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Dirigente do Fed defende quatro altas de juros ao longo de 2022 nos EUA

Segundo ele, o BC americano poderia subir o juro em 50 pontos-base caso a inflação volte a subir vertiginosamente

Fed: o banqueiro central evitou comentar de forma definitiva sobre a futura redução do balanço de ativos do BC (Kevin Lamarque/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de fevereiro de 2022 às 14h04.

Última atualização em 1 de fevereiro de 2022 às 14h11.

Presidente da distrital de Filadélfia do Federal Reserve ( Fed , o banco central americano), Patrick Harker disse considerar apropriado elevar o juro básico nos Estados Unidos quatro vezes ao longo de 2022, com altas de 25 pontos-base cada, durante entrevista à emissora Bloomberg TV. Segundo ele, o BC americano poderia subir o juro em 50 pontos-base caso a inflação volte a subir vertiginosamente, mas ressaltou que está "menos convencido" de que este seria o passo adequado.

Para o dirigente, que tem direito a voto nas reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) neste ano, o Fed não está atrás da curva pois a forte inflação nos EUA é provocada principalmente por desequilíbrios entre oferta e demanda, algo que o Fed "pode fazer muito pouco" para resolver, segundo ele. Ao mesmo tempo, Harker ressaltou a necessidade de "agir agora" para tentar controlar a subida nos preços.

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Ele ainda previu que o relatório de empregos (conhecido como "payroll") de janeiro, que será divulgado na próxima sexta-feira, dia 4, virá fraco somente por causa do impacto temporário da variante ômicron do coronavírus sobre o mercado de trabalho americano. Desta forma, Harker sinalizou que o dado não deve tirar o combate à inflação do foco do Fed.

Por fim, o banqueiro central evitou comentar de forma definitiva sobre a futura redução do balanço de ativos do BC, algo que deve começar a ser realizado após o ciclo de alta do juro ser iniciado. Harker disse que o processo deve ser mais "acelerado" que da última vez que o Fed o realizou, mas defendeu que seja feito de forma a não provocar turbulência nos mercados.

Inflação e expectativas

Também nesta terça-feira, o presidente da distrital de Atlanta do Federal Reserve, Raphael Bostic, alertou que as reações de empresas e indivíduos podem fazer com que a inflação provocada pelos desequilíbrios entre oferta e demanda durante a pandemia se estenda para as expectativas de longo prazo, alterando de forma permanente a trajetória inflacionária e desancorando-a da meta de 2% ao ano do BC.

Em texto publicado nesta terça no site do Fed de Atlanta, Bostic disse que, por enquanto, a alta nas expectativas inflacionárias de longo prazo nos EUA não foi suficiente para provocar sua desancoragem em relação à meta, mas disse que há "perigo real" de que isso ocorra, levando-as a cerca de 4% ao ano.

Por isso, o banqueiro central—que não tem direito a voto nas reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto neste ano—entende ser necessário retirar a acomodação monetária emergencial provida pelo Fed durante a crise. Ele vê como adequado subir o juro básico três vezes em 2022, mas afirmou que sua visão pode ser ajustada conforme a trajetória dos preços. Ele não especificou o tamanho dos aumentos a serem realizados.

Para Bostic, manter o nível atual de acomodação monetária alimentaria ainda mais a inflação, obrigando o Fed a apertar a política monetária de forma mais agressiva depois.

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