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“Continuamos acreditando que o governo vai fazer o certo”, diz CEO do Santander

Mario Leão afirma que ruído fiscal vem atrapalhando rendimento dos ativos; acomodação é esperada para os próximos meses

Mario Leão, CEO do Santander Brasil: "Nossa ação merece ter uma valoração diferente" (Santander Brasil/Divulgação)
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 24 de julho de 2024 às 15h15.

Última atualização em 24 de julho de 2024 às 15h19.

Há um mês, o Santander Brasil acompanhou o mercado e diminuiu seu otimismo com os cortes de juros no País. O banco espera uma taxa básica de juros a 10,5% ao final de 2024 – enquanto a expectativa anterior ficava na casa dos 9%.

“Existe uma mudança material em como vemos o cenário macroeconômico se desenvolvendo no segundo semestre”, afirmou Mario Leão, CEO do Santander, em coletiva nesta quarta-feira, 24, para comentar os resultados do banco no último balanço.

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“Isso não quer dizer que não acreditamos na agenda fiscal que o governo vem implementando. Continuamos acreditando que o governo vai fazer o certo.”

Os últimos meses foram de deterioração nas expectativas do mercado, que tem duvidado da meta fiscal de déficit zero defendida pelo executivo. Os ruídos começaram em abril, quando o governo mudou as metas fiscais entre 2025 e 2028 , afetando as expectativas de inflação. O grande temor é que os gastos aumentem sem uma contrapartida de cortes.

O cenário externo também contribuiu. Nos Estados Unidos, a perspectiva de redução de juros também perdeu força, impactando, por tabela, os mercados emergentes e o Brasil. O saldo foi uma pausa no ciclo de corte da Selic, que foi mantida em 10,5% na última reunião, de junho.

“O cenário externo não tem ajudado muito, mas o interno teve peso maior. Isso tem feito o preço dos ativos mexerem além do que deveria”, destacou Leão. Por outro lado, a expectativa é que o movimento perca força. “Esperamos uma acomodação ao longo dos próximos meses.”

Ação do Santander descontada?

Um dos ativos que não estão bem precificados, segundo o CEO, é a própria ação do Santander. Aqui entra não apenas o cenário macroeconômico, mas o apetite do mercado – que ainda não tem mostrado interesse pelo banco mesmo com os últimos dois resultados no positivo.

“Não estou satisfeito com o preço da ação, mas não direciono [a atuação da empresa] por isso. Sei que estou levando a organização para a direção correta e com o tempo, isso vai convergir. Direcionalmente a nossa ação merece ter um nível de valoração diferente”.

Os papéis da empresa operam entre perdas e ganhos nesta quarta-feira, próximo da estabilidade. No ano, as ações acumulam baixa de 11,75%, negociadas na faixa de R$ 28,30.

Balanço no azul e principalidade do cliente

O Santander apresentou um lucro líquido acima das expectativas de mercado, de R$ 3,33 bilhões – alta de 44,3% frente ao ano passado. A rentabilidade medida pelo ROE, por sua vez, foi de 15,5% no trimestre – um ganho de 4,3 pontos percentuais (p.p.) em base anual.

“Nossa rentabilidade cresce até mais rápido que o lucro – o que é um bom sinal. Não é nosso objetivo fim, mas estamos contentes com o progresso. É parte de um ciclo de retomada”, defende Leão.

O Santander vem diversificando o mix do portfólio, e o mais recente passo nessa direção foi o lançamento da oferta free: um pacote com cartão de crédito e conta corrente sem custos, além da gratuidade de saques. “É uma oferta melhor que a de qualquer banco digital.”

A empresa ainda não abre os números da iniciativa lançada há três meses, mas defende que foi parte importante da estratégia do banco em conseguir a principalidade do cliente. Esse critério considera transacionalidade, crédito e investimentos; para o Santander, são necessárias duas dessas verticais para o banco ser o principal do usuário.

O número de clientes que escolheu o Santander como seu banco "número 1" subiu 6% no trimestre e 13% na comparação ano a ano. A empresa ainda não divulga, no entanto, o número exato de clientes ou o quanto a fatia representa dentro de sua base.

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