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Bovespa cai pelo 2º dia com Petrobras e cena política

A Bovespa teve seu segundo pregão seguido no vermelho, fechando em leve queda, conforme o quadro político turbulento continuou no foco do mercado


	Bovespa: o Ibovespa caiu 0,11 por cento, a 47.025 pontos
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Bovespa: o Ibovespa caiu 0,11 por cento, a 47.025 pontos (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 21 de outubro de 2015 às 17h24.

São Paulo - A Bovespa teve seu segundo pregão seguido no vermelho nesta quarta-feira, fechando em leve queda, conforme o quadro político turbulento continuou no foco do mercado com a entrega de novo pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, somando-se a preocupações fiscais.

O Ibovespa caiu 0,11 por cento, a 47.025 pontos, pressionado principalmente por Petrobras diante da queda do petróleo no exterior. O giro financeiro do pregão foi de 5,4 bilhões de reais.

Participantes do mercado apontaram um aumento da percepção de risco no mercado brasileiro depois de notícias de que o governo vai mudar a meta fiscal deste ano para reconhecer um déficit primário. Segundo uma fonte do governo com conhecimento do assunto, o déficit primário deste ano pode chegar a 85 bilhões de reais, incluindo o pagamento das "pedaladas fiscais". O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, disse nesta quarta-feira que há expectativa de frustração nas receitas deste ano e que o governo ainda calcula o tamanho do rombo para definir nova meta fiscal até sexta-feira.

Além disso, repercutiu a entrega novo pedido de impeachment contra a presidente Dilma nesta quarta-feira ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

O texto do novo pedido inclui denúncia do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União de que as chamadas pedaladas fiscais, manobra considerada irregular pelo TCU, teriam continuado neste ano.

O economista-chefe da Modalmais, Álvaro Bandeira, destacou que as tensões políticas continuam, com o bate-boca entre Cunha e Dilma e pressões dos líderes contra a política econômica do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. "Como consequência disso, os mercados devem manter forte volatilidade. A agenda fraca do dia no ambiente local e internacional joga luzes sobre a situação e amplia as chances das agências de classificação de risco acelerarem um rebaixamento" da nota de crédito brasileira, disse Bandeira em nota. A temporada de balanços de empresas do Ibovespa no terceiro trimestre começa após o fechamento do mercado nesta quarta-feira, com os números de Natura.

DESTAQUES

=PETROBRAS fechou em queda de 3,73 por cento nas preferenciais e 3,16 por cento nas ações ordinárias, em meio à queda dos preços do petróleo, que tocaram as mínimas de três semanas. A commodity refletiu preocupações sobre o aumento dos estoques nos Estados Unidos, embora uma queda maior que o esperado nos inventários de gasolina e derivados tenha moderado o sentimento baixista do mercado.

=GERDAU registrou alta de 2,64 por cento nas preferenciais, depois do Conselho de Administração da siderúrgica aprovar garantias para a contratação de linha de crédito de até 1 bilhão de dólares.

=VALE avançou 2,72 por cento nas preferenciais, recuperando-se parcialmente do declínio de 5,53 por cento acumulado nos últimos dois pregões. O papel subiu apesar de nova queda do preço do minério de ferro no mercado à vista na China. Um operador atribuiu o comportamento do papel ao possível movimento de investidores que estavam vendidos no papel e embolsaram os ganhos da operação, assim como à possível montagem de posições uma vez que a ação está excessivamente vendida. A mineradora, que anunciou produção recorde de minério de ferro no terceiro trimestre nesta semana, divulga seus números na manhã de quinta-feira.

=EMBRAER subiu 0,57 por cento, tendo anunciado nesta manhã a venda adicional de 19 jatos do modelo E175 à norte-americana SkyWest. O valor da encomenda pode chegar a 843,6 milhões de dólares, com base em preços de lista das aeronaves.

=RUMO ALL perdeu 4,33 por cento, após subir mais de 5 por cento na véspera. Relatório do UBS nesta quarta-feira diz que as operações da empresa devem continuar a melhorar nos próximos trimestres, principalmente com maior eficiência ferroviária e redução de custos. Porém, a pesada dívida e o cronograma de amortização, assim como o mercado de crédito mais restrito e o plano de investimentos ambicioso, acendem o sinal vermelho sobre a necessidade de recursos pela companhia. Os analistas citam a possível necessidade de uma diluição de acionistas para capitalizar a companhia.

=NATURA subiu 0,66 por cento. Analistas esperam queda no lucro da companhia no terceiro trimestre, afetada por mais um período de baixa das vendas no Brasil.

=SABESP perdeu 5,15, uma das maiores quedas do Ibovespa, em meio a altas temperaturas e noticiário sobre a crise de água que atinge São Paulo e que incluem retomada da transposição de água da represa Billings para o Sistema Alto Tietê com apenas 25 por cento da capacidade. A obra chegou a ser embargada pela prefeitura de Ribeirão Pires por ter alagado ruas e imóveis na cidade do ABC paulista.

Texto atualizado às 17h51
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