Corretoras recomendam ações de exportadoras e educação
Corretoras recomendam ações de empresas que trabalham com grandes níveis de exportação para o segundo mandato de Dilma Rousseff
Da Redação
Publicado em 2 de novembro de 2014 às 09h24.
São Paulo - Entre as ações preferidas das corretoras de valores para o cenário pós-eleitoral despontam alternativas como as de exportadoras de papel e celulose, de carnes e até mesmo da Vale, que tem ficado aquém do avanço da bolsa paulista devido à queda dos preços do minério de ferro na China. Os analistas enxergam ainda empresas de outros setores como ativos interessantes devido à sua capacidade de se beneficiar do cenário econômico do segundo governo Dilma, como algumas empresas de construção e educação.
No caso das exportadoras, a expectativa é de que a receita das companhias dê um salto em função do ganho de faturamento com seus produtos vendidos no exterior, enquanto seus custos se mantêm estáveis. "A depreciação do real é a única certeza que podemos ter independentemente de quem vai assumir o Ministério da Fazenda", diz Raymundo Magliano Neto, presidente da Magliano Corretora.
O Banco Espírito Santo afirmou que vê as exportadoras como principais vencedoras no caso da vitória petista, já que seus analistas esperam que o câmbio fique acima dos atuais R$ 2,50 nesse caso, cita um relatório da instituição. Com esse cenário, os analistas do Besi indicam as ações de Fibria e de Vale, que exportam quase 100% de suas vendas. A equipe de análise cita ainda Minerva e Suzano, que direcionam para o exterior mais de 70% de sua produção total.
Outra sugestão são os papéis de empresas que têm parte de sua receita proveniente de subsidiárias no exterior, caso da JBS. "No cenário de vitória da Dilma, ter subsidiárias no exterior deve ser benéfico, já que a companhia poderá capturar crescimento em outras regiões, compensando a expectativa de taxa de expansão muito baixa ou nula", diz o relatório do Besi.
A Vale, que acumula queda de mais de 25% neste ano, voltou a despertar a atenção dos analistas neste novo cenário. "Espero também uma situação melhor para a Vale, em termos de receita, devido à valorização do dólar, por mais que o preço do minério de ferro esteja em queda", diz Celson Placido, estrategista da XP Investimentos, que também indica empresas do setor de papel e celulose e a Embraer.
A mineradora também foi lembrada pelos analistas do Itaú BBA Pedro Maia e Carlos Constantini, pelo fato de que 60% dos seus custos consolidados estão relacionados à moeda brasileira. "Também enxergamos downside limitado no curto prazo dos preços do minério de ferro, já que grande porcentual da oferta global de minério de ferro não é lucrativo no patamar atual de preço, de aproximadamente US$ 80/ tonelada", diz o relatório do Itaú BBA.
Os estrategistas do UBS, Geoff Dennis e Howard Park, dizem que, caso o cenário seja de manutenção das políticas atuais, os investidores devem dar foco a ações que se beneficiam da desvalorização do real ante o dólar, por exemplo as exportadoras, e defensivas. Essa lista é formada por Embraer, Fibria, Suzano, Braskem, JBS, Brasil Foods, Mahle Metal Leve, Ambev, Souza Cruz, Pão de Açúcar, BB Seguridade, Cetip, Estácio, Kroton, CTEEP, AES Tietê e ALL.
Os analistas do Itaú BBA seguiram essa mesma linha e indicaram, no cenário que o mercado chama "bear" (vendedor), BB Seguridade, Kroton, Suzano, Ultrapar e Vale PNA.
A Embraer também está entre as preferências do Morgan Stanley. Em relatório, o analista Guilherme Paiva afirma que a equipe de pesquisa ajustou a alocação setorial favorecendo os exportadores e algumas companhias focadas no mercado doméstico. Além da fabricante de aeronaves, o Morgan Stanley sugere a Totvs ON e a BR Foods ON.
De forma geral, a recomendação ao investidor do banco americano é de exposição neutra às ações brasileiras. Segundo Paiva, as ações estão operando com um P/L de 11x, ou seja, dentro da média histórica dos últimos 13 anos. "O mercado de ações brasileiro como um todo não está precificado de forma atrativa", escreve o diretor do Morgan Stanley.
