Enchentes na Austrália terão impacto marginal sobre siderúrgicas brasileiras
HSBC projeta que os números da CSN seriam os mais afetados pela alta nos preços do carvão
Da Redação
Publicado em 11 de janeiro de 2011 às 16h12.
São Paulo – Os danos causados pelas enchentes no estado de Queensland, na Austrália, fizeram com que muitas empresas produtoras de carvão coqueificável interrompessem suas atividades. Relatório do HSBC estima que a produção australiana de carvão seria de cerca de 100 milhões de toneladas em 2011, dos quais 95% seriam exportados. “Nossa atual projeção é de aumento nos preços do carvão coqueificável, atingindo 250 dólares/tonelada em 2011, embora os preços praticados no mercado à vista possam apresentar uma alta ainda maior no curto-prazo na medida em que o mercado supera os efeitos das enchentes.
De acordo com Jonathan Brandt, os efeitos deste problema deve ser marginal sobre as siderúrgicas brasileiras. “Não esperamos mudanças estruturais no equilíbrio entre oferta e procura para a produção de carvão coqueificável. A maioria das siderúrgicas brasileiras não possuem ativos de carvão, exceto a CSN (CSNA3), que detém uma participação de 16% na Riversdale Mining”.
Brandt explica que, como as siderúrgicas nacionais importam o carvão coqueificável, a alta nos preços é considerada negativa, salvo se acompanhada de uma alta nos preços do aço, que é considerada improvável no primeiro trimestre devido aos níveis altos dos estoques. “Nossa análise sobre o impacto para as três siderúrgicas brasileiras assume apenas a alta nos preços do carvão. Consequentemente, acreditamos que a Gerdau será a menos afetada, seguida pela CSN (CSNA3) e pela Usiminas (USIM5), sendo esta última a mais impactada” projeta o analista.
Confira as análises individuais de cada companhia feitas pelo HSBC:
Gerdau livre de fortes impactos
A Gerdau (GGBR4) utiliza carvão principalmente em sua usina de Ouro Branco (MG), onde possui capacidade de aço bruto de 4,5 milhões de toneladas, ou 18% do total, enquanto suas outras unidades ainda usam gás natural e eletricidade como matéria-prima energética, conforme lembra o relatório do HSBC.
“Se considerarmos um cenário pessimista para a Gerdau e assumirmos que o preço no mercado à vista do carvão coqueificável terá alta, nossa análise mostra uma alta inferior a 1% nos custos totais de produção. Logo, a companhia seria provavelmente a menos afetada, pois o carvão representa apenas cerca de 5% do custo total das mercadorias vendidas”, explica o Brandt.
Recomendação: neutral (alocação em linha com a média de mercado)
Preço-alvo (dez/11): 23,50 reais
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Usiminas: operações garantidas no curto prazo
Para a Usiminas o impacto é considerado mais complexo de ser mensurado. “O impacto sobre a Usiminas é um pouco mais difícil de quantificar, pois a empresa ainda possui alguns contratos de carvão com alto custo firmados em 2009”, lembra o HSBC.
Jonathan Brandt ressalta que o carvão coqueificável foi responsável por 16% dos custos totais das mercadorias vendidas no terceiro trimestre pela companhia. “Os estoques de carvão tendem a durar de 45 a 60 dias, mas acreditamos que a Usiminas poderia apresentar um aumento de três meses no estoque disponível, ficando em uma situação confortável para o primeiro trimestre deste ano. Qualquer impacto da alta nos preços do carvão não afetará suas operações antes do segundo trimestre de 2011”.
Ao assumir que o custo médio da alta do carvão para a Usiminas passe de 250 dólares/tonelada para 300 dólares/tonelada, a estimativa aos custos totais ficaria em levemente superior a 3%.
Recomendação: overweight (alocação acima da média de mercado)
Preço-alvo (dez/11): 26 reais
CSN, a mais impactada
Na visão do HSBC, a CSN (CSNA3) seria a mais afetada pela alta nos preços do carvão em suas operações com aço, porém menos que a Usiminas de forma consolidada, devido à sua exposição às vendas de minério de ferro.
O relatório lembra que no terceiro trimestre, o carvão coqueificável foi responsável por 31% dos custos totais de produção, ou 16% do custo total das mercadorias vendidas. “Elevar o custo do carvão coqueificável de 250 dólares/tonelada para 300 dólares/tonelada aumentaria os custos totais de produção em um pouco mais de 6%, ficando acima do 1% da Gerdau e dos 3% da Usiminas”, avalia o Brandt. Porém, o analista acredita que a CSN continuaria a ser a mais lucrativa dentre essas três siderúrgicas.
Recomendação: overweight (alocação acima da média de mercado)
Preço-alvo (dez/11): 36,50 reais