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Dólar sobe 0,39% com cautela sobre cena política

Em Brasília, os Ministérios foram esvaziados após tumultos violentos entre policiais e manifestantes que protestavam contra o presidente e as reformas

Dólar: "Está ganhando força no mercado a crença na solução através de eleição indireta com um nome de consenso" (AFP/AFP)
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Reuters

Publicado em 24 de maio de 2017 às 17h27.

São Paulo - Depois de iniciar a sessão em queda, com os investidores um pouco mais otimistas, o dólar inverteu o movimento e acabou fechando em alta frente ao real nesta quarta-feira após fortes manifestações contra o presidente Michel Temer e as reformas da Previdência e trabalhistas que aconteceram em Brasília.

O dólar avançou 0,39 por cento, a 3,2791 reais na venda, mas chegou a bater 3,2833 reais na máxima do dia, na reta final do pregão.

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Na mínima, a moeda norte-americana foi a 3,2487 reais, quando os investidores ainda tinham a percepção de que a crise política envolvendo Temer não impediria a tramitação das reformas no Congresso Nacional.

O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,25 por cento no final da tarde.

"A insegurança gerada por um ambiente político conturbado... e manifestações agressivas nas ruas fazem com que os investidores busquem ativos mais seguros", comentou o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello.

Em Brasília, os Ministérios foram esvaziados após tumultos violentos entre policiais e manifestantes que protestavam contra o presidente e as reformas. Temer autorizou o uso das Forças Armadas na capital para garantia da lei e da ordem.

Temer é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça, investigação aberta com base em acordo de delação fechado por Joesley Batista, do grupo JBS. O presidente teve uma conversa gravada pelo empresário.

Por boa parte deste pregão, o dólar foi negociado em baixa ou com leves variações frente ao real, com os investidores apostando numa solução para a crise política pelos partidos da base do governo que viabilizasse a votação das reformas.

"Está ganhando força no mercado a crença na solução através de eleição indireta com um nome de consenso, que deve manter a tramitação das reformas estruturais", afirmou pela manhã o diretor da consultoria de valores mobiliários Wagner Investimentos, José Faria Júnior.

Temer já negou que renunciará e uma possibilidade dele deixar o cargo seria por meio do julgamento de ação no Tribunal Superior eleitoral (TSE), que pode cassar a chapa Dilma Rosseff-Temer, marcado para 6 de junho.

Depois do repique da semana passada, quando saltou para perto de 3,40 reais com a eclosão da crise política, o dólar passou a oscilar numa banda entre 3,25 e 3,30 reais, deixando evidente a cautela do mercado neste momento.

O Banco Central realizou mais um leilão de swaps cambiais tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares --, colocando toda a oferta de 8 mil contratos para rolagem do vencimento de junho.

Desta forma, já rolou 2,8 bilhões de dólares do total de 4,435 bilhões de dólares que vencem no mês que vem.

O BC não anunciou leilão de novos swaps para esta sessão, depois de realizá-los nos últimos três dias.

 

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