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Dólar salta e vai a R$3,81, maior nível em mais de dois anos

O dólar avançou 1,78 por cento, a 3,8100 reais na venda, maior nível desde 2 de março de 2016 (3,8877 reais)

Dólar: na máxima do dia, a moeda norte-americana chegou a 3,8163 reais (Adam Gault/Thinkstock/Thinkstock)
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Reuters

Publicado em 5 de junho de 2018 às 17h05.

Última atualização em 5 de junho de 2018 às 17h27.

São Paulo - Apesar de o Banco Central ter ampliado com força sua atuação, o dólar saltou e fechou no patamar de 3,81 reais nesta terça-feira, o maior em mais de dois anos, em meio à piora da avaliação dos investidores sobre a cena política local e com o exterior pesando sobre os ativos.

O dólar avançou 1,78 por cento, a 3,8100 reais na venda, maior nível desde 2 de março de 2016 (3,8877 reais). Na máxima do dia, a moeda norte-americana chegou a 3,8163 reais. O dólar futuro tinha alta de cerca de 1,65 por cento no final da tarde.

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"As perspectivas são muito ruins... A crise fiscal é séria", afirmou o economista e sócio da NGO Corretora Sidnei Nehme. "A economia não anda, nem vai andar, porque empresários não vão investir com esse elevado grau de incerteza. Todo o cenário ficou ruim", acrescentou ele.

A moeda norte-americana já vinha operando com elevação desde a abertura do negócios, influenciada pelo cenário político local, a poucos meses das eleições presidenciais , e pelo movimento no exterior, que ganhou força após dados mais robustos sobre a economia norte-americana.

No exterior, o dólar subia frente a divisas de países emergentes, como o rand sul-africano e o peso mexicano .

A atividade do setor de serviços dos Estados Unidos acelerou em maio, indicando crescimento econômico robusto no segundo trimestre, enquanto outros dados mostraram que a abertura de vagas de trabalho atingiu máxima recorde em abril, superando as contratações.

Outros indicadores fortes de emprego dos Estados Unidos divulgados recentemente já haviam reavivado apostas de que o Federal Reserve, banco central do país, pode aumentar a taxa de juros mais três vezes este ano. As expectativas do mercado, por enquanto, são de mais dois aumentos até dezembro.

Juros elevados têm potencial para atrair à maior economia do mundo recursos aplicados hoje em outros mercados, como o brasileiro.

Com isso, o dólar disparou no mercado brasileiro também, desencadeando um movimento conhecido como "stop loss", quando os investidores desfazem suas posições rapidamente diante de sinais que consideram mais negativos. Segundo o diretor de operações da Mirae Asset, Pablo Spyer, não houve saída de recursos do mercado, apenas esse movimento técnico.

Assim, o BC brasileiro decidiu entrar mais pesado e anunciou novo leilão de até 30 mil novos swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, nesta sessão. Vendeu 16.210 contratos e, em seguida, anunciou outro leilão, do qual também não vendeu a oferta integral, mas apenas 6.110 do total de 13.790 swaps restantes.

Logo após essa intervenção mais forte do BC, o dólar chegou a bater 3,7581 reais na mínima do dia, mas as apreensões voltaram ao mercado em seguida.

A autoridade monetária já havia feito leilão o esperado de novos swaps neste pregão e vendeu a oferta integral de até 15 mil contratos, injetando o equivalente a 3,366 bilhões de dólares no mercado neste mês, incluindo todos os leilões de novos contratos.

E também vendeu integralmente a oferta de até 8.800 swaps para rolagem, já somando 1,320 bilhão de dólares do total de 8,762 bilhões de dólares que vence em julho. Se mantiver esse volume até o final do mês, rolará integralmente o volume.

"O mercado não está tão interessado em swaps", avaliou o operador de câmbio da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado. "Fica a percepção que está querendo outra forma de intervenção e pode ser o leilão de linha, que supre a demanda no mercado à vista", acrescentou ele, referindo-se aos leilões do BC de venda de dólares com compromisso de recompra.

A alta do dólar na sessão também foi influenciada pela cena política local, após a divulgação da pesquisa de intenção de votos do DataPoder360 que mostrou o candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) na segunda posição, atrás de Jair Bolsonaro (PSL), com Geraldo Alckmin (PSDB), visto pelo mercado como candidato com perfil reformista, sem decolar.

Além disso, a pesquisa mostrou o ex-prefeito de São Paulo João Doria, também do PSDB, como um dos possíveis candidatos, mas também sem força.

"A questão é que o candidato de esquerda tem se mostrado mais competitivo do que um candidato pró-mercado", afirmou o gestor de derivativos de uma corretora local.

Os investidores ainda continuaram cautelosos com os desdobramentos da greve dos caminhoneiros, que afetou o abastecimento do país nas últimas semanas. O governo acabou cedendo na maioria das reivindicações da categoria para baixar os preços do diesel, gerando uma conta bilionária que impactará os cofres públicos, prejudicando o ajuste fiscal.

Agora, o governo trabalha para mudar a periodicidade dos reajustes de preços de gasolina sem mudar a política de preços da Petrobras. (Edição de Patrícia Duarte)

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