Dilma lembra investidor sobre quem é que manda no Banco do Brasil
Analistas não acreditam que a redução de juros será seguida por outras instituições financeiras
Da Redação
Publicado em 5 de abril de 2012 às 14h16.
São Paulo – Que o Banco do Brasil é do governo brasileiro ninguém tinha dúvidas, mas essa lembrança fica bem mais clara em alguns momentos. E foi isso que aconteceu ontem. A presidente Dilma Rousseff forçou a queda de juros para o varejo, beneficiários do INSS e para as empresas. A reação do mercado - que costumeiramente põe um desconto nas ações do BB por conta da influência do governo – foi amarga.
As ações ( BBAS3 ) despencaram 5,91%, para 24,20 reais. Em um mês, os papéis têm queda de 12,4%, muito acima do recuo de 4,9% do índice Financeiro ( IFNC ), que acompanha os principais ativos do setor na bolsa. Com a medida, o governo quer forçar os bancos privados a fazer o mesmo e assim incentivar a economia. Mas a lógica para pode não ser tão simples quanto deseja a equipe econômica.
“Não acreditamos que os bancos do setor privado irão seguir o Banco do Brasil, pois vemos os spreads de crédito como uma função da inadimplência, depósitos compulsórios, e impostos. Além disso, com uma base limitada de capital, acreditamos que a influência do banco sobre o mercado como um todo será modesta. Apesar disso, a medida do BB pode deflagrar um ambiente mais competitivo entre os clientes dos bancos”, explicam os analistas do Deutsche Bank, Mario Perry, Marcelo Cintra e Tito Labarta, em um relatório enviado a clientes.
Os analistas do HSBC tentaram quantificar a queda nas margens do banco. Segundo os analistas Victor Galliano e Mariel Santiago, a margem de intermediação financeira terá queda de aproximadamente 80 pontos-base em 2012. O número é o dobro do que era esperado para este ano.
A estimativa de lucro foi reduzida em 13% e 17% para 2013. Com isso, o banco diminuiu o preço-alvo para as ações de 34 reais para 29 reais. “O principal risco, a nosso ver, são reduções piores que o esperado nas margens, causadas por mais pressão do governo”, ressaltam.
Ações
A reação do mercado após a decisão do governo, contudo, pode ter sido um pouco exagerada. A queda de ontem representou uma perda de 3,4 bilhões de reais em valor de mercado, ou cerca de 25% do lucro líquido esperado para 2012, segundo cálculos do Santander. “Em nossa opinião, a implementação dessas medidas macroprudenciais não é significativa o suficiente para causar um impacto dessa magnitude”, analisa Leonardo Milane, estrategista do Santander.
Para ele, a influência sobre o preço da ação pode estar mais relacionado com as questões de interferência política – “um risco que os investidores estão acostumados”, diz. Ele continua com a recomendação de compra, assim como o HSBC e o Deutsche Bank. O Credit Suisse, por sua vez, viu a medida como mais um fator que explica a visão negativa sobre o BB. “Mantemos a nossa recomendação de desempenho abaixo da média do mercado e a nossa postura negativa para o BB e o resto do setor“, ressaltam Marcelo Telles, Daniel Sasson e Victor Schabbel.
O programa foi batizado de "BOMPRATODOS". Ao que parece isso pode não se aplicar para os acionistas caso a mobilidade de clientes não se concretize.
São Paulo – Que o Banco do Brasil é do governo brasileiro ninguém tinha dúvidas, mas essa lembrança fica bem mais clara em alguns momentos. E foi isso que aconteceu ontem. A presidente Dilma Rousseff forçou a queda de juros para o varejo, beneficiários do INSS e para as empresas. A reação do mercado - que costumeiramente põe um desconto nas ações do BB por conta da influência do governo – foi amarga.
As ações ( BBAS3 ) despencaram 5,91%, para 24,20 reais. Em um mês, os papéis têm queda de 12,4%, muito acima do recuo de 4,9% do índice Financeiro ( IFNC ), que acompanha os principais ativos do setor na bolsa. Com a medida, o governo quer forçar os bancos privados a fazer o mesmo e assim incentivar a economia. Mas a lógica para pode não ser tão simples quanto deseja a equipe econômica.
“Não acreditamos que os bancos do setor privado irão seguir o Banco do Brasil, pois vemos os spreads de crédito como uma função da inadimplência, depósitos compulsórios, e impostos. Além disso, com uma base limitada de capital, acreditamos que a influência do banco sobre o mercado como um todo será modesta. Apesar disso, a medida do BB pode deflagrar um ambiente mais competitivo entre os clientes dos bancos”, explicam os analistas do Deutsche Bank, Mario Perry, Marcelo Cintra e Tito Labarta, em um relatório enviado a clientes.
Os analistas do HSBC tentaram quantificar a queda nas margens do banco. Segundo os analistas Victor Galliano e Mariel Santiago, a margem de intermediação financeira terá queda de aproximadamente 80 pontos-base em 2012. O número é o dobro do que era esperado para este ano.
A estimativa de lucro foi reduzida em 13% e 17% para 2013. Com isso, o banco diminuiu o preço-alvo para as ações de 34 reais para 29 reais. “O principal risco, a nosso ver, são reduções piores que o esperado nas margens, causadas por mais pressão do governo”, ressaltam.
Ações
A reação do mercado após a decisão do governo, contudo, pode ter sido um pouco exagerada. A queda de ontem representou uma perda de 3,4 bilhões de reais em valor de mercado, ou cerca de 25% do lucro líquido esperado para 2012, segundo cálculos do Santander. “Em nossa opinião, a implementação dessas medidas macroprudenciais não é significativa o suficiente para causar um impacto dessa magnitude”, analisa Leonardo Milane, estrategista do Santander.
Para ele, a influência sobre o preço da ação pode estar mais relacionado com as questões de interferência política – “um risco que os investidores estão acostumados”, diz. Ele continua com a recomendação de compra, assim como o HSBC e o Deutsche Bank. O Credit Suisse, por sua vez, viu a medida como mais um fator que explica a visão negativa sobre o BB. “Mantemos a nossa recomendação de desempenho abaixo da média do mercado e a nossa postura negativa para o BB e o resto do setor“, ressaltam Marcelo Telles, Daniel Sasson e Victor Schabbel.
O programa foi batizado de "BOMPRATODOS". Ao que parece isso pode não se aplicar para os acionistas caso a mobilidade de clientes não se concretize.