CVM encontra erros em balanços da Via Varejo
Entidade discorda que empresa tenha transferido controle da Nova Pontocom ao GPA, o que invalida a reavaliação pela Via Varejo da parcela restante na companhia
Anderson Figo
Publicado em 22 de fevereiro de 2016 às 18h29.
São Paulo - A CVM (Comissão de Valores Mobiliários), órgão regulador do mercado de capitais no Brasil, identificou erros em informações de balanços da Via Varejo ( VVAR3 ), controlada pelo Grupo Pão de Açúcar ( PCAR4 ).
Em ofício enviado à companhia em 17 de fevereiro deste ano, a entidade pede que a Via Varejo refaça seus resultados desde 2013 e apresente os novos documentos junto com os números de 2015, que estão previstos para esta terça-feira (23).
A empresa tem 15 dias após ter sido comunicada da divergência para entrar com recurso. Em nota, tanto o Grupo Pão de Açúcar quanto a Via Varejo disseram que estão "avaliando as medidas a serem eventualmente adotadas".
Em 2013, a Via Varejo vendeu 6,2% da Nova Pontocom (Cnova) ---empresa responsável pelos sites da Casas Bahia , do Extra e do Ponto Frio --- ao Grupo Pão de Açúcar. Com isso, reduziu sua participação na companhia para cerca de 44%.
Após a operação, a Via Varejo fez uma reavaliação de sua parcela remanescente na Nova Pontocom, o que a valor justo seria de R$ 543,422 milhões. O montante foi adicionado à linha "investimentos" do balanço da empresa naquele ano.
Segundo a CVM, não houve troca de controle da Nova Pontocom porque o Pão de Açúcar já detinha indiretamente o comando da companhia, o que invalida a reavaliação feita pela Via Varejo.
O órgão regulador também afirmou que a Via Varejo reconheceu indevidamente no balanço de 2013 um ágio no valor de R$ 627 milhões referente à aquisição de 75% da empresa de móveis Bartira.
Anteriormente, a Via Varejo detinha 25% da Bartira em conjunto com a Casas Bahia, o que já concedia à empresa o controle da companhia de móveis, segundo a CVM, portanto não cabia o cálculo do ágio.
"Em princípio, qualquer ágio gerado decorrente do investimento em Bartira foi validado na operação inicial, quando o controle foi adquirido, ainda que em conjunto", afirmou a entidade.