Investidor: fundo negociado em bolsa focado em ações do país latino-americano tem as apostas mais pessimistas entre todos os países (Reuters/Aly Song)
Da Redação
Publicado em 1 de agosto de 2016 às 18h31.
Nas ações, nos títulos e no problemático peso, os mercados estão soando o alarme em relação ao futuro do México com um novo presidente nos EUA.
Um fundo negociado em bolsa focado em ações do país latino-americano tem as apostas mais pessimistas entre todos os países, enquanto hedge funds como o Finisterre Capital, de Londres, estão investindo em seguros contra calotes de crédito sobre títulos mexicanos.
O Société Générale projeta que o peso continuará tendo desempenho inferior ao de seus pares dos mercados emergentes em um momento em que o país está sob ataque em uma das disputas eleitorais americanas mais rancorosas de que se tem memória.
Os gestores de recursos estão acumulando posições pessimistas em um momento em que o candidato republicano, Donald Trump, que lidera algumas pesquisas de opinião, propõe a apreensão de remessas, o aumento das deportações e a saída do Tratado Norte-americano de Livre Comércio (Nafta, na sigla em inglês), por meio do qual o México multiplicou em sete vezes suas exportações.
Até mesmo a democrata Hillary Clinton chamou o tratado de “equívoco”, colocando em dúvida o destino de US$ 300 bilhões em exportações mexicanas.
“O México terá dificuldades enquanto não houver clareza sobre quem será o próximo presidente dos EUA e qual será a situação do comércio exterior”, disse James Redpath, que administra 4 bilhões de dólares canadenses (US$ 3 bilhões) em títulos na Mawer Investment Management em Calgary, no Canadá.
Desde que Trump iniciou sua campanha presidencial, Redpath reduziu a alocação de títulos soberanos denominados em pesos em seu fundo de 7,5 por cento para 4,5 por cento.
Maiores prejuízos
Qualquer sinal de que o novo presidente dos EUA possa buscar a renegociação do Nafta, promulgado em 1994, coloca o holofote sobre o México, porque o país exportou US$ 322 bilhões em produtos aos EUA e ao Canadá no ano passado, quase sete vezes mais do que os 13 maiores parceiros comerciais seguintes combinados, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Faltando apenas três meses para que os americanos votem em seu novo líder, o peso, com uma desvalorização de 8 por cento em relação ao dólar neste ano, apresenta o segundo pior desempenho do mundo emergente, atrás apenas da Argentina.
Em junho, o Citigroup e o Barclays disseram que a venda do peso a descoberto era uma forma de se proteger contra uma eventual vitória de Trump.
Os mercados de crédito e de ações também estão mostrando sinais de estresse.
Os contratos de CDS subiram 15 pontos-base, para 152, desde que atingiram o menor patamar em oito meses, em 13 de julho. Isso coloca o México, classificado pela Moody’s Investors Service com o sétimo grau de investimento mais elevado, na companhia de países como a Bulgária e a Itália, que estão classificados dois níveis abaixo.