Controladores fazem operação de resgate para Hapvida, que pode colocar R$ 2,1 bi no caixa
Com negócio mais pressionado, empresa vende imóveis para os maiores acionistas e estuda fazer follow-on
Repórter Exame IN
Publicado em 28 de março de 2023 às 09h34.
Última atualização em 28 de março de 2023 às 09h35.
Para tentar contornar os problemas recentes de saúde financeira, a Hapvida (HAPV3) traçou alguns planos e pelo menos duas das soluções encontradas envolvem a Família Pinheiro, maior acionista do negócio.O objetivo é levantar até R$ 2,1 bilhões, passando por venda de imóveis até uma oferta subsequente de ações.
Na segunda-feira, 27, a empresa assinou um documento para venda de dez imóveis que serão alugados por ela própria na sequência, numa operação chamada de sales and leaseback. A Hapvida recebeu seis propostas, mas a da Família Pinheiro foi considerada a melhor e nenhum dos outros investidores quis exercer o direito de igualar ou superar a oferta.
Assim, a empresa vai receber da família R$ 1,25 bilhão e alugar os imóveis por 20 anos, com reajuste anual pelo IPCA e opção de recompra dos imóveis após o 36º ou no 60º mês de locação. O cap rate é de 8,5% ao ano.
Oferta de ações
Além da venda dos imóveis, a empresa contratou o Bank of America, o UBS, o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) e o Itaú BBA para analisar a viabilidade e estruturar uma potencial oferta pública subsequente de ações ordinárias.
A emissão integralmente primária, se realizada, será no limite de seu capital autorizado, que correspondente a 395.207.520 ações. Para isso, a Família Pinheiro, que controla a empresa, se comprometeu a exercer seu direito de prioridade, subscrevendo ações no valor de R$360 milhões.
A empresa diz que as duas operações, "com a expressiva participação da Família Pinheiro", demonstram
seu comprometimento e convicção na resiliência do seu modelo de negócios. "Essa postura da administração evidencia, também, sua visão conservadora em relação à liquidez e endividamento da companhia."
As ações da Hapvida, hoje cotadas a R$ 2,2, acumulam perda de56,30% desde o começo de 2023, com os negócios demonstrando mais fraqueza do que o esperado e a digestão dos ativos comprados sendo mais complexa.
"Se ambos os eventos potenciais fossem considerados, isso implicaria uma posição de caixa substancialmente mais saudável de R$ 3,0 bilhões até o fim de 2023, em comparação com nossa estimativa publicada de R$ 1,0 bilhão", observa a equipe de análise do Goldman Sachs. Também tem potencial de reduzir a alavancagem da companhia.