Dólar fecha acima de R$ 5,40 e bate novo recorde
Possibilidade de corte de juros e precificação de véspera negativa ditaram o ritmo do mercado de câmbio
Guilherme Guilherme
Publicado em 22 de abril de 2020 às 17h10.
Última atualização em 22 de abril de 2020 às 17h13.
O dólar voltou a bater recorde de fechamento contra o real, nesta quarta-feira, 22, depois de quase três semanas. A valorização da moeda americana foi impulsionada pela expectativa de que o Brasil volte a cortar a taxa básica de juros Selic e com os investidores precificando o movimento da véspera, quando o mercado brasileiro esteve fechado e a maioria dos ativos de risco se desvalorizaram em razão da maior instabilidade na indústria de petróleo.
Com isso, o dólar comercial subiu 1,89% e encerrou cotado a 5,409 reais. Na máxima, a moeda americana tocou os 5,410 reais, renovando também a o recorde intradiário. O dólar turismo avançou 0,5%, a 5,63 reais.
Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos vê os recentes comentários do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, como indicativos de que a Selic pode voltar a cair. “Não estão mais descartando a possibilidade do ciclo de cortes continuar. A redução dos juros parece estar mais palpável”, comentou.
Embora juros mais baixos possam ajudar a estimular a economia, também diminuem a atratividade dos títulos brasileiros em relação aos de países que pagam maior prêmio – o que afasta o capital estrangeiro especulativo e, consequentemente, reduz a quantidade de dólar no país.
O mercado de câmbio brasileiro também sentiu os efeitos da véspera, quando divisas emergentes chegaram a perder mais de 2% em relação ao dólar, influenciadas pelo mercado de petróleo. “Corrigimos o atraso”, disse Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimentos.
Apesar da preocupação dos investidores sobre o preço do “ouro preto”, o cenário externo deu sinais de recuperação. Nesta quarta,o petróleo WTI, que chegou a ser negociado no campo negativo no início desta semana, subia quase 20%, enquanto o petróleo brent, referência para a política de preços da Petrobras, avançava 6%.
No exterior, parte do bom humor desta quarta-feira, se deu devido à aprovação do pacote de estímulo de 484 bilhões de dólares no Senado americano. O projeto, que prevê ajuda a pequenas empresas e hospitais, ainda precisa passar pela Câmara e ser assinado pelo presidente Donald Trump para entrar em vigor.