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De R$ 3,90 a R$ 4,20: analistas elevam projeções do dólar para fim do ano

Se em julho era factível imaginar a moeda abaixo de R$ 3,80, agora a maior parte dos analistas revisa seus cálculos para cima

DÓLAR: em 1984, 1985 e em 2002 a moeda norte-americana chegou a custar mais do que 7,30 reais em valores atuais / REUTERS/ Sertac Kayar (Sertac Kayar/Reuters)
TL

Tais Laporta

Publicado em 23 de setembro de 2019 às 07h30.

Última atualização em 23 de setembro de 2019 às 07h30.

Não espere um dólar abaixo de R$ 4 até o final de 2019. Se em julho era factível imaginar a moeda americana abaixo de R$ 3,80, agora a maior parte dos analistas revisa seus cálculos para cima. No cenário mais pessimista, a equipe do BTG Pactual vê a moeda em R$ 4,20 – acima do último recorde nominal, que foi de R$ 4,1957 em 13 de setembro de 2018.De julho a setembro, a cotação chegou a variar entre R$ 3,72 e R$ R$ 4,18.

As projeções variam bastante, visto que o câmbio é um dos componentes mais difíceis de prever em condições normais -- imagine num cenário de guerra comercial e revisões de crescimento do PIB como o atual. A consultoria Tendências passou a projetar a moeda a R$ 4, ante uma estimativa de R$ 3,75 em agosto. A corretora Necton passou dos R$ 4,05 para R$ 4,15 esta semana.De cinco casas consultadas, a Mirae Asset é a única que mantém a previsão anterior de R$ 3,90 para o final do ano.

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Do otimismo à cautela

Em questão de semanas, tensões no cenário internacional desviaram o foco positivo da Previdência e adicionaram riscos que não estavam na conta. Em agosto, o embate interminável entre EUA e China levantou temores de uma nova recessão global, pressionando a moeda americana contra seus pares internacionais. O agravamento da crise na Argentina também ajudou a enfraquecer o real, eataques a refinarias na Arábia Saudita  aumentaram a insegurança de uma nova tensão geopolítica.

A aversão ao risco marcou o comportamento dos mercados em agosto e levou a uma corrida por moedas mais seguras em detrimento às emergentes, destacou o BTG em relatório mais recente sobre o câmbio. “Não à toa, o real só ganhou valor frente ao peso argentino”, escreveram os analistas.

Diferencial de juros

Esta semana, outro fator elevou as apostas de um dólar ainda mais alto: a queda no diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos (conhecido como carry trade). Na prática, ele consiste em tomar dinheiro em um país a taxas mais baixas e investir em outro com taxas maiores. Como no passado era maior a distância entre o juro brasileiro, sempre mais alto, e o americano, os estrangeiros viam o Brasil como atrativo para este tipo de operação.

Mas tudo mudou desde que o BC do Brasil passou a cortar os juros básicos a uma velocidade maior que o Federal Reserve nos Estados Unidos. No último corte, o segundo do tipo, o Copom reduziu a Selic em 50 pontos-base, para 5,5% ao ano, enquanto o BC dos EUA promoveu um corte de 25 pontos-base, entre 1,75% e 2% ao ano.

Foi assim que a distância entre as duas taxas ficou ainda menor. Caiu de uma média de 5,1% ao ano para 2,1% agora –, o que incentiva a fuga de recursos estrangeiros. Logo após a decisão do Copom na quarta-feira, o dólar escalou de R$ 4,07 para R$ 4,16 em duas sessões.

“Nos EUA, o tom foi mais cauteloso na condução da política monetária e isto fará o real perder mais contra o dólar, uma vez que teremos ao fim deste ano uma Selic de 4,5% com uma moeda que tem volatilidade de 15%”, afirmou em nota o economista-chefe da Necton, André Perfeito.

A julgar pela mensagem de Fed e do Copom, este ritmo de cortes tende a continuar nas próximas decisões, reduzindo ainda mais o spread (diferença de juros) entre os dois países. Por enquanto, os analistas preferem manter uma visão mais conservadora.

Veja abaixo projeções para o dólar no final de 2019:

Tendências

BTG Pactual

Necton

Mirae Asset

Coinvalores

Bradesco

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