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Brasil Capital diz que há ações de qualidade como “verdadeiras barganhas”

Para André Ribeiro, sócio da gestora, questão fiscal preocupa mas segue construtivo com Bolsa; há boas empresas, com "belíssimo resultado", diz

André Ribeiro, sócio da Brasil Capital, diz que mantém visão construtiva para Bolsa (Divulgação/Divulgação)
PB

Paula Barra

Publicado em 30 de outubro de 2020 às 15h09.

Última atualização em 30 de outubro de 2020 às 18h14.

Mesmo com a turbulência dos mercados nos últimos dias, que leva o Ibovespa para a pior semana desde março, quando marcou o fundo do ano, a gestora Brasil Capital segue com cenário construtivo para ações brasileiras. Para André Ribeiro, sócio da gestora, que tem mais de 8 bilhões de reais em ativos sob administração, a parte fiscal do país preocupa, mas o foco tem que ser nas companhias e existem boas empresas no mercado, entregando “belíssimos resultados”.

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Para ele, a crise aumentou a desigualdade corporativa. “Os grandes passaram a ficar ainda mais dominantes e estão com balanços muito líquidos. Os resultados do terceiro trimestre até agora têm surpreendido positivamente”, comenta em entrevista à Exame.

Nesse sentido, ele diz que as empresas de capital aberto, que são as mais fortes nos seus respectivos setores, estão muito capitalizadas e conseguindo aumentar ainda mais esse seu diferencial competitivo frente às pequenas e médias empresas, que têm menos acesso a crédito e a mão de obra de qualidade.

Na sua visão, a recuperação da economia se dá em forma de ‘K’, em que várias empresas sobem muito e parte cai muito. “As grandes empresas mostrando resultados muito positivos, enquanto a pequenas, o varejo pequeno, seguem sofrendo”.

No entanto, nesse meio, dá para aproveitar oportunidades. “Acho que têm empresas de altíssima qualidade que sofrem mais com a economia mais fechada mas que estão como verdadeiras barganhas na Bolsa, como, por exemplo, Yduqs (YDUQ3), que está caindo 50% no ano, ou a própria SulAmérica (SULA11). São empresas que estão muito baratas na nossa visão”, diz.

Além disso, ele aponta que as grandes companhias, líderes em seus segmentos, costumam ir bem em um ambiente mais inflacionário, citando que, embora o Banco Central parece estar tranquilo em manter a taxa de juros baixa, “o fato é que a inflação está alta, com a taxa anual do IGP-M devendo fechar em 20% em 2020, por conta da desvalorização cambial”.

“Entendemos que em um cenário mais inflacionário ter exposição a ativos reais, de empresas geradoras de caixa, faça sentido, ainda mais tendo em vista que o Ibovespa está em 95 mil pontos e a Selic em 2% ao ano, por mais que ainda tenha essa dúvida sobre a questão fiscal”.

Olhando para setores, Ribeiro diz que há uma recuperação e demanda muito forte vindo da construção civil, segmento de materiais de construção, a própria parte de cosméticos e grandes varejistas estão indo muito bem, “até mesmo a parte de varejo de vestuário está operando em patamares superiores ao do ano passado, com a confiança do consumidor tendo voltado muito rapidamente”.

Principais posições

Entre as 20 posições que o fundo da Brasil Capital carrega hoje, as maiores participações estão em Cosan (CSAN3), B3 (B3SA3), Natura, as exportadoras Vale (VALE3) e Suzano (SUZB3) e as empresas com foco digital e e-commerce Mercado Livre, Magazine Luiza (MGLU3) e Locaweb (LWSA3).

Segundo ele, a B3 se beneficia desse cenário de juros baixos e do movimento de equitização, ou seja, popularização do investimento em ações, com a necessidade cada vez maior de sofisticação do investidor para pessoa física. O mesmo ocorre com BTG Pactual e XP, pontua, que também são posições que carrega em carteira.

Já o grupo Cosan, diz Ribeiro, aparece como o maior representante em infraestrutura e Natura por suas operações no Brasil e aposta em social selling - uma espécie de digitalização da venda direta em que as consultoras usam as redes sociais como canal de vendas e divulgação -, ressaltando que a pandemia acelerou o processo de digitalização da companhia.

Onda de IPOs

Em relação à onda de ofertas de ações este ano na B3, Ribeiro comenta que, apesar de pesar nos ativos no curto prazo, é positiva para o mercado, uma vez que são mais insumos para o futuro, mais empresas para analisar.

Das Ofertas Públicas Iniciais (IPO, na sigla em inglês) recentes, ele conta que entraram em duas: na construtora Cury, focada no segmento de baixa renda, apontando que já tinham também no mesmo segmento os papéis da MRV Engenharia (MRVE3); e na varejista esportiva Track & Field (TFCO4).

“Agora, entramos porque são empresas que conhecemos há muito tempo e inseridas em dois mercados que gostamos também, mas são posições pequenas”, pontua.

Segundo ele, não há correria para analisar essas ofertas, mesmo porque a estatística joga contra. “Das 50 operações realizadas este ano (entre IPOs e follow-ons), só 15 estão subindo na Bolsa. Então, para que correr? Melhor olhar com critério ao longo do tempo”, diz Ribeiro.

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