Crescem apostas em Selic abaixo de 10% após Dilma pedir cortes
Operadores esperam o juro para o nível mais baixo desde junho de 2010. A taxa do DI para janeiro de 2013 caiu 19 pontos-base ontem para 10,14%
Da Redação
Publicado em 4 de outubro de 2011 às 10h31.
Nova York - Operadores estão apostando que o Banco Central reduzirá o juro para o nível mais baixo desde junho de 2010 após a presidente Dilma Rousseff ter falado em baixar a Selic para impulsionar o crescimento econômico.
A taxa dos contratos futuros com vencimento em 2013 indica que o Comitê de Política Monetária vai cortar a Selic dos atuais 12 por cento para até 9,75 por cento até maio. A taxa do DI para janeiro de 2013 caiu 19 pontos-base ontem para 10,14 por cento. A taxa do contrato baixou 37 pontos-base desde 1º de setembro, o primeiro dia de negociação após o BC ter reduzido inesperadamente a taxa básica. Contratos similares no México recuaram 31 pontos-base durante o mesmo período para 4,97 por cento.
As especulações de que o BC vai ampliar o ritmo de corte estão crescendo depois que a presidente disse em 1º de outubro que o Brasil precisa “tirar proveito” a desaceleração global para alinhar a taxa de juros do país, a maior do Grupo dos 20, com seus pares dos mercados emergentes. Operadores que antes previram que cortes na taxa de juros iriam evitar a queda da inflação do maior nível em seis anos estão agora reduzindo suas previsões para a inflação em meio à queda de preços de commodities e a redução do crescimento do crédito.
“O BC vai cortar e cortar e cortar”, disse Pablo Cisilino, que ajuda a administrar US$ 28 bilhões em ativos de mercados emergantes na Stone Harbor Investment Partners LP, em entrevista por telefone de Nova York. “Todo preço de ação, de commodity no mundo está dizendo ao mercado que o Banco Central do Brasil estava certo em cortar na última reunião.”
‘Horizonte’
O petróleo caiu para a menor cotação em um ano ontem e as bolsas globais desabaram com o aprofundamento da crise de dívida na Europa. No Brasil, a indústria manufatureira encolheu em setembro pelo quarto mês seguido e a taxa de inadimplência subiu em agosto para o maior nível desde fevereiro de 2010.
O BC, liderado pelo presidente Alexandre Tombini, reduziu a taxa básica Selic em 50 pontos-base em 31 de agosto, mesmo com a inflação em 12 meses em 7,33 por cento, e tornou-se o segundo país do G-20 a baixar os juros, depois da Turquia. O corte veio um dia depois de Dilma dizer que juros mais baixos estavam no “horizonte” do governo.
Dilma, que assumiu o cargo em janeiro, disse a líderes empresariais durante evento em São Paulo na semana passada que não seria “admissível” as autoridades não levarem em conta a possibilidade de uma recessão ou mesmo de uma depressão na economia global. Os esforços do governo para conter gastos estão criando espaço para o BC começar um ciclo de redução de juros “cauteloso” e “responsável”, disse ela.
Juros reais
Dilma cortou R$ 50,7 bilhões do orçamento de 2011 dois meses após assumir o cargo. O governo também elevou a meta de superávit primário em R$ 10 bilhões em agosto, dois dias antes da diminuição de juros pelo BC.
O BC se recusou a fazer comentários para esta reportagem, de acordo com comunicado enviado por e-mail.
O juro real do País, que exclui a inflação, caiu para 4,7 por cento, contra 5,5 por cento em maio, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O juro real é de 1,1 por cento no México e 2,1 por cento na Indonésia. Os juros reais são negativos na Turquia e na China.
O juro “ideal” deveria ficar entre 2 por cento e 3 por cento, nível semelhante ao de outros mercados emergentes, disse ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a repórteres em São Paulo.
Dilma quer que a Selic caia para 9 por cento no ano que vem, segundo reportagem de O Estado do S. Paulo publicada na edição de 2 de outubro, que citou três representantes do governo que não foram identificados.
‘Um dígito’
O BC baixou a Selic em 5 pontos percentuais ao longo de sete meses para a mínima histórica de 8,75 por cento em 2009 e acelerou os gastos para sustentar o crescimento em meio à crise financeira global.
A taxa implícita de inflação -- medida pela diferença de rendimentos entre títulos atrelados à inflação e títulos prefixados com prazo de dois anos - caiu para 6,05 pontos percentuais ontem, contra 6,53 pontos percentuais em 21 de setembro, quando foi atingido o maior nível em três meses. A meta de inflação do País é de 4,5 por cento, com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
“A curva toda está caindo”, Ures Folchini, chefe de renda fixa do Banco West LB do Brasil SA, disse em entrevista por telefone de São Paulo. “É possível falar sobre juros na casa de um dígito no começo de 2012.”
