Dólar cai de olho em Previdência; Bolsa abre em alta
Às 12:55, o dólar recuava 0,25%, a 3,8430 reais na venda.
Reuters
Publicado em 26 de junho de 2019 às 09h23.
Última atualização em 26 de junho de 2019 às 12h58.
São Paulo — O dólar oscilava em leve queda frente ao real nesta quarta-feira, um dia após encerrar em seu maior patamar em uma semana, enquanto agentes do mercado se mantinham atentos aos movimentos externos e aos trabalhos na comissão especial da reforma da Previdência na Câmara.
Às 12:55, o dólar recuava 0,25%, a 3,8430 reais na venda.
O dólar futuro cedia 0,09%, para 3,8430 reais.
O alívio no dólar --depois de na véspera a moeda alcançar o maior patamar em uma semana-- se dava em meio à percepção de melhora nas condições de liquidez, após o Banco Central injetar pelo segundo dia consecutivo 1 bilhão de dólares no sistema, via leilão de linha de moeda com compromisso de recompra.
Sinal da maior oferta de dólar, a taxa do cupom cambial de vencimento mais curto recuava 6 pontos-base, para 3,16% ao ano. Na terça-feira, o cupom cambial --taxa vista como um indicador da liquidez do mercado-- disparou para quase 3,4%, maior nível desde o começo de maio.
O BC tem atuado via linhas de dólares nesta semana conforme aumenta a demanda do mercado por moeda estrangeira à medida que se aproxima o fim do mês, que marca também o término do trimestre e semestre. Nesses período, empresas costumam acelerar o envio de remessas de lucros e dividendos para suas matrizes, o que se reflete em maior procura por dólar físico.
A queda do dólar nesta sessão, contudo, é limitada pela volta de ruídos sobre o caminho da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, que já na véspera explicaram parte da valorização da moeda. A dúvida é se a votação do parecer na comissão especial ocorrerá ainda nesta semana, como previsto até então.
"Existe uma apreensão quanto à agenda por conta da urgência da pauta para a economia doméstica, mas não temos nenhuma sinalização de que a reforma não vai passar e isso é positivo", disse Camila Abdelmalack, economista da CM Capital Markets.
A queda do dólar nas últimas semanas foi ditada em parte pela melhora da percepção quanto à evolução da reforma da Previdência na Câmara, num contexto de defesa mais forte da proposta por parte de membros do Congresso, o que reduziu a apreensão quanto à aprovação da matéria a despeito de aparentes problemas de comunicação entre Executivo e Legislativo.
No plano externo, investidores seguiam atentos ao noticiário sobre esperado encontro entre os presidentes da China e EUA na cúpula do G20 no Japão, com esperanças de algum progresso nas negociações comerciais, paralisadas desde maio.
"O mercado está esperando para ver a evolução disso (das negociações), já que é difícil ter uma perspectiva clara do que vai acontecer", disse Camila.
Lá fora, o dólar rondava a estabilidade contra uma cesta de moedas, num dia de forma geral favorável a moedas de risco, como peso mexicano e dólar australiano.
Ibovespa
São Paulo — O Ibovespa abriu com tendência positiva após a forte queda da véspera, com o mercado operando atento à Previdência, que deve encerrar as discussões ainda nesta quarta-feira para ser votada pela comissão especial na próxima semana, e com expectativas aumentando para o encontro entre Donald Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, na cúpula do G20 no final de semana.
Às 11:15, o Ibovespa subia 0,09%, a 100.186,84 pontos.
A comissão especial da reforma da Previdência retomou os trabalhos nesta quarta-feira com o objetivo de encerrar as discussões e proporcionar a leitura de uma complementação ao parecer da proposta, afirmou o presidente do colegiado, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), dando sinais de que a votação pode ocorrer apenas na próxima semana.
"O que move o sentimento local é a perspectiva que, mesmo com o cronograma mais apertado, a votação na Câmara deve ocorrer antes do recesso parlamentar", informou a Levante Investimentos em comunicado.
Os investidores ainda repercutem a notícia de que a Braskem teve 3,7 bilhões de reais de suas contas bloqueados pela Justiça, além da publicação das diretrizes do recém-lançado programa do governo federal para redução dos custos do gás natural pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
No exterior, o mercado ainda se recupera dos discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que diminuiu as esperanças para um corte na taxa de juros dos Estados Unidos.
As expectativas quanto ao encontro entre os presidentes da China e EUA na cúpula do G20 no Japão permanecem no radar. O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, afirmou mais cedo que o acordo comercial entre os dois países estava "cerca de 90%" completo.
Destaques
PETROBRAS ON recuava 0,6% e PETROBRAS PN subia 0,55%, após constar nas diretrizes do programa de gás do governo federal que a empresa deverá vender ativos nos setores de transporte e distribuição do insumo, além do início de uma nova fase na venda da participação de 93,7% na Breitener Energética.
VALE ON avançava 0,2%, diante da fraqueza do preço do minério de ferro e da notícia de que vai investir 1,8 bilhão de reais até 2023 para garantir a segurança de estruturas remanescentes da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG).
BRASKEM PNA caía 0,3% reagindo à determinação do Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas para bloquear 3,7 bilhões de reais em contas bancárias da empresa para garantir eventuais indenizações por danos causados por afundamento de solo e rachaduras em três bairros de Maceió.
ITAU UNIBANCO PN valorizava-se 0,3%, SANTANDER BR UNIT avançava 0,5% e BANCO DO BRASIL ON ganhava 1,4%. Na tendência negativa, BRADESCO PN caía 0,5%.