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Dólar fecha na mínima do ano à espera de estímulos nos EUA e atento a juros no Brasil

O dólar tornou a fechar em firme queda ante o real nesta quinta-feira, 14, indo ao menor patamar deste o início do ano. A divisa americana voltou a ficar abaixo de um importante suporte técnico, o que poderia indicar mais recuos à frente, com a moeda repercutindo dia positivo no exterior e à espera de […]

Mais de 14 milhões de brasileiros se tornaram empreendedores em meio à pandemia, aponta pesquisa (Lee Jae-Won/Reuters)
BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 14 de janeiro de 2021 às 18h02.

Última atualização em 15 de janeiro de 2021 às 11h47.

O dólar tornou a fechar em firme queda ante o real nesta quinta-feira, 14, indo ao menor patamar deste o início do ano. A divisa americana voltou a ficar abaixo de um importante suporte técnico, o que poderia indicar mais recuos à frente, com a moeda repercutindo dia positivo no exterior e à espera de mudanças na política monetária brasileira.

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O dólar à vista caiu 1,89%, a 5,212 reais na venda, menor patamar para um encerramento desde 30 de dezembro (5,1915 reais). A cotação ficou em baixa durante todo o pregão, variando entre 5,3041 reais (-0,15%) por volta de 11h30 e 5,1924 reais (-2,26%) ao longo da tarde. O dólar voltou a ficar abaixo de sua média móvel de 50 dias.

É a terceira queda seguida da moeda, o que não ocorria desde a mesma sequência de três baixas entre 3 e 7 de dezembro, acumulando desvalorização de 5,29% desde a última segunda-feira. Com isso, a divisa praticamente anulou os ganhos acumulados neste ano, reduzindo-os a 0,39%. Até segunda-feira passada, a moeda tinha alta acumulada de 6,01%.

O mercado de câmbio doméstico seguiu nesta quinta o comportamento de ativos de risco no exterior, com ampla expectativa de que o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, anuncie mais tarde um pacote trilionário para ajudar a economia a combater os efeitos da pandemia.

As vendas de dólares aqui e lá fora se intensificaram na parte da tarde depois de o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Jerome Powell, rechaçar sugestões de redução em breve de estímulos e de alta de juros.

O dólar no mundo entrou em rota descendente desde o pico da pandemia -- com o índice da moeda em queda de 13,4% entre a máxima de março e a mínima deste mês --, puxado pelo anúncio de massivos estímulos por bancos centrais e governos globais para enfrentamento da pandemia.

Porém, a moeda recuperou fôlego no começo deste ano conforme os rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano (Treasuries) -- referência para a renda fixa global -- escalaram a máximas em quase um ano, aumentando a atratividade do dólar como opção de investimento.

"O real acabou performando pior que os pares durante esse rali dos yields dos Treasuries", disse Rogério Braga, sócio diretor e responsável pela gestão de renda fixa e multimercados da Quantitas.

Segundo Braga, essa alta recente do dólar para 5,50 reais deixou o real ainda mais "fora do lugar", potencializando a intensidade do ajuste visto posteriormente. "E o mercado também reage, taticamente, à expectativa de que o BC possa retirar o forward guidance da política monetária", acrescentou.

O forward guidance (ou orientação futura) é um instrumento segundo o qual o BC indica que não pretende reduzir o grau de estímulo monetário desde que determinadas condições sejam satisfeitas.

A discussão sobre a retirada dessa ferramenta é lida no mercado como indicativo de que a próxima mudança na política monetária seria para alta de juros, o que elevaria o retorno de contratos atrelados ao real e, assim, aumentando o apelo da moeda brasileira.

O Comitê de Política Monetária ( Copom ) se reúne nos dias 19 e 20 de janeiro para decidir sobre o rumo da Selic, que está na mínima histórica de 2% ao ano. Muitos analistas destacam que o juro baixo seria um dos principais responsáveis pela piora relativa do real ante os pares e pela intensa volatilidade da divisa doméstica.

A Quantitas projeta que o dólar poderá cair para "4,80 reais ou 4,90 reais" em até três meses, influenciado também pela força das commodities e da economia da China --principal parceiro comercial do Brasil e voraz consumidor de matérias-primas.

Ao longo da sessão, o noticiário sobre início da vacinação no Brasil, futuro do presidente do Banco do Brasil, elevada demanda em leilão de títulos prefixados -- incluindo NTN-F, papel com demanda cativa de estrangeiros -- e a campanha para presidência da Câmara dos Deputados e do Senado Federal também estiveram no radar dos agentes financeiros.

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