Ensino e construção
Outros ativos que podem ter um bom desempenho, na visão dos analistas, são as empresas de ensino e as incorporadoras mais expostas ao programa Minha Casa, Minha Vida, como a MRV e a Direcional, afirma o analista Roberto Indech, da Octo. Sobre a MRV, o Besi afirmou que 65% dos seus lançamentos nos primeiros nove meses deste ano eram elegíveis a enquadramento no programa de habitação. Em 2013, foram 72% dos lançamentos.
No caso das empresas de ensino, existe uma significativa dependência em relação aos incentivos federais para o setor, que devem continuar no segundo governo Dilma, explica Indech.
Apesar da valorização de dois dígitos no ano, as ações da Estácio e da Kroton ainda têm potencial de valorização, na avaliação dos analistas da SLW e da Magliano. "Continuamos recomendando esses papeis porque acreditamos nas duas empresas e porque o setor continuará necessitado de investimentos por muito mais tempo", diz o presidente da Magliano Corretora.
O analista da Ativa Corretora, Lenon Borges, ressalta que os investidores já estão buscando a alocação em papéis defensivos, como do setor de educação, apesar de estes acumularem altas relevantes em um ano - Kroton ON tem ganho de cerca de 99% e Estácio, de 52%. "É esse movimento que já observamos no pregão de hoje", diz Borges.
Setor elétrico
O setor de energia está entre os que mais envolvem incertezas neste momento, com a Aneel propondo que o teto do preço da energia no mercado de curto prazo, o Preço de Liquidação de Diferenças (PLD), seja de R$ 388,04 por megawatt-hora (MWh) a partir de janeiro de 2015, diz o estrategista. Atualmente, esse limite é de R$ 822,83/MWh. Deve-se considerar ainda a possibilidade de racionamento de energia. "O setor de energia passa por tantas incertezas que, no mínimo, deve seguir volátil", afirma Plácido, da XP.
Porém, não é o caso de se desfazer de todos os papéis do setor que o investidor tiver no portfólio. Uma saída indicada pelos analistas Marcos Severine e Henrique Peretti, do JPMorgan é comprar ações boas pagadoras de dividendos, tais como Alupar e Cteep.
São Paulo - Entre as ações preferidas das corretoras de valores para o cenário pós-eleitoral despontam alternativas como as de exportadoras de papel e celulose, de carnes e até mesmo da Vale, que tem ficado aquém do avanço da bolsa paulista devido à queda dos preços do minério de ferro na China. Os analistas enxergam ainda empresas de outros setores como ativos interessantes devido à sua capacidade de se beneficiar do cenário econômico do segundo governo Dilma, como algumas empresas de construção e educação.
No caso das exportadoras, a expectativa é de que a receita das companhias dê um salto em função do ganho de faturamento com seus produtos vendidos no exterior, enquanto seus custos se mantêm estáveis. "A depreciação do real é a única certeza que podemos ter independentemente de quem vai assumir o Ministério da Fazenda", diz Raymundo Magliano Neto, presidente da Magliano Corretora.
O Banco Espírito Santo afirmou que vê as exportadoras como principais vencedoras no caso da vitória petista, já que seus analistas esperam que o câmbio fique acima dos atuais R$ 2,50 nesse caso, cita um relatório da instituição. Com esse cenário, os analistas do Besi indicam as ações de Fibria e de Vale, que exportam quase 100% de suas vendas. A equipe de análise cita ainda Minerva e Suzano, que direcionam para o exterior mais de 70% de sua produção total.
Outra sugestão são os papéis de empresas que têm parte de sua receita proveniente de subsidiárias no exterior, caso da JBS. "No cenário de vitória da Dilma, ter subsidiárias no exterior deve ser benéfico, já que a companhia poderá capturar crescimento em outras regiões, compensando a expectativa de taxa de expansão muito baixa ou nula", diz o relatório do Besi.
A Vale, que acumula queda de mais de 25% neste ano, voltou a despertar a atenção dos analistas neste novo cenário. "Espero também uma situação melhor para a Vale, em termos de receita, devido à valorização do dólar, por mais que o preço do minério de ferro esteja em queda", diz Celson Placido, estrategista da XP Investimentos, que também indica empresas do setor de papel e celulose e a Embraer.
