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CÂMBIO-BC reforça atuação e dólar sobe; tendência longa não muda

Por Nathália Ferreira SÃO PAULO, 14 de janeiro (Reuters) - O dólar operava em alta desde o início dos negócios desta sexta-feira, à medida que o mercado reagia ao leilão de swap cambial reverso que o Banco Central promove nesta sessão. Segundo especialistas, a operação abre uma nova etapa na atuação do governo, retomando as […]

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Da Redação

Publicado em 14 de janeiro de 2011 às 09h35.

Por Nathália Ferreira

SÃO PAULO, 14 de janeiro (Reuters) - O dólar operava em
alta desde o início dos negócios desta sexta-feira, à medida
que o mercado reagia ao leilão de swap cambial reverso que o
Banco Central promove nesta sessão. Segundo especialistas, a
operação abre uma nova etapa na atuação do governo, retomando
as intervenções no mercado futuro de câmbio.

Às 10h35, a moeda norte-americana subia 1,02 por
cento, a 1,686 real.

Ainda que o swap não signifique uma nova tendência para o
dólar no longo prazo, uma vez que o fluxo de ingressos ainda é
expressivo, a operação mostra a intenção clara do Banco Central
de não deixar que a moeda norte-americana caia muito.

"Não acho que a intenção seja de desvalorizar o real, e sim
de não permitir a valorização. Acredito que se o dólar subir
muito, ele deve diminuir o lote, ir regulando de acordo com o
mercado", afirmou Alfredo Barbutti, economista da BGC
Liquidez.

Alguns especialistas acreditam que a operação desta sessão
seja um teste do apetite do mercado para o swap, enquanto
outros já apostam que o swap veio para ficar.

"Se ele ofertar 1 bilhão e o pessoal continuar querendo
mais, ele vai continuar fazendo. Se não houver demanda, a taxa
de câmbio deixou de sofrer pressão forte de valorização e
eventualmente ele pode diminuir", avaliou Barbutti,
acrescentando que o custo da operação não é elevado, caso o
real mantenha-se perto do atual patamar.

Jorge Lima, consultor financeiro da Previbank DTVM, também
acredita que a operação veio para ficar.

"Eu acredito que ele vai continuar fazendo esses leilões
toda vez que o dólar se aproximar de 1,66 (real), 1,65 (real),
o BC deve ter um número na cabeça", afirmou Lima. "Ele mudou o
discurso, sai das ameaças que aconteciam há mais de seis meses
e passa para a ação."

No curto prazo, a tendência é o dólar ganhar algum terreno
frente ao real, conforme os investidores se ajustam às atuações
do governo. Os bancos também enfrentarão recolhimento
compulsório a partir de abril nas posições vendidas excedentes
no mercado à vista, o que leva as instituições financeiras a
reduzirem essas posições nos próximos meses.

Para Mario Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora,
a operação desta sexta-feira ainda é um teste para avaliar o
apetite do mercado.

"Vamos ver o resultado de hoje, o efeito prático disso no
mercado depois e se ele deixará claro a tendência de atuar
forte. Ele vai testar e, se funcionar, ele entra com um pouco
mais de ênfase", afirmou.

LONGO PRAZO

No longo prazo, porém, a tendência ainda é de
desvalorização do dólar, especialmente diante da liquidez
abundante nos mercados internacionais e da taxa de juros
elevada no Brasil, em comparação a outros países.

"Enquanto tiver muito dinheiro entrando por causa da taxa
de juros alta, não vai ter muito jeito, fica essa queda de
braço", comentou Battistel.

Atualmente, a taxa básica está em 10,75 por cento e as
apostas são de elevação de 0,50 ponto porcentual na reunião do
Comitê de Política Monetária na semana que vem.

Lima, da Previbank, lembrou que o fluxo de entrada também é
engrossado por emissões de bancos no exterior e por
investidores estrangeiros de olho na Bovespa.

"O Banco Central tem que fazer essa receita de aumentar o
juro para controlar o processo inflacionário, mas também está
muito preocupado com os exportadores e a indústria",
completou.

OPERAÇÃO DESTA MANHÂ

Serão ofertados três vencimentos: até 3 mil contratos com
prazo para abril de 2011, até 7 mil contratos com vencimento em
julho de 2011 e até 10 mil papéis para janeiro de 2012. A
operação será realizada entre 12h e 12h30, com resultado a
partir das 12h45.

"O swap é um instrumento que pode ser utilizado todo dia,
se for o caso, se o mercado insistir... está claro que ele não
quer que o real se valorize e fica claro que vai ser um
instrumento que estará aí por muito tempo", resumiu Barbutti.

(Edição de Silvio Cascione)

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