Dólar fecha em queda de 3% com maior otimismo sobre cura do covid-19
Apesar de PIB negativo nos Estados Unidos, notícia sobre remdesivir anima investidores
Guilherme Guilherme
Publicado em 29 de abril de 2020 às 17h10.
Última atualização em 29 de abril de 2020 às 17h58.
O dólar fechou em queda contra o real, nesta quarta-feira, 29, pelo terceiro dia consecutivo. O movimento positivo para a moeda brasileira refletiu o maior apetite a investimentos agressivos nos mercados internacionais, após a farmacêutica Gilead informar que seu medicamento remdesevir atingiu seu “ objetivo primário ” em teste contra o coronavírus. Neste pregão, o dólar comercial caiu 2,9% e fechou cotado a 5,355 reais, enquanto o dólar turismo recuou 2,8%, a 5,57 reais.
Apesar do otimismo com o sucesso do medicamento, que pode fazer com que aumente a velocidade do afrouxamento das quarentenas, o produto interno bruto (PIB) americano, que teve retração de 4,8% no primeiro trimestre, pesou no lado negativo. O resultado foi pior que a expectativa do mercado, que era de uma contração de 4%.
"O PIB foi muito ruim. Se não fosse pelo medicamento, o mercado iria piorar bem", afirmou Bruno Lima, analista de renda variável da Exame Research.
Nos Estados Unidos, onde o coronavírus faz o maior número de infectados e vítimas fatais, o Federal Reserve ( Fed ) manteve a taxa básica de juro no intervalo entre 0% e 0,25%, mesmo após a contração da economia americana. A manutenção da taxa já era amplamente esperada pelo mercado. Após a decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell reafirmou o compromisso de usar todas as ferramentas possíveis para atenuar os impactos econômicos do coronvírus - o que ajudou a endossar o tom positivo nos mercados.
Para Nagem, o dólar pode entrar em uma tendência de baixa. “Agora deve começar a corrigir o exagero das últimas semanas. Com o mercado melhorando lá fora e sem a preocupação da saída do [ ministro da Economia, Paulo ] Guedes, tem tudo para voltar para os 5 reais e, quem sabe, para a casa dos 4 reais”, afirmou.
Mas um declínio mais forte do dólar ainda divide opiniões no mercado. Para Sidnei Nehme, economista e diretor executivo da corretora de câmbio NGO, o dólar valorizado faz parte de uma estratégia do governo para incentivar o consumo de produtos nacionais e impulsionar a retomada econômica por meio do agronegócio. “O setor ganha propulsão adicional com a manutenção do câmbio alto”, escreveu em relatório.
Na sessão anterior, o dólar fechou em queda de 2,6%, cotado em 5,517 reais. Na semana, a moeda americana já acumula queda de 5,5% frente ao real.