A mineradora também foi lembrada pelos analistas do Itaú BBA Pedro Maia e Carlos Constantini, pelo fato de que 60% dos seus custos consolidados estão relacionados à moeda brasileira. "Também enxergamos downside limitado no curto prazo dos preços do minério de ferro, já que grande porcentual da oferta global de minério de ferro não é lucrativo no patamar atual de preço, de aproximadamente US$ 80/ tonelada", diz o relatório do Itaú BBA.
Os estrategistas do UBS, Geoff Dennis e Howard Park, dizem que, caso o cenário seja de manutenção das políticas atuais, os investidores devem dar foco a ações que se beneficiam da desvalorização do real ante o dólar, por exemplo as exportadoras, e defensivas. Essa lista é formada por Embraer, Fibria, Suzano, Braskem, JBS, Brasil Foods, Mahle Metal Leve, Ambev, Souza Cruz, Pão de Açúcar, BB Seguridade, Cetip, Estácio, Kroton, CTEEP, AES Tietê e ALL.
Os analistas do Itaú BBA seguiram essa mesma linha e indicaram, no cenário que o mercado chama "bear" (vendedor), BB Seguridade, Kroton, Suzano, Ultrapar e Vale PNA.
A Embraer também está entre as preferências do Morgan Stanley. Em relatório, o analista Guilherme Paiva afirma que a equipe de pesquisa ajustou a alocação setorial favorecendo os exportadores e algumas companhias focadas no mercado doméstico. Além da fabricante de aeronaves, o Morgan Stanley sugere a Totvs ON e a BR Foods ON.
De forma geral, a recomendação ao investidor do banco americano é de exposição neutra às ações brasileiras. Segundo Paiva, as ações estão operando com um P/L de 11x, ou seja, dentro da média histórica dos últimos 13 anos. "O mercado de ações brasileiro como um todo não está precificado de forma atrativa", escreve o diretor do Morgan Stanley.
Ensino e construção
Outros ativos que podem ter um bom desempenho, na visão dos analistas, são as empresas de ensino e as incorporadoras mais expostas ao programa Minha Casa, Minha Vida, como a MRV e a Direcional, afirma o analista Roberto Indech, da Octo. Sobre a MRV, o Besi afirmou que 65% dos seus lançamentos nos primeiros nove meses deste ano eram elegíveis a enquadramento no programa de habitação. Em 2013, foram 72% dos lançamentos.
No caso das empresas de ensino, existe uma significativa dependência em relação aos incentivos federais para o setor, que devem continuar no segundo governo Dilma, explica Indech.
Apesar da valorização de dois dígitos no ano, as ações da Estácio e da Kroton ainda têm potencial de valorização, na avaliação dos analistas da SLW e da Magliano. "Continuamos recomendando esses papeis porque acreditamos nas duas empresas e porque o setor continuará necessitado de investimentos por muito mais tempo", diz o presidente da Magliano Corretora.
O analista da Ativa Corretora, Lenon Borges, ressalta que os investidores já estão buscando a alocação em papéis defensivos, como do setor de educação, apesar de estes acumularem altas relevantes em um ano - Kroton ON tem ganho de cerca de 99% e Estácio, de 52%. "É esse movimento que já observamos no pregão de hoje", diz Borges.
Setor elétrico
O setor de energia está entre os que mais envolvem incertezas neste momento, com a Aneel propondo que o teto do preço da energia no mercado de curto prazo, o Preço de Liquidação de Diferenças (PLD), seja de R$ 388,04 por megawatt-hora (MWh) a partir de janeiro de 2015, diz o estrategista. Atualmente, esse limite é de R$ 822,83/MWh. Deve-se considerar ainda a possibilidade de racionamento de energia. "O setor de energia passa por tantas incertezas que, no mínimo, deve seguir volátil", afirma Plácido, da XP.
Porém, não é o caso de se desfazer de todos os papéis do setor que o investidor tiver no portfólio. Uma saída indicada pelos analistas Marcos Severine e Henrique Peretti, do JPMorgan é comprar ações boas pagadoras de dividendos, tais como Alupar e Cteep.