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Dólar sobe pelo quinto mês seguido e fecha semestre 17% mais caro

Depois de ter caído 0,43 por cento nos três primeiros meses do ano, o dólar ficou 17,49 por cento mais caro de abril a junho

Dólar: moeda norte-americana terminou a sexta-feira em alta e se reaproximando dos 3,90 reais (Sertac Kayar/Reuters)

Dólar: moeda norte-americana terminou a sexta-feira em alta e se reaproximando dos 3,90 reais (Sertac Kayar/Reuters)

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Reuters

Publicado em 29 de junho de 2018 às 17h09.

São Paulo - O dólar terminou a sexta-feira em alta e se reaproximando dos 3,90 reais, nível que ultrapassou no começo do mês e obrigou o Banco Central a promover intervenções mais intensas para tentar conter a volatilidade e prover liquidez ao mercado cambial.

E o nervosismo deve continuar no mercado no segundo semestre, diante da indefinida eleição presidencial doméstica, dos temores com a guerra comercial dos Estados Unidos com seus parceiros e ainda a trajetória de alta de juros norte-americanos. O dólar avançou 0,56 por cento, a 3,8773 reais na venda, acumulando elevação de 2,49 por cento na semana.

O dólar terminou junho com valorização de 3,76 por cento, no quinto mês seguindo em elevação, acumulando no primeiro semestre de 2018 valorização de 16,98 por cento. Depois de ter caído 0,43 por cento nos três primeiros meses do ano, o dólar ficou 17,49 por cento mais caro de abril a junho.

"Acho difícil o dólar ficar abaixo de 4 reais no terceiro trimestre...O viés do câmbio é de alta, embora em julho, com as férias no Hemisfério Norte e recesso (do Congresso no Brasil), a moeda possa continuar oscilar ao redor de 3,80 reais", avaliou o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Lima Gonçalves.

Daqui para a frente, as pesquisas devem ganhar mais força, com a proximidade das eleições, o que pode elevar o nervosismo se, de fato, nenhum candidato com o perfil defendido pelo mercado, mais reformista, ganhe força.

Os investidores também seguirão monitorando a retórica do presidente Donald Trump com relação a seus parceiros comerciais, sobretudo a China, o que vem azedando o humor nas últimas semanas. Esse cenário, junto com a perspectiva de mais duas altas de juros nos Estados Unidos é maléfico aos emergentes, já que os investidores preferem ativos menos arriscados.

Há ainda alguma expectativa para a forma como o Banco Central vai atuar em julho, depois da forte intervenção que vem realizando no mercado cambial desde meados de maio. Em agosto, vencem 14,023 bilhões de dólares em contratos de swap cambial tradicional, equivalentes à venda futura de dólares, e o mercado aguarda anúncio para a rolagem dos contratos.

"O volume é grande e o mercado está muito sensível. Nem pensa que o BC não vai rolar esse volume", avaliou o operador da corretora Spinelli, José Carlos Amado.

O estoque total de swap estava em 67,414 bilhões de dólares e o presidente do BC, Ilan Goldfajn, já repetiu diversas vezes que não vê problemas em aumentar esse estoque, se necessário.

Nesta semana, no entanto, o BC não fez nenhum leilão de novos swaps, depois de ter injetado o equivalente a 43,616 bilhões de dólares com essas operações desde 14 de maio.

Nesta sexta-feira, o dólar passou a manhã de olho no exterior, mas a formação da taxa Ptax deixou o mercado mais técnico e volátil. A Ptax é uma taxa calculada pelo Banco Central e que serve de referência para diversos contratos cambiais, levando os investidores a "brigarem" pelas cotações que são mais interessante a eles, causando mais vaivém no mercado.

Passada a formação da Ptax, o dólar firmou alta ante o real com o exterior, onde a moeda também passou a subir ante as divisas de países emergentes.

"O primeiro semestre terminou e não deve deixar saudades", resumiu o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello. (Edição de Patrícia Duarte e Iuri Dantas)

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