Fitch e Moody's rebaixam nota da BP por vazamento
Grupo petroleiro britânico British Petroleum teve nota rebaixada devido à sua incapacidade de interromper o vazamento de petróleo no Golfo do México e por conta do custo dessas operações de limpeza
Da Redação
Publicado em 3 de junho de 2010 às 14h26.
Londres - O grupo petroleiro britânico British Petroleum foi afetado nesta quinta-feira (3) com o rebaixamento de suas notas de crédito pelas agências de classificação de risco Fitch e Moody's, devido a sua incapacidade de interromper o vazamento de petróleo no Golfo do México e por conta do custo dessas operações de limpeza.
A agência Fitch rebaixou a nota da BP, alegando riscos financeiros por conta do derramamento, depois do acidente com a plataforma Deepwater Horizon, um acidente para o qual não estava preparada, segundo reconheceu na quinta-feira o principal executivo do grupo petroleiro britânico.
A Fitch anunciou em um comunicado ter rebaixado de "AA+" para "AA", com perspectiva negativa, a nota da BP. Essas notas mantêm o grupo entre os "emissores de alta qualidade".
"O rebaixamento da nota da BP reflete a opinião da Fitch a respeito dos riscos cada vez maiores sobre o perfil da atividade e da situação financeira da BP depois do acidente da plataforma Deepwater Horizon no Golfo do México", afirmou a agência em um comunicado.
A Fitch afirma que a BP "fracassou até agora, de forma repetida, em suas tentativas de interromper o vazamento de petróleo e voltou aos métodos de contenção que ainda devem ser realizados e estão sujeitos a possíveis problemas meteorológicos", em alusão aos frequentes furacões de verão no Golfo do México.
Horas depois, a agência de classificação de risco Moody's rebaixou de "AA1" para "AA2" a nota do grupo, também com perspectiva negativa, devido aos custos para frear o derramamento e a limpeza da mancha de óleo, assim como os gastos legais aos quais o grupo está exposto.
"O rebaixamento (...) reflete o fato de que a Moody's vê que a mancha de óleo (...) acarreta custos importantes para contê-la e limpá-la, assim como gastos legais importantes", explicou em um comunicado.
A BP tinha anunciado antes que pagará integralmente os 360 milhões de dólares necessários para a construção de seis seções de ilhas artificiais destinadas a proteger a Louisiana da mancha de óleo.
"A BP apoia a decisão do governo americano de construir as seis seções" de ilha artificial, assegurou a empresa em comunicado, completando que "o grupo financiará os 360 milhões de dólares necessários para a construção".
O grupo petroleiro já desembolsou 1 bilhão de dólares nas operações de limpeza e contenção e todas as suas tentativas de interromper o vazamento fracassaram, desperando críticas por parte das autoridades em Washington.
Na situação atual, a Fitch estima em 3 bilhões de dólares o custo da operação de limpeza para este ano, apesar de essa cifra depender da quantidade de petróleo que chegar ao litoral americano.
A agência de classificação de risco Moody's já tinha rebaixado em 5 de maio de estável para negativa a perspectiva de evolução da nota de crédito da BP.
O principal executivo da BP, Tony Hayward, admitiu que o grupo petroleiro britânico, que há um mês e meio luta contra a mancha de óleo, não estava preparado para problema semelhante em alto mar.
"Não há dúvida de que não temos os instrumentos dos quais precisamos", disse o executivo da BP em declarações publicadas nesta quinta-feira no Financial Times.
Apesar de ter considerado que a BP teve "muito êxito" ao impedir que a mancha de óleo se aproximasse da costa, admitiu que "é uma crítica totalmente justa" dizer que a empresa não estava totalmente preparada para derramamento semelhante em águas profundas.
Hayward declarou que depois da catástrofe provocada pela Exxon Valdez em 1989, as empresas do setor tinham criado um órgão de resposta apropriada às contaminações, a Marine Spill Response Corporation (MSRC).
"O problema será dar a mesma capacidade de resposta em águas profundas", explicou.