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Captação com bônus perpétuos faz Brasil liderar entre emergentes

Venda de títulos da General Shopping está ajudando o país a consolidar a posição de maior emissor de dívida no segmento

Empresas brasileiras lideradas pelo Banco do Brasil captaram US$ 2 bilhões com títulos sem vencimento em 2011 (Wikimedia Commons)

Empresas brasileiras lideradas pelo Banco do Brasil captaram US$ 2 bilhões com títulos sem vencimento em 2011 (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 29 de fevereiro de 2012 às 11h00.

Nova York - O plano da General Shopping Brasil SA de vender títulos perpétuos no exterior está ajudando a consolidar a posição do Brasil como o maior emissor de dívida entre os países emergentes.

Empresas brasileiras lideradas pelo Banco do Brasil SA captaram US$ 2 bilhões com títulos sem vencimento neste ano, o maior volume entre os emissores emergentes, segundo dados compilados pela Bloomberg. Desde 1999, as captações brasileiras somam US$ 14 bilhões, ou 40 por cento dos títulos perpétuos emitidos por países emergentes.

O aumento nas captações externas com papéis perpétuos indica que a demanda por títulos mais rentáveis de mercados emergentes está crescendo, disse Alfredo Viegas, diretor- executivo de mercados emergentes da Knight Capital. O Banco do Brasil, maior banco da América Latina em ativos, captou US$ 750 milhões nesta semana ao vender mais dos títulos perpétuos que havia oferecido no mês passado. A nova emissão ocorreu após a taxa dos papéis despencar 90 pontos-base, ou 0,9 ponto percentual, para 8,34 por cento.

“A porta para a festa dos mercados emergentes ainda está completamente escancarada e continuam enchendo o jarro de bebida”, disse Viegas em entrevista por telefone de Greenwich, no estado americano de Connecticut. “Do ponto de vista de uma companhia, emitir títulos perpétuos faz muito sentido uma vez que se tem, relativamente, um volume muito pequeno de risco de refinanciamento sobre um período longo de tempo.”

A taxa dos títulos em dólar para 2041 do governo brasileiro, que têm o mais longo prazo de vencimento entre os papéis desse gênero, caiu 14 pontos-base no último mês, para 4,57 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Reuniões com investidores

A General Shopping, sediada em São Paulo, poderá vender bônus perpétuos depois de uma série de encontros com investidores na Ásia, Europa, América Latina e Estados Unidos a partir de hoje, disse uma pessoa familiarizada com o plano que pediu para não ser identificada porque os termos não foram definidos.

General Shopping negou-se a fazer comentários.

A Fitch Ratings deu classificação de risco B à oferta de US$ 250 milhões em papéis da General Shopping, cinco níveis abaixo do grau de investimento.

A nota da General Shopping “continua refletindo a posição de negócios da empresa como uma das maiores operadoras de shopping centers nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, com participação em 14 shopping centers, geração de fluxo de caixa estável e previsível, alavancagem elevada e liquidez adequada”, disse a Fitch em relatório ontem.


O rendimento dos títulos perpétuos da General Shopping de cupom 10 por cento recuou 17 pontos-base este ano para 9,82 por cento no mercado secundário, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

‘Muito interessante’

A General Shopping pode ter como objetivo uma taxa ao redor de 12 por cento para o novo bônus perpétuo, disse Klaus Spielkamp, operador de renda fixa da Bulltick Capital Markets em Miami.

“É um cupom elevado e isso é muito interessante”, disse Spielkamp em entrevista por telefone. “É uma empresa bem administrada com uma história que tem sido muito bem-sucedida.”

Para Vinicius Pasquarelli, operador de dívida de mercados emergentes na Tradition Asiel Securities, a General Shopping pode ter dificuldades para encontrar demanda pelos papéis se não conseguir atrair investidores asiáticos.

“Investidores asiáticos preferem os bônus perpétuos e eles têm investido no Brasil ultimamente”, disse Pasquarelli em entrevista por telefone de Nova York. A General Shopping “precisa encontrar os tomadores de risco”, disse ele.

Oferta cancelada

A Gol Linhas Aéreas Inteligentes SA, segunda maior do País por valor de mercado, cancelou a venda de US$ 100 milhões em bônus perpétuos em 16 de fevereiro, argumentando em comunicado enviado por e-mail na semana passada que “decidiu esperar por um momento mais favorável”. A Gol retirou a oferta dois dias após a Moody’s Investors Service avisar que poderia rebaixar a classificação de risco B1 da empresa.

A Centrais Elétricas do Pará SA, conhecida como Celpa, pediu concordata por causa da piora da crise financeiro- econômica. Os bônus desabaram 29 pontos para 75 por cento do valor de face, de acordo com o Trace, o sistema de informação de preços de títulos da Autoridade Reguladora da Indústria Financeira.

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