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Fed espera inflação nos EUA em alta em nível desconfortável por "algum tempo"

Dirigentes avaliam que o crescimento do emprego deve desacelerar, reduzindo pressão sobre salários e inflação

Sede do Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos (Leah Millis/Reuters)

Sede do Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos (Leah Millis/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de agosto de 2022 às 16h47.

Última atualização em 17 de agosto de 2022 às 17h10.

Os dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) avaliam que a inflação deve seguir alta em um nível desconfortável por "algum tempo". A avaliação está na ata da reunião de política monetária mais recente da instituição, publicada nesta quarta-feira, 17.

"Os dirigentes observaram que a inflação permaneceu inaceitavelmente alta e bem acima da meta de longo prazo de 2%. À luz da leitura alta do CPI para junho, os dirigentes ainda notaram que a inflação do PCE provavelmente teria aumentado ainda mais naquele mês. Eles também concordaram que as pressões inflacionárias eram de base ampla e havia pouca evidência até o momento de que as pressões inflacionárias estavam diminuindo", diz o texto, ao mencionar o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) e o índice de preços de gastos com consumo (PCE) — sendo este último a medida de inflação preferida do Fed.

Ainda segundo o documento, os membros do BC americano notaram que a guerra na Ucrânia e os eventos relacionados estavam criando uma pressão ascendente adicional sobre a inflação e pesando sobre a atividade econômica global.

Por outro lado, os bloqueios contra a covid-19 da China afetaram as cadeiras de suprimentos "modestamente". Já os gargalos de oferta continuam a pressionar os preços, sendo que houve sinais de melhora gradual.

Diante desse cenário, os dirigentes ressaltaram que estão bastante atentos aos riscos para a inflação. "Eles esperam que o adequado fortalecimento da política monetária e um eventual alívio dos desequilíbrios de oferta e demanda trariam a inflação de volta a níveis consistentes com o objetivo de longo prazo do Comitê e manteriam as expectativas de inflação de longo prazo bem ancoradas", traz o documento.

Desde a última reunião, quando uma suavização da alta de juros para 0,50 ponto percentual (p.p.) foi sinalizada, dados do mercado de trabalho americano alimentaram as apostas de manutenção do ritmo de ajuste de 0,75 p.p. por reunião.

A ata, no entanto, não estabelece um ritmo de elevações e indica que o ciclo de aperto monetário ficará sujeito à divulgação de novos dados sobre o andamento da inflação.

O documento ressaltou, a propósito, que o Fed pode tirar o pé do acelerador ao subir os juros à medida que encontre os impactos da política monetária na inflação. A interpretação ajudou as bolsas ao redor do mundo. Os principais índices americanos reduziram as perdas, enquanto o Ibovespa ganhou força.

“Os dirigentes julgaram que, à medida que a postura da política monetária se tornasse ainda mais restritiva, provavelmente seria apropriado desacelerar o ritmo dos aumentos da taxa básica de juro em algum momento enquanto [o Fed] avalia os efeitos dos ajustes cumulativos da política monetária sobre a atividade econômica e a inflação”, disse a ata.

Emprego e inflação

Os dirigentes consideram que, com condições financeiras mais apertadas e uma moderação no avanço da demanda agregada, o crescimento do emprego "deve desacelerar mais adiante". Segundo eles, isso deve ajudar a equilibrar melhor a demanda e a oferta por trabalho, além de reduzir as pressões de alta sobre o salários nominais, o que por sua vez ajudará a inflação à retornar à meta de 2%.

Para vários dos dirigentes, a moderação nas condições do mercado de trabalho pode demorar mais, em comparação com a desaceleração na atividade econômica.

Os dirigentes consideram que essa moderação nas condições do mercado de trabalho deve incluir um recuo no número de vagas abertas, bem como uma "elevação moderada no desemprego, da taxa bastante baixa atual".

A ata ainda aponta que dois dos dirigentes disseram na reunião que as empresas estão interessadas em manter pessoal, um fator que pode limitar a alta nas demissões associada à desaceleração no mercado de trabalho.

Na avaliação do Fed, os ganhos de empregos "seguem robustos nos últimos meses", com a taxa de desemprego continuando em nível baixo, enquanto a inflação segue "elevada". Para os dirigentes, o mercado de trabalho continua forte, com taxa de desemprego "muito baixa" e um crescimento elevado do salário nominal.

Segundo o BC americano, muitos dirigentes comentaram que há sinais preliminares de uma desaceleração na perspectiva para o mercado de trabalho, entre eles altas nos pedidos de auxílio-desemprego, redução nos níveis de demissão e cargos vagos, crescimento menor da geração de vagas que mais cedo neste ano e relatos de menos contratações em alguns setores. O crescimento do salário real, porém, segue "forte" segundo uma série de medidas, diz a ata.

(Com a Redação)

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