Dólar fecha em alta após discurso pessimista do presidente do Fed
Incertezas sobre discurso de Powell deixa mercado brasileiro mais defensivo antes de feriado
Guilherme Guilherme
Publicado em 10 de junho de 2020 às 14h53.
Última atualização em 10 de junho de 2020 às 17h24.
O dólar fechou em alta, nesta quarta-feira, 10, após o bastante esperado discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, injetar maior cautela nos investidores. Com isso, o dólar comercial subiu 1% e encerrou sendo vendido a 4,940 reais.
Em referência ao último payroll, que provocou uma euforia no mercado, Powell alertou para não haver uma reação excessiva em cima de um único dado e manteve o tom de incertezas sobre o futuro da economia americana.
Nesta quarta-feira, o Fed manteve a taxa básica de juros entre o intervalo de 0% e 0,25% e informou que não deve elevar os juros, pelo menos, até 2022. Junto à decisão também foi publicada as projeções para a economia americana, que segundo o Fed, deve ter contração de 6,5% em 2020 e terminar o ano com 9,3% de desempregados.
Entre a publicação das projeções e o pronunciamento de Powell, o dólar chegou a operar em queda contra o real.
“As projeções não foram tão ruins, naquele momento o mercado chegou a comemorar, mas as declarações do presidente do Fed levaram os investidores a buscar alguma proteção”, disse Jeffersonn Ruik, diretor de câmbio da Correparti.
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Além do discurso de Powell, o mercado também repercutiu a publicação da OCDE que prevê que a economia global terá contração de 6% neste ano. As perspectivas da organização para o Brasil são ainda mais pessimistas, projetando uma queda de 7,4% do PIB. Em caso de uma segunda onda de contaminação, a retração do PIB brasileiro será de 9,1%, estima a OCDE.
“Para mim, esses dados chamaram mais atenção do que o Powell. A previsão para o Brasil veio muito pior. A gente não sabe o tamanho do buraco que vai ter na economia interna”, afirmou Fabrizio Velloni, chefe da mesa de câmbio da Frente Corretora.
Internamente, o mercado também esteve mais cauteloso em razão de que não haverá pregão na quinta-feira, 11, devido ao feriado nacional de Corpus Christi. “Com o feriado, o pessoal tenta ficar o mais coberto possível. Afinal, não é feriado lá fora. Então, pode abrir na sexta-feira já precificado”, comentou Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimentos.