituição”, disse. Segundo Smith, essa cultura sumiu. “Não tenho mais orgulho ou confiança”.
Smith entrou na empresa por meio de um estágio de férias e atualmente ocupava a direção da unidade americana de derivativos para a Europa, Oriente Médio e África. Com a mudança na cultura corporativa, afirma Smith, o cliente é que acabava sendo prejudicado. “Nos últimos 12 meses, vi diferentes diretores chamarem seus clientes de “marionetes”, às vezes até por meio de e-mails internos”, diz.
Para subir na carreira dentro da empresa, diz Smith, o que contava era produzir lucros para o banco. E isso significava, em alguns casos, oferecer produtos sem liquidez e convencer os clientes a investirem em ações ou produtos que o banco queria mesmo era se livrar por acreditar que não tinham mais potencial. “Me chame de antiquado, mas eu não gosto de vender para meus clientes produtos que são errados para eles”, afirmou em seu artigo.
No final de seu texto, Smith diz esperar que a carta sirva de alerta para a diretoria do banco e que o Goldman volte a tratar o cliente como o foco principal. “Sem clientes, não se faz dinheiro. Na verdade, você simplesmente não existe”, alerta.
As denúncias do executivo se sobressaíram ao pedido de demissão em si. As acusações estão repercutindo e sendo destacadas em veículos do mundo todo. Por meio de um porta-voz, o banco afirmou que discorda da visão expressa por Smith, que não reflete a maneira com que o Goldman conduz seus negócios. “Em nossa visão, só seremos bem sucedidos se nosso cliente também for”, disse o banco.
A má fama do Goldman
Não é a primeira vez que o banco é acusado publicamente de indicar produtos ruins e errados para seus clientes. O Goldman já foi alvo inclusive da SEC (Securities and Exchange Commission, a CVM americana). A autarquia multou o banco em pouco mais de 500 milhões de dólares por vender um produto que empacotava títulos podres hipotecários. No caso conhecido como “Abacus”, o banco foi acusado de não explicitar exatamente quais eram aqueles ativos e quais riscos traziam.
Meses depois, foi a vez da revista Rolling Stone derrubar as ações do Goldman. Matt Taibi, editor do veículo, publicou um artigo de seis páginas com detalhes sórdidos da estratégia do banco de vender ativos podres para os clientes, ao mesmo tempo em que apostava na queda dos papéis.
Em setembro, o operador independente Alessio Rastani decidiu soltar o verbo em uma entrevista concedida à rede de televisão britânica BBC. Em pouco mais de três minutos de conversa, ele disse que sonhava com uma nova recessão e liberou a declaração bombástica: “Esse não é o momento para achar que os governos vão resolver tudo. Os governos não mandam no mundo, o Goldman Sachs manda no mundo. E o Goldman Sachs não se importa com esse plano de resgate [da Grécia] e nem os grandes fundos”, disse.