BOLSA: o dólar americano fechou o dia valendo 5,08 reais. / REUTERS/Paulo Whitaker (REUTERS/Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de abril de 2020 às 17h17.
Última atualização em 13 de abril de 2020 às 17h53.
Depois do efeito gangorra ao longo do dia, o Ibovespa encerrou a segunda-feira com alta de 1,49% para 78.835 pontos, puxado principalmente pelas ações da Vale, que subiram 2,98%. Os papéis dos bancos também tiveram desempenho positivo no pregão. Entre os papéis mais negociados do dia, estavam os do Itaú que subiram 2,13%, os do Bradesco com alta de 2,59% e os do Banco do Brasil, com 1,99%.
"Banco é sempre um ativo mais seguro, mesmo em meio a riscos. Já a Vale subiu, porque o minério de ferro encerrou o dia em alta, mas principalmente pela valorização do dólar. É bom lembrar que a receita da Vale é dada na moeda americana", afirma Jefferson Laatus, sócio do grupo Laatus. O dólar comercial fechou em alta, depois de quatro pregões em queda, cotado a 5,186%.
O sobe e desce do Ibovespa se deu porque, por um lado, os investidores acompanhavam com otimismo a discussão no plenário da Câmara sobre o projeto de lei 149/19 que muda várias regras para ingresso e manutenção dos estados no Regime de Recuperação Fiscal. Também esperavam notícias sobre os bastidores da chamada Proposta de Emenda à Constituição do Orçamento de Guerra, cuja votação foi adiada para quarta-feira. No entanto, por outro lado, aguardavam com ansiedade a temporada de balanços nos Estados Unidos, que deve apresentar números bem aquém dos projetados no início do ano.
Conhecido como Plano Mansueto, o projeto previa que estados sem nota de crédito para obter empréstimos poderiam contar com garantias da União desde que adotassem pelos menos quatro do total de oito contrapartidas, entre elas, proibição de aumentos do funcionalismo e não realização de concursos, entre outros. Ao longo da última semana, várias propostas e ajustes circularam. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse à tarde que trabalha para votar ainda nesta segunda-feira o projeto de socorro, o chamado Mansueto light, para o enfrentamento da crise do coronavírus.
Já a votação do chamado da Proposta de Emenda à Constituição do Orçamento de Guerra (PEC 10/2020) no Senado, anunciada para hoje, será feita na quarta-feira. Segundo o líder do governo na Casa, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), na sessão desta tarde o relator da matéria, senador Antonio Anastasia (PSD-MG), que passou o feriado em conversas com senadores, apresentará seu parecer que será seguido da discussão da matéria.
"Começamos o dia seguindo os pares [indicadores] externos com incertezas sobre o impacto de médio e longo prazo de nas empresas. Agora, os investidores estão acompanhando os bastidores das negociações políticas", afirma Lucas Lima, economista e analista da Toro Investimentos.
"Lá fora, imperava um sentimento de incertezas com a temporada de balanços, mas também houve um movimento de realização de lucros. É que semana passada o S&P registrou a maior alta semanal desde 1974", afirma Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset. O índice Nasdaq fechou em alta de 0,48%, puxado pelas ações da Amazon que subiram 6%. Já o Dow Jones caiu 1,39% e S&P 500, 1,01%. Os mercados na Europa e na Austrália não abriram por causa do feriado de Páscoa. As bolsas asiáticas fecharam em baixa, com destaque para Nikkei, que caiu 2,33%, já a bolsa de Shanghai fechou com queda de 0,49%.
De acordo com a CNBC, a Ford Motors anunciou que as receitas da montadora caíram 15,7% no primeiro trimestre por causa da pandemia de coronavírus. Com isso, os papéis da companhia operam em queda de 6%.
O primeiro a anunciar os resultados será o banco americano JP Morgan, na terça-feira, e a expectativa é de uma temporada com receitas comprimidas. Tanto é que a Securities and Exchange Commission, órgão que regula os mercados nos Estados Unidos, incentivou as empresas a fornecer projeções para os próximos trimestres a fim de mostrar que os três primeiros meses do ano serão atípicos, de acordo com a CNBC.
Sobre petróleo, o presidente americano, Donald Trump, usou a rede social Twitter para destacar que a Opep+ está estudando cortar a operação em 20 milhões de barris por dia, e não 10 milhões como anunciado.
Having been involved in the negotiations, to put it mildly, the number that OPEC+ is looking to cut is 20 Million Barrels a day, not the 10 Million that is generally being reported. If anything near this happens, and the World gets back to business from the Covid 19.....
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) April 13, 2020
....disaster, the Energy Industry will be strong again, far faster than currently anticipated. Thank you to all of those who worked with me on getting this very big business back on track, in particular Russia and Saudi Arabia.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) April 13, 2020
(Estando envolvido nas negociações, para dizer o mínimo, o número que a Opep+ está vislumbrando é cortar 20 milhões de barris por dia, não 10 milhões como tem sido noticiado. Se algo parecido com isso acontecer, o mundo volta aos negócios de antes do desastre da covid-19, a indústria de energia vai voltar a ser forte muito mais rápido do que o previsto atualmente. Obrigado a todos os que trabalharam comigo para trazer esse grande negócio de volta aos trilhos, em especial, a Rússia e a Arábia Saudita. Donald Trump, no Twitter)
Por causa disso, às 11h, o petróleo do tipo WTI disparou 5,18%, sendo cotado a 23,94 dólares, e Brent também passou a operar em alta de 2,38%, negociado a 32,23 dólares. No entanto, o movimento foi pontual. Às 12h, o WTI subia 1,1% para 22,99 dólares e o Brent 0,44% para 31,62 dólares.
Na esfera local, o relatório do Banco Mundial prevê uma retração de 5% para a economia brasileira em 2020. Para os dois anos seguintes, a entidade projeta uma taxa de crescimento de 1,5% e 2,3%. O banco aponta a queda repentina no preço do petróleo e a epidemia do coronavírus como os principais culpados. Já a projeção oficial do Ministério da Economia, divulgada no dia 20 de março, projetou o produto interno bruto brasileiro em 0,02%. Segundo o relatório do Banco Mundial publicado no domingo, as principais economias da América Latina devem sofrer retrações similares: Argentina (-5,2%), Chile (-4,8%) e México (-6%).