Exame Logo

Bradesco BBI vê risco à política de preços e dividendos da Petrobras (PETR4) e rebaixa ação

Entre os riscos estão possíveis mudanças na política de dividendos e de preços, congelamento de desinvestimentos e alteração na Lei das Estatais

Petrobras: possíveis mudanças com novo governo alteram tese de investimento (Nur Photo/Getty Images)
RB

Raquel Brandão

Publicado em 13 de dezembro de 2022 às 10h17.

Última atualização em 13 de dezembro de 2022 às 10h26.

Na esteira das notícias acerca da Petrobras ( PETR3 / PETR4 ), a equipe do Bradesco BBI resolveu rebaixar a recomendação para a ação da estatal de compra para neutro e fazer um corte generoso no preço-alvo de R$ 53 para R$ 26, considerando a ação preferencial (PETR4) - o preço-alvo do recibo de ações passou de US$ 20 para US$ 10.

"Agora assumimos que a política de dividendos da Petrobras cairá de 60% da diferença do fluxo de caixa das atividades operacionais e dos investimentos para 50% do resultado final, à medida que a Petrobras provavelmente desenvolve projetos em refino e transição energética." O banco diz que o novo preço-alvo deriva de um yield de dividendos de 15% para a Petrobras, com um "prêmio significativo em relação à média da indústria global de 10% (que inclui recompras)".

Veja também

Para os analistas, as ações estão aparentemente baratas se observados alguns pares, mas "não o suficiente". "Vemos a negociação da Petrobras em 2023 a 2,0x EV/EBITDA  [valor da empresa/EBITDA]e 2,5x P/E [Preço/Lucro], um desconto de 35% e 60% em relação ao global que faz a Petrobras parecer barato... no entanto, isso pressupõe paridade de preço de combustível, que pode estar em risco."

Nos riscos principais, escrevem os analistas, estão possíveis mudanças na política de dividendos e de preços, congelamento de desinvestimentos e uma eventual alteração na Lei das Estatais, em vigor desde 2016 e que estabelece regras mais rígidas para a governança de empresas do Estado. Ontem, rumores de que o petista Aloízio Mercadante poderia ser indicado ao comando da Petrobras derrubaram os papéis.

"Se confirmado, isso seria um sinal muito negativo para a governança geral no Brasil, já que a lei das Estatais implementada no governo Temer garante vários pontos de governança, incluindo a nomeação de gerentes com um conselho técnico (apolítico) na Petrobras", escreve a equipe.

O que diz a Lei das Estatais

A legislação que trata da governança nas Estatais proíbe pessoas que tenham participado nos últimos 3 anos de comitê de decisão de partido político ou que tenham participado do planejamento e gestão de partido político de assumir cargos em o conselho de administração nem a administração de uma empresa estatal. Ainda segundo a lei, os acionistas minoritários devem eleger pelo menos 1 membro do conselho ou mais se sua participação permitir devido ao mecanismo de voto múltiplo; e se estiver em vigor o sistema de voto múltiplo, pelo menos 25% do conselho de administração deve ser composto por administradores não executivos.

A lei institui a figura do Comitê de Auditoria Externa que possui autonomia dentro dos limites fixados pela diretoria para conduzir investigações de atividades dentro da companhia e também estabelece regras estritas para licitações de fornecimento e para projetos de engenharia. Órgãos de controle externo e interno das três esferas de governo devem supervisionar as estatais e devem ter acesso irrestrito aos documentos da empresa, incluindo aqueles considerados confidenciais.

Outras opções

A indústria do petróleo desvalorizou significativamente nos últimos 10 anos, com a Shell agora sendo negociada a 3,3x EV/EBITDA e 5,5x P/L, observa o banco. A equipe de analistas argumenta que as empresas que estão intensificando os esforços de transição tendem a negociar em múltiplos de avaliação mais baixos.

Por isso, o banco tem preferência por outros nomes como PetroRio (PRIO3), com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 51, e 3R (RRRP3), remendada para compra com preço-alvo de R$ 103. "São bons nomes para jogar o tema de preços de petróleo mais altos aliados ao crescimento e continuam sendo nossas principais escolhas. O principal risco são as mudanças na tributação do setor, que acreditamos ter diminuído com os preços atuais do petróleo."

Acompanhe tudo sobre:PETR3PETR4Petrobras

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Invest

Mais na Exame