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Cruzeiro do Sul bate renda fixa com otimismo por financiamento

Instituição foi beneficiado por apostas de que sua captação de recursos será facilitada à medida que o Banco Central efetua incentivos

O BC incentiva seus concorrentes a investir até R$ 30 bilhões na compra de ativos de instituições menores (Divulgação/Banco Central)
DR

Da Redação

Publicado em 8 de fevereiro de 2012 às 08h47.

São Paulo - O Banco Cruzeiro do Sul SA tem apresentado o melhor desempenho do mercado de dívida brasileira, beneficiado por apostas de que sua captação de recursos será facilitada à medida que o Banco Central incentiva seus concorrentes a investir até R$ 30 bilhões na compra de ativos de instituições menores.

A taxa nos títulos em dólar para 2016 do Cruzeiro do Sul, especializado em empréstimos consignados, despencou 633 pontos- base nos últimos 30 dias, a maior queda entre papéis de dívida privada brasileiros, para 11,72 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg. O rendimento médio dos títulos de dívida de bancos latino-americanos caiu 49 pontos-base, ou 0,49 ponto percentual, no mesmo período para 5,6 por cento, segundo dados do Credit Suisse Group AG.

O Cruzeiro do Sul lidera os ganhos de títulos emitidos por bancos brasileiros com patrimônio inferior a R$ 2,2 bilhões após o BC facilitar a captação, que ficou mais difícil com a crise da dívida europeia. Em 22 de dezembro, a autoridade monetária colocou em prática medidas para incentivar que bancos maiores utilizem parte de suas reservas para comprar carteiras de crédito de instituições menores. O ganho no mercado de títulos de bancos também faz parte de uma recuperação global de ativos de alto rendimento, que foi deflagrada pelo aumento no ritmo de expansão econômica nos Estados Unidos.

As medidas do BC são “positivas, especialmente para bancos que vivem de vender carteiras de crédito”, disse Jansen Moura, analista de dívida corporativa da BCP Securities do Rio de Janeiro, em entrevista por telefone. “O mundo está mudando e rapidamente. Tivemos um ótimo mês de janeiro para todos os ativos mais arriscados. Obviamente isso também vale para os bancos.”

Taxas do Bonsucesso

Os títulos do Cruzeiro do Sul têm rendimento 970 pontos- base maior que os papéis do governo com vencimento em 2017, contra diferença recorde de 1.911 pontos-base registrada em 26 de dezembro, segundo dados da Bloomberg.

Também houve valorização nos títulos do Banco BMG e do Banco Bonsucesso, especializados em crédito consignado. O rendimento dos bônus do BMG, de Belo Horizonte, com vencimento em 2018 caiu 149 pontos-base este ano para 10,09 por cento. A taxa dos papéis do Bonsucesso com vencimento em 2020 desabou 188 pontos-base no período, para 12,36 por cento.

No crédito consignado, os bancos têm direito de deduzir os pagamentos diretamente dos salários ou aposentadorias do cliente.

O Banco Central permitiu que instituições maiores usem o depósito compulsório para comprar carteiras de crédito e as chamadas letras financeiras de bancos de médio porte. Se não comprarem, a punição é a perda da remuneração de 11 por cento sobre os recolhimentos compulsórios junto ao BC. A suspensão da remuneração sobre 27 por cento dos recolhimentos compulsórios começa em 24 de fevereiro, com a fatia chegando a 36 por cento dos depósitos até 27 de abril.


Santander Brasil

O Banco Santander Brasil SA, unidade do maior banco espanhol, pretende usar todo o depósito compulsório disponível para comprar carteiras de crédito consignado este ano, disse Marcial Portela, presidente do banco, a jornalistas em São Paulo no mês passado.

“As medidas do Banco Central vão aumentar a liquidez para bancos de tamanho médio”, disse Juliana Pentagna Guimarães, diretora de captação do Bonsucesso, em e-mail enviado em resposta a perguntas da reportagem. “Já é possível sentir impacto positivo das medidas. Há movimento e apetite por parte dos bancos grandes.”

A medida deve liberar cerca de R$ 30 bilhões em recolhimentos compulsórios para investimento em ativos de bancos de médio porte, disse Aldo Mendes, o diretor de Política Monetária do BC, em 22 de dezembro.

Em comunicado enviado ontem por e-mail, o BC não quis fazer comentários para esta reportagem.

Investigação do Panamericano

A assessoria de imprensa do Cruzeiro do Sul em São Paulo também se recusou a comentar.

Ricardo Gelbaum, diretor executivo financeiro do Banco BMG, disse que os bancos maiores já começaram a comprar carteiras de crédito de instituições menores. O mercado para comercialização de carteiras de crédito ficou travado com a abertura da investigação criminal sobre irregularidades contábeis no Banco Panamericano SA, em novembro de 2010. O aperto nos mercados internacionais de crédito também limitou o acesso a recursos por bancos médios.

“Estamos assistindo à volta de alguns agentes”, disse Gelbaum disse em entrevista por telefone de São Paulo. “Vai custar muito para os grandes bancos de varejo manter a liquidez em dinheiro em vez de adquirir letras financeiras ou empréstimos interbancários ou carteiras de crédito.”

Ceres Lisboa, analista de bancos da Moody’s Investors Service, disse que exigências contábeis mais rígidas e a maior concorrência com os bancos grandes no mercado de crédito consignado limitam as notas de crédito das instituições médias.

Queda na ‘lucratividade’

O BC anunciou em 30 de novembro a permissão para as instituições financeiras adotarem gradualmente as mudanças contábeis que estavam programadas para entrar em vigor no mês passado, para que os bancos menores não precisem contabilizar as perdas de uma só vez. As exigências atuais permitem que os bancos contabilizem toda a receita projetada com a venda de carteiras de crédito assim que os empréstimos são vendidos.

