Dólar volta a superar a 2ª maior cotação de fechamento na história
Moeda americana fechou em 4,1934 reais em seu terceiro pregão de alta consecutiva
Reuters
Publicado em 14 de novembro de 2019 às 17h18.
Última atualização em 14 de novembro de 2019 às 19h25.
O dólar fechou em alta de 0,16% contra o real nesta quinta-feira (14) e fechou em 4,1934 reais - ao segundo maior valor da história para um encerramento de sessão no mercado à vista. A valorização da moeda americana ocorre em dia de enfraquecido apetite por risco no exterior em meio a preocupações com a saúde da economia global.
Apenas a taxa de encerramento do dia 13 de setembro de 2018 (4,1957 reais na venda) é mais alta.
Mais cedo, o dólar chegou a cair, marcando uma mínima de 4,1640 reais na venda (-0,55%).
Na B3, em que os negócios vão até as 18h15, o dólar futuro tinha valorização de 0,38%, a 4,1905 reais, após alcançar 4,2030 reais na máxima intradiária.
Segundo analistas, o movimento do câmbio no dia foi orientado sobretudo pelo exterior, que sofreu com aversão a risco diante de dados fracos na China, no Japão e na Alemanha, em meio a uma contínua incerteza sobre o status das negociações comerciais entre EUA e China.
A fragilidade nos mercados latino-americanos também pesou. A moeda do Chile voltou a atingir mínimas recordes, mesmo depois de o banco central local ter anunciado ofertas de liquidez.
"O real é uma das moedas mais líquidas da região, e isso acaba jogando contra nós num momento de maior instabilidade regional", disse Matheus Gallina, operador de multimercados da gestora Quantitas.
O raciocínio é que fundos, gestores e operadores vão buscar ajustar posições em ativos com maior saída --na América Latina, caso do real e do peso mexicano.
Desde a frustração com o leilão da cessão onerosa (6 de novembro), o dólar acumula um salto de 5,01% ante o real (desvalorização de 4,77% para a moeda brasileira). O aumento da incerteza política doméstica depois da soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também tem influenciado as cotações.
Mas Gallina, da Quantitas, lembra que o dólar tem subido sem grandes solavancos, o que diferencia o momento atual do fim de agosto, quando o Banco Central precisou reforçar atuações no câmbio via dólar à vista como resposta à disparada da moeda para perto de 4,20 reais.
"O BC vai evitar a todo custo ter um patamar como alvo de atuação. Não há movimento disruptivo no câmbio neste momento", disse o operador.
O Itaú Unibanco destaca que o fluxo cambial negativo neste ano combinado com a queda dos juros a mínimas recordes tem pressionado o real, mas indica que a volta do crescimento "pode compensar" esses fatores, conforme a divisa muda o perfil de um ativo de "carry" para crescimento.
Nesse sentido, o IBC-Br de setembro --divulgado mais e que trouxe números positivos-- ajudou a limitar a alta do dólar nesta quinta.
Apesar da desvalorização do real desde o leilão da cessão onerosa, o J.P. Morgan não acredita em início de uma tendência "sustentável de liquidação".
O banco diz estar com recomendação "acima da média" para o real em seu portfólio e cita, entre as razões, entendimento de que o câmbio está "fundamentalmente" deslocado de seu valor justo, a percepção de que o mercado reagiu "em excesso" ao noticiário sobre Lula e uma visão mais positiva para as moedas emergentes.