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Dólar cai em relação ao real após BC reforçar atuação no câmbio

Após 15 mil novos swaps cambiais, moeda americana já caía mais de 1%, abaixo do patamar de R$ 3,70

Dólar: analistas ressaltam que medida do Banco Central não reverte tendência de alta da moeda americano (Dado Ruvic/Illustration/Reuters)
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Reuters

Publicado em 21 de maio de 2018 às 16h46.

São Paulo - A atuação mais intensa do Banco Central no mercado de câmbio a partir desta segunda-feira conseguiu interromper o movimento de escalada do dólar ante o real após seis dias seguidos, mas não significa que a trajetória de valorização foi interrompida em definitivo, segundo analistas consultados pela Reuters.

"Essa atuação apenas vai tirar a intensidade de valorização do dólar ante o real", afirmou o economista e sócio da corretora NGO Câmbio, Sidnei Nehme, ao explicar que fatores internos e externos sustentam essa percepção.

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Depois de a moeda norte-americana ter valorização de 5,44 por cento apenas nas últimas seis sessões, aproximando-se de 3,80 reais, o BC decidiu reforçar sua atuação no câmbio com oferta de até 15 mil novos swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda de dólares no mercado futuro. Até então, estava fazendo leilões diários de 5 mil contratos.

Acrescentou ainda que reservava o "direito de realizar atuações discricionárias, caso seja necessário" e que manteria o leilão diário até 4.225 swaps para rolagem do vencimento de junho, no total de 5,650 bilhões de dólares.

Com isso, neste pregão, o dólar já caía mais de 1 por cento, abaixo do patamar de 3,70 reais. Os recentes saltos da moeda norte-americana vieram com a percepção de que os Estados Unidos poderão elevar os juros mais vezes do que o inicialmente esperado, o que naturalmente causa uma reprecificação dos ativos ao redor do globo.

O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, avisou mais cedo que o Tesouro também pode atuar em conjunto com o BC para trazer mais equilíbrio, se necessário, apesar de reconhecer que o movimento de alta do dólar é global e não poderá ser contido pelo governo.

"Como emergentes, tivemos um 'downgrade' natural com essa reprecificação", afirmou o economista da corretora Nova Futura Pedro Paulo Silveira.

O Credit Swap Default (CDS) de 5 anos, uma medida de risco país, subiu 23,3 por cento desde o início de abril até a última sexta-feira, para 203,58 pontos, justamente quando o dólar disparou.

Com a economia dos Estados Unidos no pleno emprego, o Federal Reserve, banco central do país, pode ter que vir a elevar os juros quatro vezes este ano, ao invés das três inicialmente esperadas, com a expectativa de inflação mais elevada. Desta forma, dinheiro hoje aplicado em outras praças mais arriscadas, como o Brasil, deixam esses locais em busca da rentabilidade mais segura norte-americana.

"Se lá fora houver mais estresse, o BC pode ser mais atuante. Mas isso não vai conter a trajetória do dólar", afirmou o economista da corretora Guide, Ignácio Crespo Rey.

Não bastasse esse fenômeno global, o Brasil ainda tem uma justificativa adicional para afugentar o capital global: as eleições presidenciais de outubro, cercada por muita incerteza ainda.

"Se temos um mercado muito mais sofisticado do que outros emergentes, sem problema de liquidez, com reservas e mecanismos que funcionam, devíamos estar sofrendo menos que outros países mais vulneráveis", avaliou Nehme, da NGO Câmbio.

Um dos pontos mais sensíveis para o mercado é o fato de um candidato mais "market friendly" não decolar nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República. Ele temem que um candidato que considerem menos comprometidos com o ajuste fiscal ganhe tração.

Diante disso, poucos se arriscariam em dizer qual o teto que o dólar pode chegar frente ao real neste ano ainda. A certeza é que o cenário ainda é de pressão, mesmo com a ação do BC, como indica a pesquisa Focus do BC, que ouve semanalmente uma centena de economistas.

Agora, as estimavam apontam para o dólar a 3,43 reais no final deste ano, ante 3,30 reais previstos no início de abril.

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