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GOL engrossa lista de captações canceladas com mercado seletivo

Empresa desistiu de uma captação externa depois que seus papéis não conseguiram acompanhar uma recuperação nos bônus perpétuos da América Latina

A Gol é a terceira empresa brasileira a desistir ou adiar uma captação externa este mês diante da menor procura dos investidores pelos títulos de mais alto risco no País (Divulgação/EXAME)
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Da Redação

Publicado em 22 de fevereiro de 2012 às 09h12.

Nova York - A GOL , segunda maior empresa aérea do país em valor de mercado, desistiu de uma captação externa depois que seus papéis não conseguiram acompanhar uma recuperação nos bônus perpétuos da América Latina.

A taxa dos seus US$ 200 milhões em títulos da dívida sem vencimento fixo caiu 28 pontos-base nos últimos três meses, em comparação com uma queda média de 144 para dívida semelhante de empresas da região, segundo dados compilados pela Bloomberg. Enquanto a Gol engavetava, em 16 de fevereiro, uma oferta de pelo menos US$ 100 milhões em bônus perpétuos, a Cheung Kong Infrastructure Holdings Ltd., com sede em Hong Kong, vendeu US$ 300 milhões deste tipo de papel no dia seguinte.

A Gol é a terceira empresa brasileira a desistir ou adiar uma captação externa este mês diante da menor procura dos investidores pelos títulos de mais alto risco no país. Dois dias antes do cancelamento da oferta, a Moody’s Investors Service disse que poderia reduzir a classificação da Gol por conta de seu endividamento. Os investidores estão “mais seletivos” depois de comprar um recorde de US$ 3,4 bilhões em títulos brasileiros classificados como “junk”, ou abaixo do grau de investimento, nas primeiras sete semanas de 2012, disse Marco Aurélio de Sá, diretor do Crédit Agricole Securities.

“O mercado está muito mais seletivo hoje em dia”, Aurélio de Sá disse em entrevista por telefone de Miami. “Eles não estão comprando qualquer coisa. Quando as empresas estão muito alavancadas, quando é perpétuo, a maioria do mercado tipicamente fica de fora.”

Os bônus perpétuos da Gol de cupom 8,75 por cento pagam 632 pontos-base, ou 6,32 pontos percentuais, a mais do que os títulos do governo brasileiro com vencimento em 2041, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. A empresa tem classificação de risco B1 na escala da Moody’s, quatro níveis abaixo do grau de investimento e cinco níveis abaixo da nota soberana.

Perspectiva negativa

A Moody’s colocou a nota da Gol em perspectiva negativa em 14 de fevereiro, após a queda do chamado yield, ou a rentabilidade por passageiro por quilômetro voado, a disparada do custo do combustível e a desvalorização do real terem prejudicado o resultado da empresa. Cerca de 83 por cento da dívida da Gol e mais de 50 por cento das despesas, incluindo combustível e leasing das aeronaves, são denominados em dólares, ao passo que a maioria dos recebíveis está em reais. A moeda brasileira se depreciou 11 por cento no ano passado. O petróleo atingiu ontem a maior cotação em nove meses de US$ 106,07 por barril.

“O fundamental é disciplina de capacidade”, Jonathan Root, analista da Moody’s em Nova York, disse em entrevista por telefone. “Eles enfrentam pressão nos yields e pressão no fluxo de caixa por causa do movimento adverso do real.”


‘Momento mais favorável’

A Gol afirmou em 17 de fevereiro que o preço médio pago por passageiro por quilômetro voado subiu 4 por cento em janeiro em relação a um ano antes, segundo comunicado ao mercado. A taxa de ocupação em voos domésticos caiu de 76,2 por cento para 70 por cento, de acordo com o documento.

“A companhia decidiu esperar por um momento mais favorável para acessar o mercado”, disse a Gol em comunicado enviado por e-mail. A Gol “não tem qualquer pressão em seu fluxo de caixa por causa de pagamentos de dívida nos próximos três anos. A companhia, como parte de sua estratégia financeira, sempre está buscando alternativas de financiamento.”

Bevan Rosenbloom, analista de dívida corporativa do Citigroup Inc., disse que o fato de a Gol não ter conseguido emplacar sua captação não indica que companhias brasileiras de pior classificação de risco vão ter dificuldades para acessar os mercados internacionais.

“É mais específico à transação”, disse Rosenbloom em entrevista por telefone de Nova York. “É difícil fazer essas generalizações.”

Segundo semestre

O Grupo Farias, de açúcar e álcool, cancelou planos de captação externa em 9 de fevereiro. O Grupo Farias não respondeu e-mails solicitando comentários para esta reportagem.

O frigorífico Rodopa Exportação de Alimentos & Logística Ltda. pretende esperar até o segundo semestre de 2012 para estrear no mercado internacional de títulos, disse o presidente Sérgio Longo em entrevista em 14 de fevereiro.

Empresas com alta classificação de risco venderam globalmente US$ 47,4 bilhões de títulos denominados em dólares este ano, segundo dados da Bloomberg. ‘

“A Gol chegou tarde para a festa,” disse Carlos Legaspy, que administra cerca de US$ 300 milhões na Precise Securities, em entrevista por telefone. “Esta não é o tipo de estrutura que o mercado está disposto a aceitar.”

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Nova York - A GOL , segunda maior empresa aérea do país em valor de mercado, desistiu de uma captação externa depois que seus papéis não conseguiram acompanhar uma recuperação nos bônus perpétuos da América Latina.

A taxa dos seus US$ 200 milhões em títulos da dívida sem vencimento fixo caiu 28 pontos-base nos últimos três meses, em comparação com uma queda média de 144 para dívida semelhante de empresas da região, segundo dados compilados pela Bloomberg. Enquanto a Gol engavetava, em 16 de fevereiro, uma oferta de pelo menos US$ 100 milhões em bônus perpétuos, a Cheung Kong Infrastructure Holdings Ltd., com sede em Hong Kong, vendeu US$ 300 milhões deste tipo de papel no dia seguinte.

A Gol é a terceira empresa brasileira a desistir ou adiar uma captação externa este mês diante da menor procura dos investidores pelos títulos de mais alto risco no país. Dois dias antes do cancelamento da oferta, a Moody’s Investors Service disse que poderia reduzir a classificação da Gol por conta de seu endividamento. Os investidores estão “mais seletivos” depois de comprar um recorde de US$ 3,4 bilhões em títulos brasileiros classificados como “junk”, ou abaixo do grau de investimento, nas primeiras sete semanas de 2012, disse Marco Aurélio de Sá, diretor do Crédit Agricole Securities.

“O mercado está muito mais seletivo hoje em dia”, Aurélio de Sá disse em entrevista por telefone de Miami. “Eles não estão comprando qualquer coisa. Quando as empresas estão muito alavancadas, quando é perpétuo, a maioria do mercado tipicamente fica de fora.”

Os bônus perpétuos da Gol de cupom 8,75 por cento pagam 632 pontos-base, ou 6,32 pontos percentuais, a mais do que os títulos do governo brasileiro com vencimento em 2041, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. A empresa tem classificação de risco B1 na escala da Moody’s, quatro níveis abaixo do grau de investimento e cinco níveis abaixo da nota soberana.

Perspectiva negativa

A Moody’s colocou a nota da Gol em perspectiva negativa em 14 de fevereiro, após a queda do chamado yield, ou a rentabilidade por passageiro por quilômetro voado, a disparada do custo do combustível e a desvalorização do real terem prejudicado o resultado da empresa. Cerca de 83 por cento da dívida da Gol e mais de 50 por cento das despesas, incluindo combustível e leasing das aeronaves, são denominados em dólares, ao passo que a maioria dos recebíveis está em reais. A moeda brasileira se depreciou 11 por cento no ano passado. O petróleo atingiu ontem a maior cotação em nove meses de US$ 106,07 por barril.

“O fundamental é disciplina de capacidade”, Jonathan Root, analista da Moody’s em Nova York, disse em entrevista por telefone. “Eles enfrentam pressão nos yields e pressão no fluxo de caixa por causa do movimento adverso do real.”


‘Momento mais favorável’

A Gol afirmou em 17 de fevereiro que o preço médio pago por passageiro por quilômetro voado subiu 4 por cento em janeiro em relação a um ano antes, segundo comunicado ao mercado. A taxa de ocupação em voos domésticos caiu de 76,2 por cento para 70 por cento, de acordo com o documento.

“A companhia decidiu esperar por um momento mais favorável para acessar o mercado”, disse a Gol em comunicado enviado por e-mail. A Gol “não tem qualquer pressão em seu fluxo de caixa por causa de pagamentos de dívida nos próximos três anos. A companhia, como parte de sua estratégia financeira, sempre está buscando alternativas de financiamento.”

Bevan Rosenbloom, analista de dívida corporativa do Citigroup Inc., disse que o fato de a Gol não ter conseguido emplacar sua captação não indica que companhias brasileiras de pior classificação de risco vão ter dificuldades para acessar os mercados internacionais.

“É mais específico à transação”, disse Rosenbloom em entrevista por telefone de Nova York. “É difícil fazer essas generalizações.”

Segundo semestre

O Grupo Farias, de açúcar e álcool, cancelou planos de captação externa em 9 de fevereiro. O Grupo Farias não respondeu e-mails solicitando comentários para esta reportagem.

O frigorífico Rodopa Exportação de Alimentos & Logística Ltda. pretende esperar até o segundo semestre de 2012 para estrear no mercado internacional de títulos, disse o presidente Sérgio Longo em entrevista em 14 de fevereiro.

Empresas com alta classificação de risco venderam globalmente US$ 47,4 bilhões de títulos denominados em dólares este ano, segundo dados da Bloomberg. ‘

“A Gol chegou tarde para a festa,” disse Carlos Legaspy, que administra cerca de US$ 300 milhões na Precise Securities, em entrevista por telefone. “Esta não é o tipo de estrutura que o mercado está disposto a aceitar.”

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