Câmbio é o menos atrativo para surfar rali do Brasil
Gestor vê a moeda brasileira com espaço limitado para apreciação em razão da perspectiva de alta da taxa de juros nos EUA
Karla Mamona
Publicado em 13 de novembro de 2018 às 15h08.
Última atualização em 13 de novembro de 2018 às 15h08.
(Bloomberg) -- Investidores que desejam aproveitar qualquer ganho adicional dos ativos brasileiros devem colocar o seu dinheiro no mercado de ações ou na curva de juros local, afastando-se do câmbio, na avaliação de Rodrigo Azevedo, sócio da Ibiuna Asset Management.
Ele vê a moeda brasileira com espaço limitado para apreciação em razão da perspectiva de alta da taxa de juros nos EUA, o que fortalecerá o dólar globalmente.
O Ibovespa já subiu 13% neste ano e avançou 4% desde que Jair Bolsonaro emergiu como o favorito na disputa pelo Palácio do Planalto no início de outubro. A vitória do capitão da reserva foi bem vista pelos investidores diante da expectativa de que prevaleça uma agenda reformista e de privatizações.
Para Azevedo, o gatilho para a próxima etapa do rali nos mercados é a aprovação da reforma da Previdência.
"O câmbio é o pior ativo para surfar essa onda bull Brasil", disse em entrevista o sócio da gestora que administra R$ 6,6 bilhões em ativos e está entre as de melhor desempenho do país.
Embora o Ibovespa tenha alcançado nova máxima histórica após a eleição de Bolsonaro, o dólar permanece em torno de R$ 3,70 - uma recuperação em relação aos R$ 4,20 alcançados no início de 2018, mas longe de seus melhores dias (chegou a R$ 3,14 no início deste ano). O dólar caiu cerca de 8% no acumulado do ano e 2% desde o primeiro turno das eleições.
"Pode ir a R$ 3,50? Pode. Mas, se ele for a R$ 3,50, é porque a bolsa subiu muito mais", disse Azevedo.
O fundo da Ibiuna de R$ 3,9 bilhões em carteira registrou retorno anualizado de 17% nos últimos cinco anos e superou 95% de seus pares. Acumula alta de cerca de 13% no último ano.