Nova York - Operadores estão apostando que o Banco Central reduzirá o juro para o nível mais baixo desde junho de 2010 após a presidente Dilma Rousseff ter falado em baixar a Selic para impulsionar o crescimento econômico.
A taxa dos contratos futuros com vencimento em 2013 indica que o Comitê de Política Monetária vai cortar a Selic dos atuais 12 por cento para até 9,75 por cento até maio. A taxa do DI para janeiro de 2013 caiu 19 pontos-base ontem para 10,14 por cento. A taxa do contrato baixou 37 pontos-base desde 1º de setembro, o primeiro dia de negociação após o BC ter reduzido inesperadamente a taxa básica. Contratos similares no México recuaram 31 pontos-base durante o mesmo período para 4,97 por cento.
As especulações de que o BC vai ampliar o ritmo de corte estão crescendo depois que a presidente disse em 1º de outubro que o Brasil precisa “tirar proveito” a desaceleração global para alinhar a taxa de juros do país, a maior do Grupo dos 20, com seus pares dos mercados emergentes. Operadores que antes previram que cortes na taxa de juros iriam evitar a queda da inflação do maior nível em seis anos estão agora reduzindo suas previsões para a inflação em meio à queda de preços de commodities e a redução do crescimento do crédito.
“O BC vai cortar e cortar e cortar”, disse Pablo Cisilino, que ajuda a administrar US$ 28 bilhões em ativos de mercados emergantes na Stone Harbor Investment Partners LP, em entrevista por telefone de Nova York. “Todo preço de ação, de commodity no mundo está dizendo ao mercado que o Banco Central do Brasil estava certo em cortar na última reunião.”
‘Horizonte’
O petróleo caiu para a menor cotação em um ano ontem e as bolsas globais desabaram com o aprofundamento da crise de dívida na Europa. No Brasil, a indústria manufatureira encolheu em setembro pelo quarto mês seguido e a taxa de inadimplência subiu em agosto para o maior nível desde fevereiro de 2010.
O BC, liderado pelo presidente Alexandre Tombini, reduziu a taxa básica Selic em 50 pontos-base em 31 de agosto, mesmo com a inflação em 12 meses em 7,33 por cento, e tornou-se o segundo país do G-20 a baixar os juros, depois da Turquia. O corte veio um dia depois de Dilma dizer que juros mais baixos estavam no “horizonte” do governo.
Dilma, que assumiu o cargo em janeiro, disse a líderes empresariais durante evento em São Paulo na semana passada que não seria “admissível” as autoridades não levarem em conta a possibilidade de uma recessão ou mesmo de uma depressão na economia global. Os esforços do governo para conter gastos estão criando espaço para o BC começar um ciclo de redução de juros “cauteloso” e “responsável”, disse ela.
Juros reais
Dilma cortou R$ 50,7 bilhões do orçamento de 2011 dois meses após assumir o cargo. O governo também elevou a meta de superávit primário em R$ 10 bilhões em agosto, dois dias antes da diminuição de juros pelo BC.
O BC se recusou a fazer comentários para esta reportagem, de acordo com comunicado enviado por e-mail.
O juro real do País, que exclui a inflação, caiu para 4,7 por cento, contra 5,5 por cento em maio, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O juro real é de 1,1 por cento no México e 2,1 por cento na Indonésia. Os juros reais são negativos na Turquia e na China.
O juro “ideal” deveria ficar entre 2 por cento e 3 por cento, nível semelhante ao de outros mercados emergentes, disse ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a repórteres em São Paulo.
Dilma quer que a Selic caia para 9 por cento no ano que vem, segundo reportagem de O Estado do S. Paulo publicada na edição de 2 de outubro, que citou três representantes do governo que não foram identificados.
‘Um dígito’
O BC baixou a Selic em 5 pontos percentuais ao longo de sete meses para a mínima histórica de 8,75 por cento em 2009 e acelerou os gastos para sustentar o crescimento em meio à crise financeira global.
A taxa implícita de inflação -- medida pela diferença de rendimentos entre títulos atrelados à inflação e títulos prefixados com prazo de dois anos - caiu para 6,05 pontos percentuais ontem, contra 6,53 pontos percentuais em 21 de setembro, quando foi atingido o maior nível em três meses. A meta de inflação do País é de 4,5 por cento, com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
“A curva toda está caindo”, Ures Folchini, chefe de renda fixa do Banco West LB do Brasil SA, disse em entrevista por telefone de São Paulo. “É possível falar sobre juros na casa de um dígito no começo de 2012.”