CÂMBIO-Juro na China turbina reação a IOF e dólar sobe 1,3%
(Texto atualizado com mais informações e comentários de mercado) Por Silvio Cascione SÃO PAULO, 19 de outubro (Reuters) - A alta inesperada dos juros na China contribuiu para a intenção do governo brasileiro de frear a queda do dólar ante o real, colocando a moeda norte-americana em alta de mais de 1 por cento no […]
Da Redação
Publicado em 19 de outubro de 2010 às 16h00.
(Texto atualizado com mais informações e comentários de
mercado)
Por Silvio Cascione
SÃO PAULO, 19 de outubro (Reuters) - A alta inesperada dos
juros na China contribuiu para a intenção do governo brasileiro
de frear a queda do dólar ante o real, colocando a moeda
norte-americana em alta de mais de 1 por cento no primeiro dia
de vigência do imposto maior sobre a entrada de capital
estrangeiro para renda fixa.
O dólar subiu 1,26 por cento nesta terça-feira, para
1,687 real. Na máxima do dia, a divisa chegou a ser cotada a
1,700 real, maior nível deste mês.
Na véspera, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, elevou de
4 para 6 por cento a alíquota do Imposto sobre Operações
Financeiras (IOF) em aplicações de estrangeiros em renda fixa.
A mesma taxa foi adotada sobre a conversão de dólares em reais
para depósitos de margem de garantia na bolsa.
Mas, antes de o mercado avaliar o efeito imediato do IOF
maior sobre o dólar, a China surpreendeu analistas ao subir os
juros pela primeira vez desde 2007, em uma tentativa de limitar
as pressões inflacionárias [ID:nN19111216].
"Ele (Mantega) deu sorte", disse o operador de um banco
'dealer', que preferiu não ser identificado, ao comentar a alta
do dólar no mercado internacional --cerca de 1,7 por cento ante
uma cesta com as principais moedas às 16h30.
O próprio ministro saudou a decisão da China de elevar os
juros. O país tem sido criticado em fóruns internacionais por
manter o iuan desvalorizado e, com isso, baratear suas
exportações. "Eles estão colaborando", comentou Mantega.
Foi um roteiro inverso ao de duas semanas atrás. Quando o
governo elevou o IOF de 2 para 4 por cento, a primeira reação
do dólar foi cair. À ocasião, a surpresa foi protagonizada pelo
banco central japonês, que cortou o juro para praticamente
zero.
IOF DEVE PESAR MAIS ADIANTE?
A indiferença do mercado à primeira alta do IOF deste mês
corroborava os cálculos de Tatiana Pinheiro e Alexandre
Schwartsman, ex-diretor do Banco Central, de que a medida tem
efeito inócuo sobre a taxa de câmbio.
"Nossos resultados sugerem que o aumento do imposto sobre a
entrada de capital (e medidas similares) é equivalente a atirar
pedras no meio de uma guerra", escreveram os analistas.
Mas a rapidez com que o governo publicou um novo decreto
para taxar o capital especulativo deixou outros investidores
cautelosos com a possibilidade de que novas medidas ainda sejam
anunciadas. Com políticas menos previsíveis, aumenta o risco e,
consequentemente, diminui a perspectiva de alta do real.
Sandro Serpa, subsecretário de tributação da Receita
Federal, afirmou a jornalistas que "a gente está observando o
mercado, observando a consequência da medida para ver qual a
eficácia dela."
Segundo ele, o Banco Central "vai acompanhar a medida e ver
quais são os próximos passos, se é que haverá próximos
passos."
EXPORTADORES
A breve subida do dólar a 1,70 real atraiu exportadores
para o mercado, afirmou Mario Battistel, gerente de câmbio da
Fair Corretora. "Eles estavam com dinheiro parado lá fora.
Muita gente já aproveitou e vendeu dólar", disse, dando apoio à
visão de outros dois operadores ouvidos pela Reuters.
O volume de operações registradas na clearing (câmara de
compensação) da BM&FBovespa até perto do fechamento era de 3,6
bilhões de dólares, pouco além da média diária do mês.
(Com reportagem adicional de Isabel Versiani em Brasília;
Edição de Daniela Machado)