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Dólar descola do exterior e sobe por dados da indústria

Moeda sobe diante dos fracos números da produção industrial brasileira

Notas de dólar (Getty Images)

Notas de dólar (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 7 de março de 2012 às 11h10.

São Paulo - Após registrar queda nas primeiras negociações desta quarta-feira, o dólar reverteu a tendência e passou a subir ante o real diante dos fracos números da produção industrial brasileira, que descolaram o movimento da divisa dos mercados internacionais.

Às 11h06 (horário de Brasília), o dólar era negociado a 1,7676 real para venda, em alta de 0,20 por cento. A produção industrial brasileira caiu 2,1 por cento em janeiro ante dezembro, a maior redução mensal desde dezembro de 2008 -no auge da crise financeira global. Na comparação com janeiro de 2011, a produção no primeiro mês de 2012 diminuiu 3,4 por cento, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O economista-chefe da BGC Liquidez, Alfredo Barbutti, atribuiu a alta do dólar à expectativa do mercado sobre novas intervenções no câmbio, uma vez que o governo tem declarado que irá evitar a valorização do real como forma de proteger a indústria nacional. "Os recentes discursos do governo sobre proteção da indústria fomentam a ideia de intervenção no câmbio", afirmou Barbutti.

Ao comentar os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) na terça-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o governo prepara um pacote de medidas para estimular o setor industrial, que abrangerá novas medidas para impedir a sobrevalorização do câmbio.

Um dia antes, a própria presidente Dilma Rousseff disse que o governo brasileiro estuda novas medidas para proteger o câmbio, com o objetivo de evitar a valorização excessiva do real diante da entrada de dólares causada pela injeção de recursos por países desenvolvidos para estimularem suas economias.

No entanto, Barbutti destacou que a atividade industrial costuma registrar quedas nos meses de janeiro, e apesar do recuo mais acentuado neste ano, ele pode ser pontual e a indústria pode se recuperar. "Mas o mercado reage a números", explicou o economista. Na terça-feira, o dólar subiu 1,57 por cento, para 1,7640 real na venda, registrando a maior valorização percentual desde 12 de dezembro quando o dólar saltou 2,14 por cento, a 1,8445 real.

Os olhos dos investidores voltavam-se também à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sobre a taxa básica de juros nesta quarta-feira. A maioria dos economistas estima outro corte de 0,50 ponto percentual, levando a Selic para 10 por cento ao ano. No exterior, os mercados se recuperavam após a forte aversão ao risco na véspera. Investidores aguardavam o resultado do acordo de reestrutução da dívida grega com credores internacionais, porém mantinham-se cautelosos devido a preocupações com o crescimento global.

Em relação a uma cesta de moedas, o dólar caía cerca de 0,1 por cento, enquanto o euro tinha variação positiva de 0,11 cento, cotado a 1,3129 dólar. No mercado acionário, o índice das principais ações europeias FTSEurofirst 300 ganhava 0,61 por cento e os índices futuros norte-americanos apontavam para uma abertura em alta em Wall Street.

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