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Dólar fecha na mínima em mais de 2 semanas; Bolsa encerra em leve alta

Com falta de novidades sobre a reforma da previdência, moeda caiu 0,62% e Ibovespa avançou 0,08%

Dólar: moeda encerrou o pregão a R$ 3,84 (Mohamed Abd El Ghany/Reuters)

Dólar: moeda encerrou o pregão a R$ 3,84 (Mohamed Abd El Ghany/Reuters)

BC

Beatriz Correia

Publicado em 8 de abril de 2019 às 17h14.

Última atualização em 8 de abril de 2019 às 17h55.

O dólar fechou no menor patamar em mais de duas semanas nesta segunda-feira, 8, com a ausência de novidades sobre a reforma previdenciária abrindo espaço para o mercado de câmbio captar o ambiente de dólar fraco no mundo que predominou nesta sessão.

A moeda norte-americana caiu 0,62%, a 3,8491 reais na venda. É o menor patamar para um encerramento desde 21 de março, quando a cotação fechou em 3,8001 reais. Na B3, a referência do dólar futuro cedia 0,59%, a 3,8560 reais.

No exterior, o índice que mede o valor do dólar frente a uma cesta de divisas caía 0,36 por cento no fim da tarde. O real teve o terceiro melhor desempenho dentre um conjunto de 33 pares do dólar, atrás apenas da coroa norueguesa e do rublo russo, no dia em que as commodities bateram máximas desde meados de novembro.

A queda do dólar nos mercados internacionais foi atribuída à melhora do sentimento após uma série de dados mais fortes em economias desenvolvidas amenizar temores quanto a uma desaceleração da atividade ainda mais intensa que a prevista.

Esta sessão trouxe poucas novidades sobre o andamento da reforma da Previdência, foco do mercado. O relator da reforma na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, Delegado Marcelo Freitas (PSL-MG), afirmou, em publicação nas redes sociais nesta segunda-feira, que se coloca como favorável à proposta do governo do presidente Jair Bolsonaro.

De acordo com o Goldman Sachs, além do dia positivo para moedas de risco, a depreciação sofrida pelo real recentemente também deixou a moeda brasileira tecnicamente mais preparada para ganhos em dias benignos.

Entre 31 de janeiro, quando o dólar bateu a mínima recente (3,6588 reais), e a máxima de 3,9545 reais alcançada em 27 de março (3,9545 reais), o dólar subiu 8,08% (real se desvalorizou 7,48 por cento).

"O 'carry' (retorno com juros) do real é baixo em termos nominais, mas os níveis da moeda estão mais atraentes depois de algumas semanas de performance mais fraca em relação a seus pares", disseram estrategistas do Goldman em nota a clientes. "Se o crescimento da China melhorar e os preços das commodities continuarem firmes, a moeda deverá apreciar", acrescentam os profissionais.

Ibovespa

Já o Ibovespa fechou quase estável tendo trocado de sinal várias vezes durante o pregão, em meio a um clima mais cauteloso em praças acionárias no exterior, mas avanço em preços de commodities e sem novidades sobre a reforma.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa encerrou com variação positiva de 0,27%, a 97.369,29 pontos, após oscilar da mínima de 96.742,91 pontos à máxima de 97.610,25 pontos.

O volume financeiro alcançou 11,97 bilhões de reais, abaixo da média diária do ano de 16,42 bilhões de reais.

Wall Street fechou com variações tímidas, reflexo de posições mais comedidas diante do começo da temporada de balanços corporativos nos EUA, com a queda da Boeing após corte em produção pressionando o Dow Jones.

O petróleo, por sua vez, atingiu máximas de cinco meses por expectativas de que a oferta global fique apertada por conta de conflitos na Líbia, cortes liderados pela Opep e sanções dos EUA sobre Venezuela e Irã.

Também os preços do minério de ferro na China ampliaram um rali rumo a níveis recordes em meio a preocupações sobre o aperto na oferta.

Do panorama doméstico, o primeiro pregão da semana não trouxe novidades relevantes sobre a tramitação da reforma da Previdência, que continua dominando holofotes.

Há expectativas de que o relatório sobre a admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma seja apresentado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados nesta terça-feira.

Também no radar estão os movimentos de articulação para a formação da base aliada do governo com vistas para o andamento do texto que muda as regras das aposentadorias.

"A semana começou com a bolsa de lado à espera de novidades sobre a reforma da Previdência, com as atenções voltadas para a sessão na CCJ amanhã", disse o operador Alexandre Soares, da BGC Liquidez, destacando também o volume menor na sessão.

Destaques

- VALE valorizou-se 2,71%, tendo de pano de fundo alta nos preços do minério de ferro na China. Analistas do Bradesco BBI reafirmaram a recomendação 'outperform' para as ações de mineradora, bem como sua preferência pelos papéis no universo de cobertura de matérias-primas na América Latina, enquanto elevaram o preço-alvo para 66 reais. Eles veem o preço do minério de ferro oscilando na faixa de 80 a 100 dólares a tonelada durante 2019. A mineradora também assinou termo de compromisso com a Defensoria Pública de Minas Gerais por meio do qual atingidos pelo rompimento de barragem da companhia em Brumadinho (MG) poderão optar por acordos extrajudiciais para indenizações, individuais ou por núcleo familiar.

- PETROBRAS ON e PETROBRAS PN avançaram 2,15 e 1,63%, respectivamente, após a francesa Engie e o fundo canadense Caisse de Dépôt et Placement du Québec (CDPQ) comprarem 90 por cento de sua unidade Transportadora Associada de Gás (TAG) por 8,6 bilhões de dólares. As ações da petrolífera de controle estatal também tiveram de pano de fundo a alta dos preços do petróleo no mercado externo e melhora na recomendação dos recibos dos papéis da companhia negociados nos Estados Unidos por analistas do Credit Suisse para 'ouperform'. Também no radar está a reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) nesta terça-feira, na qual o governo federal prevê acertar os últimos detalhes para o acordo com a Petrobras sobre a chamada cessão onerosa.

- CEMIG PN fechou em alta de 2,14%, em meio a expectativas sobre a privatização da elétrica controlada pelo governo mineiro, após o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, afirmar à Bloomberg que um plano para a privatização da companhia será encaminhado à Assembleia Legislativa e poderá ser aprovado ainda neste ano.

- JBS avançou 3,92%, em um contexto benigno para o segmento de carne bovina. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) disse que as exportações brasileiras de carne bovina cresceram 2,6 por cento no primeiro trimestre ante igual intervalo de 2018, para 405,7 mil toneladas, o melhor desempenho para o período em 12 anos. MARFRIG encerrou o dia em alta de 2,1%.

- B2W caiu 4,98%, em sessão negativa para setor de varejo de modo geral, com VIA VAREJO fechando em baixa de 3,53 por cento e MAGAZINE LUIZA cedendo 1,91%.

- ITAÚ UNIBANCO PN caiu 0,61%, pesando do lado negativo dada a fatia relevante que detém no Ibovespa, enquanto BRADESCO PN subiu 0,14%.

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