“Não achamos que apenas essas medidas resolvam o problema dos bancos”, disse Ceres em entrevista por telefone de São Paulo. “Mesmo se o volume de vendas de carteiras de empréstimos aumentar, a lucratividade ainda tende a diminuir por causa das mudanças contábeis.”

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A taxa nos títulos em dólar para 2016 do Cruzeiro do Sul, especializado em empréstimos consignados, despencou 633 pontos- base nos últimos 30 dias, a maior queda entre papéis de dívida privada brasileiros, para 11,72 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg. O rendimento médio dos títulos de dívida de bancos latino-americanos caiu 49 pontos-base, ou 0,49 ponto percentual, no mesmo período para 5,6 por cento, segundo dados do Credit Suisse Group AG.

O Cruzeiro do Sul lidera os ganhos de títulos emitidos por bancos brasileiros com patrimônio inferior a R$ 2,2 bilhões após o BC facilitar a captação, que ficou mais difícil com a crise da dívida europeia. Em 22 de dezembro, a autoridade monetária colocou em prática medidas para incentivar que bancos maiores utilizem parte de suas reservas para comprar carteiras de crédito de instituições menores. O ganho no mercado de títulos de bancos também faz parte de uma recuperação global de ativos de alto rendimento, que foi deflagrada pelo aumento no ritmo de expansão econômica nos Estados Unidos.

As medidas do BC são “positivas, especialmente para bancos que vivem de vender carteiras de crédito”, disse Jansen Moura, analista de dívida corporativa da BCP Securities do Rio de Janeiro, em entrevista por telefone. “O mundo está mudando e rapidamente. Tivemos um ótimo mês de janeiro para todos os ativos mais arriscados. Obviamente isso também vale para os bancos.”

Taxas do Bonsucesso

Os títulos do Cruzeiro do Sul têm rendimento 970 pontos- base maior que os papéis do governo com vencimento em 2017, contra diferença recorde de 1.911 pontos-base registrada em 26 de dezembro, segundo dados da Bloomberg.

Também houve valorização nos títulos do Banco BMG e do Banco Bonsucesso, especializados em crédito consignado. O rendimento dos bônus do BMG, de Belo Horizonte, com vencimento em 2018 caiu 149 pontos-base este ano para 10,09 por cento. A taxa dos papéis do Bonsucesso com vencimento em 2020 desabou 188 pontos-base no período, para 12,36 por cento.

No crédito consignado, os bancos têm direito de deduzir os pagamentos diretamente dos salários ou aposentadorias do cliente.

O Banco Central permitiu que instituições maiores usem o depósito compulsório para comprar carteiras de crédito e as chamadas letras financeiras de bancos de médio porte. Se não comprarem, a punição é a perda da remuneração de 11 por cento sobre os recolhimentos compulsórios junto ao BC. A suspensão da remuneração sobre 27 por cento dos recolhimentos compulsórios começa em 24 de fevereiro, com a fatia chegando a 36 por cento dos depósitos até 27 de abril.


Santander Brasil

O Banco Santander Brasil SA, unidade do maior banco espanhol, pretende usar todo o depósito compulsório disponível para comprar carteiras de crédito consignado este ano, disse Marcial Portela, presidente do banco, a jornalistas em São Paulo no mês passado.

“As medidas do Banco Central vão aumentar a liquidez para bancos de tamanho médio”, disse Juliana Pentagna Guimarães, diretora de captação do Bonsucesso, em e-mail enviado em resposta a perguntas da reportagem. “Já é possível sentir impacto positivo das medidas. Há movimento e apetite por parte dos bancos grandes.”

A medida deve liberar cerca de R$ 30 bilhões em recolhimentos compulsórios para investimento em ativos de bancos de médio porte, disse Aldo Mendes, o diretor de Política Monetária do BC, em 22 de dezembro.

Em comunicado enviado ontem por e-mail, o BC não quis fazer comentários para esta reportagem.

Investigação do Panamericano

A assessoria de imprensa do Cruzeiro do Sul em São Paulo também se recusou a comentar.

Ricardo Gelbaum, diretor executivo financeiro do Banco BMG, disse que os bancos maiores já começaram a comprar carteiras de crédito de instituições menores. O mercado para comercialização de carteiras de crédito ficou travado com a abertura da investigação criminal sobre irregularidades contábeis no Banco Panamericano SA, em novembro de 2010. O aperto nos mercados internacionais de crédito também limitou o acesso a recursos por bancos médios.

“Estamos assistindo à volta de alguns agentes”, disse Gelbaum disse em entrevista por telefone de São Paulo. “Vai custar muito para os grandes bancos de varejo manter a liquidez em dinheiro em vez de adquirir letras financeiras ou empréstimos interbancários ou carteiras de crédito.”

Ceres Lisboa, analista de bancos da Moody’s Investors Service, disse que exigências contábeis mais rígidas e a maior concorrência com os bancos grandes no mercado de crédito consignado limitam as notas de crédito das instituições médias.

Queda na ‘lucratividade’

O BC anunciou em 30 de novembro a permissão para as instituições financeiras adotarem gradualmente as mudanças contábeis que estavam programadas para entrar em vigor no mês passado, para que os bancos menores não precisem contabilizar as perdas de uma só vez. As exigências atuais permitem que os bancos contabilizem toda a receita projetada com a venda de carteiras de crédito assim que os empréstimos são vendidos.

“Não achamos que apenas essas medidas resolvam o problema dos bancos”, disse Ceres em entrevista por telefone de São Paulo. “Mesmo se o volume de vendas de carteiras de empréstimos aumentar, a lucratividade ainda tende a diminuir por causa das mudanças contábeis.”

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